“Uma safra recorde tem espaço para ser acompanhada também de um crescimento da demanda, com destaque para as exportações.”
A produção de soja do Brasil no ciclo 2022/23 foi estimada nesta quinta-feira em uma máxima histórica de 153,6 milhões de toneladas, pouco mais de 1 milhão acima do primeiro número divulgado pela StoneX, em agosto, conforme relatório.
Em sua revisão de setembro, a consultoria reportou ajustes na produtividade esperada para alguns Estados, como Goiás e Maranhão, Tocantins, Piauí e Pará.
“Uma safra recorde tem espaço para ser acompanhada também de um crescimento da demanda, com destaque para as exportações, que poderiam atingir 100 milhões de toneladas”, disse a especialista de Inteligência de Mercado da StoneX, Ana Luiza Lodi, mantendo projeção de embarques ao exterior divulgada no mês passado.
Segundo a analista, esse nível de produção abriria espaço para estoques um pouco mais elevados, estimados em 7,48 milhões de toneladas.
Ainda que a semeadura não tenha começado, a maior preocupação é com o clima, uma vez que o fenômeno La Niña poderá ocorrer pelo terceiro ano consecutivo, afetando o regime de chuvas, como houve no Sul do Brasil no ciclo anterior, reduzindo a produção total do país.
A safra passada somou 127,2 milhões de toneladas, segundo números da StoneX.
Além de o volume de precipitações tender a diminuir no Sul, em períodos de La Niña, a possibilidade de uma demora na regularização das chuvas também preocupa. Um atraso na volta das precipitações pode resultar em atrasos no plantio.
“Com o plantio ainda não iniciado, ainda podem ocorrer muitas mudanças no balanço da soja, tanto pelo lado da oferta, quanto da demanda”, alertou a especialista.
Milho
A StoneX reduziu sua expectativa de produção de milho primeira safra 2022/23 para 29,85 milhões de toneladas, quase 500 mil a menos que a estimativa de agosto.
Isso porque a perspectiva para área de plantio caiu de 4,37 milhões para 4,32 milhões de hectares, no comparativo mensal. O número também fica abaixo dos 4,49 milhões de hectares cultivos na temporada passada.
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“O principal condicionante desse recuo da produção esperada para o verão foi o ajuste negativo da área plantada em Minas Gerais, que ocorreu diante de uma menor demanda observada de insumos, como sementes”, disse Ana Luiza.
O cereal de verão também tem perdido espaço em algumas regiões para o cultivo da soja, que se mostra mais rentável.
Apesar do ajuste, as projeções continuam sendo de crescimento na produção frente ao ano anterior, quando houve registro de perdas devido ao clima seco no Sul e a colheita ficou em 26,4 milhões de toneladas.
Em uma estimativa preliminar, a StoneX acredita que o país tem potencial para produzir um total 125,05 milhões de toneladas de milho em 2022/23, contra 121,63 milhões no ciclo anterior.
“Como a maior parte da oferta depende da safrinha, a produção total só vai ser definida em 2023, quando o plantio de inverno já estiver completo e o clima definido para o desenvolvimento das lavouras”, disse ela.
O potencial é de safra recorde, fazendo frente à demanda crescente.
As exportações estão estimadas em 45 milhões de toneladas e o consumo interno em 80 milhões, tendo o setor de carnes como importante consumidor para fabricação de ração animal, além das usinas de etanol de milho.
Para a temporada anterior, a consultoria projetou embarques de 42 milhões de toneladas e demanda interna de 76 milhões.
Com isso, o balanço de oferta e demanda do cereal indica estoques em 13,66 milhões de toneladas para o ciclo 2022/23, versus 12,62 milhões um ano antes.