Os grãos digitais, que estão lastreados nas commodities, poderão ser utilizados para comprar insumos, máquinas agrícolas, caminhões, automóveis e até fazendas.
A startup argentina Agrotoken chegou ao Brasil com a ambiciosa meta de converter um milhão de toneladas de trigo, milho e soja em tokens em 2023. Os grãos digitais, que estão lastreados nas commodities, poderão ser utilizados para comprar insumos, máquinas agrícolas, caminhões, automóveis e até fazendas.
Os produtores rurais poderão negociar os cereais de forma direita ou por meio de cartão de crédito. Ainda em 2022, a empresa pretende ativar uma parceria com a bandeira Visa no mercado brasileiro, o que ampliará a aceitação do ativo digital para qualquer estabelecimento comercial que aceite o meio de pagamento.
“O produtor rural poderia pagar por colaboradores da fazenda dele com o próprio grão, de maneira digital”, comentou o Country Manager da Agrotoken, Anderson Nacaxe, durante o Summit Agro 2022. Todas as despesas da propriedade rural, inclusive fora da cadeia do agronegócio, poderão ser pagas por meio do ativo digital.
Como funcionam os grãos digitais?
Os grãos digitais são ativos comercializáveis que representam o volume produzido pelo agricultor, sendo que cada agrotoken equivale a uma tonelada de grão. “O token funciona igual aqueles vales que a gente tinha no passado em algumas Regiões do Brasil”, explica Nacaxe. No entanto, a solução elimina o intermediário da operação, dando mais autonomia para o produtor rural.
O ativo digital acompanha, de forma automática, as variações de preço das commodities, acompanhado os índices aceitos pelo mercado para cada grão. A partir da comprovação física do produto e da apresentação do contrato de venda no presente ou no futuro, a empresa deposita os grãos digitais na criptocarteira do produtor, que é acessada pelo celular.
Com o crédito em conta, o agricultor pode trocar os grãos digitais por alguma criptomoeda ou fazer pagamentos de sementes, veículos, combustível, entre outros. O token também pode ser utilizado como garantia de empréstimos, funcionando como uma espécie de Cédula de Produto Rural (CPR). Quando a produção for entregue, o token é pago com moeda corrente.
Vantagens da tokenização de commodities
Cerca de 40% das transações de grãos no Brasil acontecem por meio de barter. Na operação, as empresas de insumos antecipam os fertilizantes e defensivos agrícolas para o produtor e recebem o pagamento pelos produtos por meio de tradings que intermedeiam a venda da colheita. Com o grão digital, os agricultores poderão obter melhores condições de negociação.
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Além disso, o ativo digital reduz a burocracia envolvida no processo, uma vez que as trandings precisam, geralmente, apresentar o contrato de compra do grão para várias revendas para garantir que a dívida será quitada na época da colheita. Ao dar mais confiabilidade ao sistema, o token elimina essa necessidade.
A tokenização das commodities ainda facilita a rastreabilidade da produção. A tecnologia blockchain, que dá base ao grão digital, permite registrar os cereais com todos os dados relativos a sua produção, como dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR), insumos utilizados e desenvolvimento da lavoura.
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Fonte: Estadão Conteúdo