O manejo adequado dos leitões na maternidade é crucial para evitar problemas de saúde e assegurar um desenvolvimento adequado dos suínos
Por Vários Autores* – Os suínos reprodutores são mantidos para garantir a reprodução controlada. A seleção de matrizes de alta prolificidade é crucial para aumentar o número de leitões nascidos por ninhada, o que contribui diretamente para a eficiência reprodutiva. Sendo assim, matrizes são transferidas para a área de maternidade três a cinco dias antes do parto, são fornecidas condições ideais para a amamentação e cuidados iniciais dos leitões o ambiente é controlado para promover o bem-estar dos animais e reduzir o risco de doenças. Os leitões após o desmame, são transferidos para a fase de creche, nesse estágio recebem alimentação específica para garantir um crescimento saudável. O manejo adequado nesta fase é crucial para evitar problemas de saúde e assegurar um desenvolvimento adequado dos suínos (COSTA et al., 2019).
Estratégias de manejo sanitário, nutricional e genético e são implementadas para otimizar a produção, a suinocultura intensiva tem como objetivo maximizar a eficiência produtiva, minimizar perdas e garantir o bem-estar dos animais isso é fundamental para atender a demanda crescente por produtos suínos na indústria alimentícia, a seleção genética para aumentar a prolificidade nas fêmeas suínas pode, de fato, resultar em leitegadas maiores, o que, por sua vez, pode levar a leitões com menor peso ao nascer, isso pode ter implicações diretas na taxa de sobrevivência e saúde dos leitões, especialmente durante a fase de maternidade, leitões com menor peso ao nascer geralmente enfrentam desafios relacionados ao desenvolvimento inicial, competição por acesso à alimentação e podem ter maior susceptibilidade a doenças (COELHO et al., 2015).
Além disso, a porca pode ter dificuldades em fornecer cuidados adequados a uma grande ninhada, como garantir que todos os leitões recebam colostro suficiente nos primeiros dias de vida. Para mitigar esses desafios, os produtores precisam adotar estratégias específicas, tais como: no manejo nutricional, fornecer uma dieta balanceada para as fêmeas gestantes e lactantes, assegurando que recebam os nutrientes necessários para suportar uma prole maior; no manejo sanitário, implementar boas práticas de biossegurança para prevenir doenças que podem afetar a saúde dos leitões, especialmente os mais frágeis e no controle veterinário, realizar monitoramento regular da saúde dos suínos para identificar precocemente qualquer problema e implementar medidas corretivas (COSTA et al., 2019).
Em alguns casos, pode ser necessário fornecer suplementação adicional para leitões mais fracos e adotar práticas que permitam monitorar e cuidar individualmente de leitões com necessidades especiais, é um equilíbrio delicado entre maximizar a prolificidade e garantir a saúde e bem-estar dos leitões, o manejo eficaz e personalizado é essencial para garantir que os benefícios da seleção genética não sejam comprometidos por desafios de manejo ou saúde. A alocação de matrizes em baias individuais durante aproximadamente 21 dias após o parto é uma prática comum para proporcionar um ambiente controlado, onde a matriz pode cuidar adequadamente da ninhada, durante esse tempo, os leitões dependem fortemente do leite materno para atender às necessidades nutricionais e imunológicas (PINHEIRO et al., 2014).
A alta taxa de mortalidade nos primeiros sete dias de vida dos leitões é uma preocupação comum e pode ser influenciada por vários fatores, colostragem, manejo nutricional, condições ambientais, prevenção de doenças, supervisão e monitoramento, termorregulação, atividade motora, prevenção de esmagamento e monitoramento da saúde. Uma vigilância constante da saúde dos leitões é crucial para identificar rapidamente leitões doentes ou fracos e fornecer cuidados adicionais para ajudar a reduzir a incidência de doenças e melhorar a taxa de sobrevivência, além disso, a coleta de dados ao longo do tempo e a análise contínua são essenciais para avaliar a eficácia das medidas corretivas e realizar ajustes conforme necessário. A busca por soluções personalizadas para a situação específica de uma instalação suína é crucial para otimizar a eficiência e bem-estar dos animais, destaca-se a importância de identificar e compreender essas causas para que medidas corretivas possam ser implementadas, o manejo corretivo pode incluir ajustes nas práticas de alimentação, condições ambientais, treinamento de pessoal, e modificações nas instalações para reduzir as taxas de mortalidade (AIRES et al., 2014).
