O uso da inteligência artificial para aprimoramento de sistemas e processos produtivos e redução de perdas na produção
Não é errado dizer que o Brasil já colhe resultados da agricultura 4.0. O uso da inteligência artificial para aprimoramento de sistemas e processos produtivos e redução de perdas na produção; a adoção de novas tecnologias para agregar valor aos alimentos e a integração lavoura- pecuária e florestas não é mais futuro. É presente.
“A utilização das tecnologias disponíveis para a agropecuária pode duplicar a produção de alimentos no Brasil e nos trópicos”, afirma Cleber Oliveira Soares, diretor de inovação e tecnologia da Embrapa. “Cerca de 70% do incremento da produtividade agropecuária se deve ao uso de novas tecnologias”, diz ele.
Foi por enxergar a necessidade de acompanhamento mais assertivo do comportamento alimentar de bezerras leiteiras entre 0 e 90 dias que os sócios Nelson Nunes e Gustavo Salvati criaram, há dois anos, a Systech Feeder. A startup é responsável pelo desenvolvimento de um alimentador de bezerras que, além de oferecer o alimento, mede com precisão a quantidade ingerida de concentrado à base de milho, soja e sais minerais. Os sensores do comedor também captam informações sobre peso e crescimento dos animais.
“Como a tecnologia é conectada à nuvem, envia informações em tempo real para o smartphone do produtor de leite”, diz Salvati. “Hoje, 80% dos criadores de gado de leite não usam nenhum tipo de controle em relação à alimentação de bezerras de até 90 dias, o que pode impactar na quantidade de leite produzida no futuro por cada animal.”
O comedor com a tecnologia embarcada custa cerca de R$ 2 mil, valor que pode diminuir com a produção em escala. Três protótipos estão sendo testados no campo, um deles na França, como parte do projeto Farm of the Futere, na área de nutrição animal.
Também focado na agropecuária, um setor que soma mais de 230 milhões de cabeças de gado, com um PIB de R$ 523 bilhões, o empresário João Guilherme Soares desenvolveu em parceria com Maurílio Campos a Gado e Cia, primeiro marketplace de compra e venda de gado por aplicativo.
“A ideia surgiu quando um corretor de gado revelou ter dificuldade em organizar mais de 200 grupos interessados em compra e venda de gado via rede social, cada um com mais de 3 mil pessoas”, diz Soares.
“Analisei o mercado e confirmei que tinha uma boa oportunidade de negócio.” O primeiro passo da startup, com sede em Goiânia, foi criar um catálogo virtual dos animais, com informações básicas como raça, idade, peso e preço.
“Em três meses registramos mais de 10 mil downloads e mais de 100 lotes de animais expostos”, afirma.
“Ficou inviável processar a venda de forma manual, com mensagens pelo WhatsApp.”
Selecionada pela Ace Aceleradora, a startup desenvolveu uma tecnologia mobile, por meio da qual o vendedor anuncia diretamente na plataforma e o interessado marca virtualmente a visita para conferir os animais in loco.
“Se o negócio for fechado, a Gado e Cia recebe 1% de cada uma das partes sobre o valor da venda no caso de gado de corte e R$ 100 de cada um, se for gado de leite”, diz Soares. A versão final do app foi para o ar em agosto desse ano e já soma mais de 40 mil pecuaristas em sua base. A meta é saltar de 15 para 100 transações ao mês em 2019.
Fonte: Valor Econômico