Animais, do Grupo Adir, abatidos aos quinze meses de idade é prova cabal de que é possível tornar a raça Nelore precoce, antes vista como tardia.
A evolução genética do rebanho bovino que sustenta a atividade pecuária do Brasil tem, na raça Nelore, um de seus melhores exemplos de sucesso. Durante décadas, a identificação de animais superiores foi feita exclusivamente com base em caracterização racial, depois com a chegada dos índices tornaram os números mais importantes que a raça. O que podemos afirmar com toda certeza, é que a raça Nelore resistiu a todos os intempéries, e hoje continua sendo base de rebanho, e a melhor raça de corte brasileira.
De fato a raça evoluiu, e esse progresso tem centenas de mãos de pecuaristas por todo o Brasil. Antes tida como tardia, a raça passou por transformações e hoje entrega animais extremamente precoces, batendo de frente com a precocidade das raças taurinas. A prova de que a raça era considerada tardia está na literatura, é fácil observar indicações de emprenhá-las entre os 25 e 30 meses, enquanto as taurinas entre 12 e 18 meses.
Hoje, já podemos constatar um outro cenário, em várias fazendas os pecuaristas tem desafiado novilhas da raça Nelore aos 13, 14 meses de idade e alcançando bons índices de fertilidade, as chamadas precocinhas.
O Médico Veterinário Leonardo Souza, do Programa Qualitas, diz que é imprescindível diminuir a quantidade de animais improdutivos. A única maneira de melhorar esta relação é colocando as novilhas em reprodução aos 14 meses de idade. Os desafios para alcançar este objetivo são genéticos e nutricionais. Geneticamente, as bezerras devem apresentar precocidade sexual para iniciar a vida reprodutiva aos 14 meses e, ganhar peso suficiente para atingir 80,0% do peso adulto no momento do parto, aos 24 meses (400 kg para uma vaca de 500 kg).
Abate técnico de tourinhos da raça Nelore
O Grupo Adir, divulgou em suas redes sociais um abate técnico realizado no começo deste ano que comprovou que é possível abater animais da raça Nelore extremamente precoces, aos 15 meses, e ter qualidade de carne. Foram abatidos dezesseis animais, inteiros, terminados em confinamento, com peso vivo (médio) sem jejum de 490kg (18,8@), a carcaça pesou 281,72 kg (rendimento de carcaça de 57,61%). No quesito maturidade fisiológica foi possível constatar, através da dentição, que 100% das carcaças eram de animais muito jovens, estando presente apenas a primeira dentição.
Segundo o Prof. Sérgio Pflanzer, responsável pela avaliação das carcaças, a conformação das carcaças foi muito padronizada, isso trará vantagens para a indústria pois considera que irá melhorar a padronização dos tamanhos dos cortes, atendimento de mercados específicos e melhor utilização da mão de obra.
As carcaças apresentaram uma musculosidade regular, com boa relação carne x osso, a gordura estava bem distribuída pelo contrafilé e alcatra. A cobertura de gordura, que é a principal característica que agrega valor as carcaças, apresentou 50% com o acabamento mediano e 50% escasso. Foi possível verificar também que as carcaças do projeto apresentam maior AOL do que o esperado para o mesmo peso.
Confira um resumo das conclusões do Prof. Sérgio
- Carcaças de animais muito jovens, todos dente de leite, com menos de 16 meses;
- Carcaças com bom peso para a idade, com média de 281,7kg ou 18,8@;
- Carcaças homogêneas e boa cobertura de gordura;
- Carcaças com bom desenvolvimento muscular melhor que o esperado para o peso (maior AOL), o que implica em melhor rendimento de desossa;
- Carcaças com rendimento de desossa em CAT de 75% e CCB de 65%.
Para ter acesso à análise completa, é só clicar aqui e fazer o download.