Do nascimento ao desmame os leitões são chamados de lactentes, tendo como principal fonte de nutrição o leite materno, que será fornecido por cerca de 21 a 28 dias em nível industrial ou até que atinja peso ideal para ser transferido à fase de creche. Os leitões nascem praticamente sem imunidade contra microrganismos patogênicos existentes no meio ambiente, logo, a ingestão de colostro nas primeiras horas de vida é importante para ampliar as chances de sobrevivência, pois fornece ao animal altas concentrações de imunoglobulinas que proporcionará imunidade passiva, além de proporcionar energia através de proteínas, gorduras e carboidratos, auxiliando no metabolismo fisiológico do recém-nascido. Os leitões nascem neurologicamente bem desenvolvidos, mas fisiologicamente imaturos, com apenas 1% a 2% de gordura, sendo, principalmente estrutural, o que faz com que ele tenha apenas a glicose catabolizada de glicogênio hepático como principal fonte de energia, suficiente apenas para suprir o requerimento energético das primeiras 15 a 20 horas de vida. Logo, a permanência da porca junto ao leitão, por mais limitada que seja, é fundamental para que ocorra a ingestão da quantidade suficiente de leite para suprir as necessidades fisiológicas do animal e promover calor (MAGNABOSCO et al., 2014).
Mão-de-obra na maternidade
A execução correta dos procedimentos torna-se crucial em sistemas intensivos, onde a eficiência operacional está diretamente ligada aos resultados obtidos, isso inclui práticas de manejo, nutrição, saúde animal e controle ambiental, a busca pela consistência nos resultados é fundamental não apenas para atender às demandas do mercado, mas também para garantir a sustentabilidade da produção a longo prazo. A mão-de-obra especializada em todos os setores da suinocultura se faz necessária, pois deve ser realizado o manejo diário dos animais tais como limpar as baias, fornecer alimentação (quando esta é manual), além da observação geral dos animais, ou seja, conferir se algum animal apresenta comportamento anômalo, podendo ser resultado de doenças, brigas ou outros fatores durante a fase de maternidade, muitos são os manejos realizados, onde o funcionário deve, logo após o nascimento, limpar e enxugar os leitões, higienizar e amarrar o cordão umbilical para que não ocorram infecções, auxiliá-los (se necessário) na ingestão do colostro, fornecer suplemento à base de ferro para prevenir anemia, desgastar dentes, auxiliar o leitão no uso do abrigo escamoteador, que deve estar limpo, seco e com temperatura controlada entre 28°C e 30°C (MACHADO et al. , 2014).
O sistema de produtor de leitão (SPL) é o segmento que apresenta a maior demanda de mão-de-obra em comparação com outras atividades da cadeia de produção, proporcionalmente ao número de animais alojados, a escassez recente de mão-de-obra qualificada tem afetado significativamente esse setor para lidar com essa escassez e garantir a eficiência e bem-estar dos animais, pode ser crucial investir em treinamento e capacitação de trabalhadores, bem como explorar tecnologias inovadoras que possam otimizar o manejo eoperação do SPL. O uso de automação, sensores e outras tecnologias pode contribuir para reduzir a dependência da mão-de-obra e melhorar a produtividade, dessa forma é importante que as partes interessadas, incluindo produtores, especialistas em agricultura e governos, trabalhem em conjunto para abordar questões relacionadas à mão-de-obra e promover práticas sustentáveis na produção de leitões. É interessante observar como a produção de suínos no Brasil passou por uma expansão significativa nos últimos anos, com aumento na capacidade de alojamento nas granjas (KUMMER et al., 2013).
A intensificação dos modelos de criação também destaca a busca por maior eficiência na produção. O fato de o Brasil ocupar a quarta posição no ranking mundial de exportação, considerando a União Europeia como um único país, é um indicativo do sucesso e da competitividade do setor suinícola brasileiro no mercado global, a inovação e a adoção de tecnologias avançadas podem desempenhar papel crucial, isso pode incluir o uso de sistemas de monitoramento remoto, automação, inteligência artificial e outras soluções tecnológicas que ajudam a otimizar a produção, melhorar a eficiência e garantir a qualidade do produto final. A atenção à sustentabilidade e boas práticas agrícolas é essencial para atender às demandas crescentes por produtos de origem animal produzidos de maneira responsável e ética. A busca pela excelência na execução dos procedimentos, aliada à inovação e sustentabilidade é vital para manter a competitividade da produção de suínos no Brasil no cenário global. O impacto significativo da mão-de-obra nos custos totais, representando de 10% a 15% do custo de produção, ressalta a importância da retenção e qualificação da equipe como fatores-chave (FARIA et al., 2019).
