Suinocultura paranaense dividida em duas realidades

Levantamento dos custos de produção realizado pelo Sistema FAEP/SENAR-PR aponta cenários diferentes entre produtores independentes e integrados.

O levantamento dos custos de produção realizado pelo Sistema FAEP/SENAR-PR, em novembro, revelou que a suinocultura paranaense passa por um período de recuperação, mas com duas realidades bem diferentes, de acordo com a fase de produção. Os pecuaristas independentes ou cooperados – que se dedicam ao ciclo completo da cadeia – vivem um ótimo momento, com queda dos custos de produção e aumento da receita. Por sua vez, os suinocultores integrados permanecem sob alerta: a remuneração que recebem das agroindústrias permite cobrir os gastos operacionais das granjas, mas, no médio e longo prazos, enfrentarão dificuldades de se manter na atividade. Os dados retratam a conjuntura das regiões Sudoeste e Oeste do Paraná.

No ciclo completo, o custo de produção recuou 0,44% em relação ao levantamento anterior, realizado em junho deste ano. Paralelamente, esses produtores independentes conseguiram comercializar o quilo de suíno vivo, em média, a um preço 6,5% maior. Nas contas deste sistema produtivo, o saldo de custo total (sobra ao suinocultor, após pagar os custos de operação, a depreciação das máquinas e equipamentos e a remuneração do capital investido) ficou em R$ 0,64 por quilo de animal produzido: quase o dobro em comparação com o primeiro semestre.

“Dentre todas as fases de produção, o produtor obteve melhor rentabilidade no ciclo completo”, resume Nicolle Wilsek, técnica do Departamento Técnico (Detec) do Sistema FAEP/SENAR-PR, que acompanha a cadeia da suinocultura. “Esse desempenho positivo se deve a uma série de fatores, principalmente pela queda dos custos e melhora na rentabilidade direta do produtor. É um sistema de produção em que o produtor pôde aproveitar a conjuntura positiva da suinocultura”, analisa Luiz Eliezer Ferreira, técnico do Departamento Técnico Econômico (DTE) do Sistema FAEP/ SENAR-PR.

Em regra, os produtores independentes conseguem surfar no bom momento da atividade por conta das particularidades deste modo produtivo. Como, além de serem donos do plantel e das instalações, eles também são responsáveis pela comercialização dos animais. Ou seja, conseguem se favorecer de forma mais direta em períodos de demanda aquecida, obtendo um preço melhor pelo produto. Em contrapartida, não têm garantias de que sua produção será absorvida em períodos de oscilação de mercado – como o que ocorre com os produtores integrados.

Alerta na integração

Nas diversas fases da integração, os suinocultores tiveram, de modo geral, um respiro, com um cenário menos duro em relação ao apontado no levantamento anterior. É o que ocorreu, por exemplo, na fase crechário, na região Sudoeste. Os custos de produção tiveram queda significativa de 3% e os produtores receberam 7% a mais pelo quilo do suíno. Ainda assim, o saldo do custo total continuou no vermelho. Nas unidades produtoras de leitão (UPLs) gerenciadas em regime de comodato, nas regiões Oeste e Sudoeste, o movimento foi parecido: redução de custos e aumento de receita, mas com a atividade ainda em saldo negativo.

“Apesar da melhora em comparação ao primeiro semestre e apesar do bom momento do setor, o produtor dessas fases não consegue cobrir todos os seus custos. No médio prazo, ele pode ter dificuldade para se manter na atividade. Realmente, é um sinal amarelo que se acende”, observa Ferreira.

Nas unidades produtoras de leitões desmamados (UPDs) gerenciados em regime de comodato os resultados também foram negativos, tanto no Sudoeste quanto no Oeste. O saldo dos custos variáveis, em ambas as regiões, foi positivo, mas em patamares inferiores aos do primeiro semestre. Por isso, o saldo do custo total ficou ainda mais negativo.

Em outras fases da integração, a tendência foi de início de reversão do cenário negativo registrado no início do ano. Boa parte deste movimento se deve à redução dos custos de produção. Nas Unidades Produtoras de Terminação (UPT) em regime de comodato, o peso da mão de obra caiu 53% e o da manutenção, 63%. Com isso, o saldo dos custos variáveis saiu do vermelho. O saldo de custos total continua no negativo, mas em um índice muito menor em relação ao primeiro semestre, o que indica uma tomada de fôlego para este setor.

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