É possível que tenham sido os viajantes da Ásia que levaram até a Europa a arte de fabricação de queijo, visto que o Império Romano foi um grande produtor.
Há 3.200 anos, o queijo foi descoberto na necrópole de Saqqara, no Egito, em uma tumba datada de 2900 a.C., mas já havia aparecido em referências visuais em murais em 2000 a.C. No entanto, não se sabe ao certo quem fez o primeiro queijo, apenas uma lenda sustenta a possibilidade de que ele tenha sido fabricado de maneira acidental por um mercador árabe durante a prática de armazenar leite em uma bolsa feita de estômago de ovelha.
Dessa forma, o calor do sol no deserto, fez com que o leite se separasse em coalhada e soro. O homem teria percebido que o soro saciava sua sede, e a coalhada tinha um sabor delicioso, satisfazendo sua fome.
É possível que tenham sido os viajantes da Ásia que levaram até a Europa a arte de fabricação de queijo, visto que o Império Romano foi um grande produtor durante boa parte de período de prosperidade. Antes de seu declínio, os romanos introduziram a prática na Inglaterra, melhorada pelos monges nos mosteiros. O queijo do tipo gorgonzola, por exemplo, foi feito em algum local da Planície de Padana, na Itália, em meados de 879 d.C., fazendo do país o maior produtor do século X.
Assim, a fabricação do queijo floresceu por todo o continente europeu, se estabelecendo como um alimento essencial. Ele foi transportado para a América em meados de 1620, quando os peregrinos o incluíram nos suprimentos do Mayflower, o espalhando para o Novo Mundo.
Demorou até o século XIX para que a produção de queijo se desvinculasse do setor agrícola local e caísse no gosto das áreas urbanas.
Uma fortaleza subterrânea
Para muitas pessoas, o processo de produção do queijo é considerado repugnante, isso porque, em linhas gerais, o leite de algum mamífero é coletado, exposto a bactérias ou ao mofo, depois descansado até que esteja sólido o suficiente para ser ingerido. Em meio a um processo repleto de variáveis, ao longo dos milhares de anos que o queijo têm sido produzido, ficou claro que a melhor qualidade do produto é obtida no envelhecimento em cavernas.
Isso porque, longe da luz do sol, cercado pela umidade e altas temperaturas, a textura, sabor e aroma do queijo ganha o fator terroir, como dizem os franceses, e que representa a interferência dos meios naturais, como a terra, na elaboração de um produto.
No entanto, para empresas como a Kraft Foods Inc., a maior no ramo alimentício dos Estados Unidos e a segunda maior do mundo, responsável por adquirir a Lacta no Brasil em 1996 — tudo se trata mais de economia, custos e vida útil dos produtos a longo prazo do que terroir.
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É por isso que ela mantém sua produção de queijo em Springfield Underground, uma mina de calcário transformada em parque industrial que possui cerca de 295 mil metros quadrados, localizada na cidade de Springfield, no Missouri (EUA).
“Há uma enorme economia de energia no subsolo se você refrigerar o espaço, porque não está lidando com a flutuação de temperatura do ambiente externo”, disse John Griesemer, presidente e CEO da empresa que administra o local, em entrevista à KTVI.
Além disso, a caverna de Springfield é atraente para armazenamento industrial de alimentos por estar localizada no meio-oeste dos EUA, próximo da Rota 66, a rodovia considerada o coração do país. Portanto, a Kraft Foods não é a única empresa que despeja seus produtos na imensa caverna.
O vaivém de imensos caminhões e o sigilo sobre o que se passa por de trás das portas de aço do complexo chegou a criar uma lenda urbana sobre o que exatamente acontece nas profundezas da caverna.