A rotatividade de funcionários por outro lado é apontada como desafio significativo, a saída e entrada constante de colaboradores não apenas gera custos diretos associados a rescisões, admissões, integração e treinamento, mas também pode impactar negativamente a motivação da equipe e a qualidade dos serviços, e como resultado, funcionários recém-contratados podem levar um tempo considerável para se adaptarem completamente aos processos e rotinas da granja, o que pode afetar a eficiência operacional. É importante investir em programas de retenção de talentos e capacitação contínua, um ambiente de trabalho saudável pode ajudar a mitigar a rotatividade, promovendo um ambiente onde os funcionários se sintam valorizados e motivados, além disso, estratégias para transferência de conhecimento entre funcionários mais experientes e novos membros da equipe podem ser implementadas para preservar e disseminar o know how necessário. Para as operações da granja a gestão eficiente da mão-de-obra é essencial não apenas para reduzir custos, mas também para manter níveis consistentes de qualidade e eficiência na produção de leitões (PIVA et al., 2013).
Alternativas para redução da mortalidade na maternidade
Desafio comum na produção de leitões, especialmente com o aumento da hiperprolificidade e modernização da suinocultura a insuficiência de tetas em relação ao número de leitões nascidos pode levar à necessidade de realocação dos leitões, seja por serem órfãos, excedentes ou devido a problemas na produção de leite ou problemas de saúde da mãe biológica. O uso de mães de leite para realocar esses leitões é uma prática importante para garantir o cuidado adequado e o desenvolvimento saudável dos suínos, a transferência após 12 horas, está alinhada com a necessidade de os leitões receberem o colostro da mãe biológica. Durante esse período o colostro é crucial para fornecer imunidade passiva, uma vez que contém anticorpos essenciais para proteger os leitões contra diversas doenças. Nos estágios iniciais de suas vidas a prática de transferência de leitões para mães de leite requer habilidade e cuidado para garantir que os leitões se adaptem bem às novas mães e recebam nutrição adequada. Além disso, é importante monitorar a saúde das mães adotivas para garantir que possam atender às demandas adicionais dos leitões (CESERO, 2020).
Essa estratégia destaca a importância da adaptação e flexibilidade na suinocultura moderna para enfrentar os desafios associados à produção de leitões em grande escala. A busca contínua por práticas e tecnologias inovadoras pode contribuir para otimizar esses processos e garantir a saúde e bem-estar dos animais. Para minimizar as causas mais comuns de mortalidade de leitões no período em que estão na maternidade é de suma importância entender a fisiologia, características comportamentais e outros fatores relacionados ao leitão lactente. As glândulas mamárias da matriz suína são divididas em peitorais, intermediárias e inguinais, ocorrendo diferença na produção de leite, onde o leite com melhor característica nutricional é produzido nas glândulas peitorais, ou seja, é mais açucarado, gorduroso e abundante. Logo, é possível evitar que ocorra desigualdade no desenvolvimento dos leitões, colocando os leitões mais fracos para mamarem primeiro, sozinhos e nos tetos anteriores. Este procedimento pode ser realizado durante os primeiros três a cinco dias, período em que o leitão define em qual teto irá mamar até ser desmamado (CASTRO et al. , 2015).
A uniformização da leitegada é uma prática comum na suinocultura para minimizar as disparidades de tamanho e peso entre os leitões recém-nascidos. Após o nascimento, é possível separar os leitões em grupos com base no tamanho e peso, isso pode ser feito nas primeiras horas de vida, permitindo a criação de lotes mais homogêneos. Nesse sentido, monitorar a alimentação dos leitões e fornecer assistência quando necessário pode ajudar a garantir que todos recebam a quantidade adequada de colostro e leite, isso é especialmente importante para leitões menores, que podem ter dificuldade em competir com os irmãos maiores. Garantir que o ambiente de criação seja adequado para todos os leitões, independentemente do tamanho é crucial, e inclui temperatura ambiente adequada, espaço suficiente para movimentação e áreas de descanso. Deve-se realizar verificações regulares para avaliar o crescimento e o desenvolvimento dos leitões se necessário ajuste o manejo conforme eles crescem. Para garantir uma distribuição homogênea garanta que a porca esteja saudável e seja capaz de fornecer cuidados adequados a todos os leitões, isso pode incluir práticas de manejo, como garantir que todos tenham acesso à teta e que a porca não seja excessivamente agressiva com os leitões menores. Lembre-se de que, para implementar com sucesso práticas de uniformização da leitegada é essencial contar com a orientação de profissionais da área, cada situação pode exigir abordagens específicas com base nas condições locais e nas características da criação (ABCS, 2014).
*Autores: Marciel Oliveira dos Santos, Pedro Paulo Alves Pinheiro, Gabriella de Oliveira Nascimento, Marco Antônio Pereira Silva – Referências com os autores*
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.