O faturamento das vendas de máquinas e implementos agrícolas cresceu 63% no primeiro trimestre de 2021; empresas estão com fila de espera para entregar tratores novos
As vendas de tratores e máquinas agrícolas totalizaram 10.855 unidades no primeiro trimestre do ano, alta de 22,26% em relação ao mesmo período de 2020 impulsionada pelo desempenho favorável das commodities no país, afirmou nesta terça-feira a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Somente em março foram comercializadas 4.164 unidades de veículos do segmento, um avanço de 15,47% ante o mês anterior. Na comparação com março do ano passado, o crescimento foi de 11,7%, mostraram os dados.
“O cenário permanece positivo para o agronegócio e, considerando o bom desempenho das commodities, a demanda de tratores e máquinas agrícolas se mantém aquecida”, disse em nota o presidente da federação, Alarico Assumpção Júnior.
O faturamento das vendas de máquinas e implementos agrícolas cresceu 63% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, apesar das dificuldades trazidas pela pandemia à indústria. A informação é do presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos (CSMIA) da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Pedro Estevão Bastos. De janeiro a março de 2021, o segmento vendeu o equivalente a R$ 7,3 bilhões, contra R$ 4,5 bilhões nos mesmos meses em 2020.
Presidente da John Deere: “Não comprem máquinas”
Segundo Bastos, o desempenho reflete a alta das commodities, a valorização consistente do dólar acima dos R$ 5,00, e a capitalização do produtor rural, que não deixou de fazer seus investimentos durante a pandemia. Mesmo com dificuldades com o fornecimento de peças, escalas de trabalho variadas para atender às medidas sanitárias e alto preço de insumos, entre os quais o aço, o dirigente afirma que a produção e as vendas seguiram em alta. “Claro que existem atrasos na entrega das encomendas, mas não houve encolhimento da demanda e não há empresas paradas”, garante.
Indústria de máquinas agrícolas deve crescer 20% em 2021
A indústria brasileira de máquinas agrícolas deve encerrar o ano de 2021 com um faturamento 20% maior que o de 2020. “O mercado (de máquinas agrícolas) vai continuar aquecido enquanto os fundamentos durarem, que é o real desvalorizado frente ao dólar e commodities com preço alto, e deve continuar em 2022 a todo vapor”, disse o executivo.
No primeiro trimestre, salienta Bastos, as entregas de maquinário foram 60% maiores que no mesmo período em 2020, mesmo com atrasos por conta, principalmente, de falta de peças. De janeiro a março, o segmento cresceu 72% em comparação com o mesmo intervalo no ano passado, com um faturamento médio mensal de R$ 2,4 bilhões.
“A hipótese é que chegamos ao máximo da capacidade da indústria. Se continuarmos nesse ritmo bastante intenso, a previsão é que teremos um aumenta em 20% no faturamento do ano, que é muito bom. Ano passado aumentamos 18% e mais 20% neste ano, para a indústria é um número fenomenal”, afirma.
Qualidade das máquinas e acompanhamento
Com esse crescimento do mercado e a presença cada vez maior de máquinas e implementos nas atividades agrícolas no Brasil, a necessidade de pessoas aptas a operar esses equipamentos se torna ainda mais importante. “Operar uma máquina agrícola, como os tratores, requer conhecimento técnico para manuseio dos comandos, rapidez para tomadas de decisão e capacidade para assimilar os recursos oferecidos pelo equipamento. É indispensável conhecer para saber fazer”, explica o Coordenador de Pós-vendas da Agritech, Everton Fabiano Rodrigues.
Desde o preparo do solo até a colheita, passando pelo plantio e crescimento das culturas, os equipamentos estão presentes em todas as etapas da atividade agrícola. A correta utilização das máquinas ajudará o produtor a reduzir o custo de operação e aumentar a sua produtividade. “Além de apresentar os itens e procedimentos, a Entrega Técnica também mostra como as máquinas e implementos devem ser utilizados para a realidade do campo, como, por exemplo, o arco que na pulverização passa de alto para baixo, e no deslocamento em que o operador deverá ter a atenção de retornar ao modo inicial”, conta o Coordenador de Pós-vendas da Agritech.
Venda de maquinário agrícola usado dispara
Entre os meses de janeiro e abril, o MF Rural observou uma procura acima do comum por tratores, colheitadeiras e outros maquinários usados em sua plataforma de marketplace dedicada ao homem do campo. Na comparação com o mesmo período de 2020, em volume, o crescimento é estimado em 70%. Dentre os produtos com melhor desempenho, peças de reposição, aditivos e acessórios registraram um aumento de quase cinco vezes no volume de vendas; o comércio de colheitadeiras e colhedoras teve elevação de 130%; implementos agrícolas, 117,71%, máquinas e equipamentos, 77,78%; máquinas pesadas, 75,68%; carrocerias e furgões, 50%; e caminhões, 42,86%.
Cinco concessionárias de tratores informaram à MF Rural que os prazos de entrega saíram de 20 para 90 dias, alegando atrasos na entrega de aço, ferro e borracha, reprogramação confirmada também pela Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (CSMI), comandada pela Associação Brasileira de Máquinas Agrícolas (ABIMAQ).
Segundo a entidade, mesmo que em menor escala, a percepção de desabastecimento dos estoques de aço, visto a partir de junho de 2020, ainda persiste, impactando os prazos de entrega de maquinários agrícolas, em decorrência da escassez de matérias-primas como chapas e tubos, além de componentes que levam a liga metálica na sua composição.