A teca é uma árvore de crescimento rápido e alta rentabilidade, o que a torna uma escolha atraente para os agricultores e empresários locais
Por Ricardo Padilla de Borbon Neves* – Mato Grosso, um dos estados mais emblemáticos do Brasil, é reconhecido mundialmente por sua vasta extensão territorial, sua agricultura pujante e suas riquezas naturais. Porém, há um recurso muitas vezes negligenciado que merece destaque: a teca. Esta árvore de madeira nobre, originária do Sudeste Asiático, tem encontrado solo fértil em terras mato-grossenses desde que foi introduzida no país nos anos 1970, oferecendo oportunidades significativas de desenvolvimento econômico e sustentabilidade ambiental.
A teca é uma árvore de crescimento rápido e alta rentabilidade, o que a torna uma escolha atraente para os agricultores e empresários locais. Além disso, sua madeira é altamente valorizada no mercado internacional devido à sua durabilidade, resistência e beleza estética.
- Nota: A madeira de reflorestamento Teca é um dos investimentos que chama a atenção de produtores e investidores devido ao seu valor comercial. Atualmente, o preço do metro cúbico de madeira de Teca comercial varia de US$ 400 a US$ 3.000, dependendo de sua qualidade.
Conforme a Embrapa Florestas, a maior parte dos plantios no Brasil se encontra nos estados de Mato Grosso e do Pará. O uso de clones de alto desempenho e o aprimoramento de técnicas de plantio e de manejo têm permitido ao Brasil atingir produtividades acima da média mundial.
Uma das principais vantagens da produção de teca em Mato Grosso é a sua capacidade de sequestro de carbono. Como uma árvore de crescimento rápido, a teca absorve grandes quantidades de dióxido de carbono da atmosfera durante seu ciclo de vida, ajudando a mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, quando a madeira é colhida de forma sustentável e utilizada em produtos de longa duração, como móveis de alta qualidade, ela continua a armazenar carbono, contribuindo para a redução das emissões de gases de efeito estufa.
Além do valor econômico e ambiental, a teca também oferece oportunidades no campo da biomassa. O uso da madeira de teca como fonte de energia renovável tem ganhado destaque, especialmente em tempos em que a transição para fontes de energia limpa é uma prioridade global. A queima de biomassa de teca para gerar eletricidade ou calor pode reduzir significativamente a dependência de combustíveis fósseis e contribuir para a diversificação da matriz energética.
No entanto, é importante abordar os desafios associados à produção de teca em Mato Grosso. O manejo florestal inadequado pode levar à degradação do solo, à perda de biodiversidade e a outros impactos ambientais negativos. Portanto, é fundamental que os produtores adotem práticas sustentáveis, como o plantio em sistemas agroflorestais, a proteção de áreas de conservação e a utilização de técnicas de manejo que promovam a saúde do ecossistema.
A produção de teca em Mato Grosso é uma atividade que alia o desenvolvimento econômico com a sustentabilidade ambiental, pois aproveita o potencial da espécie para a exportação e o uso como biomassa, e ao mesmo tempo contribui para o sequestro de carbono e a conservação dos recursos naturais. A teca é uma espécie que pode trazer benefícios para os produtores rurais, para a sociedade e para o planeta.
Pesquisa desenvolve técnicas para produção de teca em sistemas ILPF
Produtores rurais contam agora com um pacote completo de técnicas de manejo para usar a teca (Tectona grandis) como componente arbóreo em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF). Esse conhecimento se deve, especialmente, ao pioneirismo de produtores como Arno Schneider, de Santo Antônio do Leverger (MT), e Antônio Passos, de Alta Floresta (MT), que apostaram no uso dessa árvore em sistemas silvipastoris antes mesmo de haver informações técnicas ou pesquisas que atestassem sua viabilidade. Os erros e acertos cometidos por eles em cerca de 15 a 20 anos e as pesquisas desenvolvidas na última década possibilitaram a abertura de caminho para novos produtores que pensam em utilizar a espécie florestal em ILPF.
As experiências desses pioneiros, os resultados obtidos por eles e as pesquisas realizadas pela Embrapa Agrossilvipastoril (MT) estão reunidas em um capítulo dedicado ao uso da teca em sistemas ILPF que acaba de ser publicado no livro “Teca (Tectona grandis L. f.) no Brasil”. A publicação reúne, pela primeira vez, recomendações que vão desde o preparo da área para plantio das mudas até a condução das árvores com desbastes e desramas (podas), passando pela definição de espaçamentos e configuração dos renques de árvores.
O trabalho feito pelos pesquisadores da Embrapa Maurel Behling e Flávio Wruck mostra que, ao planejar seu sistema ILPF, o produtor deve definir se utilizará o componente arbóreo como adição ou substituição de renda.
“Em sistemas de ILPF, com foco na pecuária, a implantação de linhas simples facilita o manejo das árvores, exigindo menor demanda de mão de obra. Por outro lado, o sistema pode ser configurado para privilegiar a produção de teca com maior densidade de árvores por área. Nessas configurações, o carro-chefe do sistema passa a ser a teca e pode-se assumir que as perdas de produtividade nos componentes agrícola ou pecuário serão compensadas pelas receitas geradas com as árvores, ou seja, há uma substituição de receitas”, explica Behling.
Ricardo Padilla de Borbon Neves é empresário
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