Estas alterações de tipo e quantidade de alimentos e o consequente estresse alimentar podem influenciar negativamente na composição da microbiota ruminal.
Durante os estágios da lactação de vacas leiteiras, diferentes quantidades de nutrientes e matéria seca são necessários para manutenção do escore corporal e produção leiteira.
Na fase seca, nos cerca de 60 dias pré-parto, elas são alimentadas com rações ricas em fibras e de menor densidade energética. Já durante a lactação, a proporção de fibra costuma ser reduzida pela metade, a densidade energética aumentada em até 25% (NRC, 2001) e o volume de ração ingerida é o dobro em relação às vacas secas (BACH et al., 2019).
Estas alterações de tipo e quantidade de alimentos e o consequente estresse alimentar podem influenciar negativamente na composição da microbiota ruminal (FERNANDO et al., 2010).
Dessa forma, o gado leiteiro pode desenvolver doenças metabólicas, como a Acidose Ruminal Subclínica (SARA), devido à redução do pH ruminal, proporção de acetato/propionato e aumento da concentração de ácidos graxos voláteis (MAO et al., 2013).
Como consequência da SARA, a saúde ruminal, assim como o desempenho, digestibilidade e a fertilidade podem ser afetados (STONE, 2004). Estes problemas podem ser prevenidos e reduzidos por meio da suplementação da dieta do gado leiteiro com a levedura Saccharomyces cerevisiae na forma viável, que tem influencia positiva no pH ruminal, na população microbiana e na fermentação das fibras (TERRÉ et al., 2015).
Estudos mostram que a utilização de levedura S. cerevisiae e produtos com levedura viva como suplemento animal aumentam a eficiência alimentar, digestibilidade e o desempenho, além de reduzir o número de bactérias patogênicas e melhorar a imunidade do gado leiteiro (DIAS et al., 2018).
A S. cerevisiae é um microrganismo rico em proteínas, vitaminas, minerais, como magnésio, zinco e selênio, mananas, quitina e glucanas (MARSON et al., 2020). Devido às condições naturais do rúmen, como pH ácido, enzimas e presença de outros microrganismos, é necessário o emprego de tecnologias de proteção da S. cerevisiae, que garantam a sua viabilidade e, consequentemente, os seus efeitos benéficos ao gado leiteiro (STONE, 2004).
O encapsulamento é o processo no qual componentes bioativos, como microrganismos, são revestidos com agentes encapsulantes ou materiais de parede, protegendo-os de condições adversas de processamento, armazenamento e aplicação, tais como temperaturas extremas, elevada umidade, e níveis de oxigênio.
Além disso, possibilita a liberação controlada do microrganismo no trato gastrointestinal animal. Entre as diferentes tecnologias de encapsulamento, se destaca a de spray drying, considerando o custo-benefício e a viabilidade de scale up (DI BATTISTA et al., 2017; OZKAN et al., 2019).
A otimização dos parâmetros do processo do spray dryer, tais como temperatura do ar de entrada e vazão de alimentação, possibilita valores elevados de rendimento e eficiência de encapsulamento. Além disso, outro fator relevante é a escolha adequada dos materiais de parede, sendo que os mais utilizados são amido, maltodextrina, gelatina, gomas, soro de queijo, caseína, e proteínas de soja (ASSADPOUR, JAFARI, 2019).
Nesse contexto, Chandralekha et al. (2016) encapsularam S. cerevisiae por spray drying utilizando whey protein e amido de milho como agentes encapsulantes, e verificaram uma redução de apenas 3% na viabilidade da levedura encapsulada, após 30 dias de armazenamento, enquanto a levedura liofilizada (amostra controle), nas mesmas condições, apresentou uma redução de aproximadamente 40%.
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Dessa forma, a utilização da levedura S. cerevisiae encapsulada por spray drying, como suplemento na ração do gado leiteiro vai ao encontro dos interesses das indústrias de insumos para alimentação animal e dos produtores de leite, visto que é um produto de elevado valor nutricional, de fácil armazenamento e transporte, e que confere benefícios ao metabolismo animal.
Fonte: MilkPoint
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