Tais componentes, sobretudo proteínas e gorduras, possuem relevância na qualidade do leite para consumo e formam a base do setor.
Pesquisadoras da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) têm proposto práticas que alteram a composição do leite por meio de aprimoramento na alimentação de bovinos, auxiliando produtores a atingirem melhores níveis de proteínas, gorduras, carboidratos, vitaminas e sais minerais – os chamados sólidos do leite – e ampliarem os lucros de suas atividades.
Cada vez mais, produtores de leite têm se preocupado com a qualidade do leite produzido e, por consequência, com o aumento dos níveis dos sólidos totais, prática que tem sido estimulada pela indústria de lácteos com bonificações financeiras.
Tais componentes, sobretudo proteínas e gorduras, possuem relevância na qualidade do leite para consumo e formam a base do setor, pois é a partir deles que se obtêm produtos como iogurte, queijo, requeijão e manteiga.
Segundo estudo publicado pelas pesquisadoras Cristiane Viana e Karina Toledo, o teor de sólidos no leite sofre variação de acordo com a genética, saúde, boas práticas de ordenha e manejo nutricional de vacas em lactação. Dentre tais fatores, elas destacam o manejo nutricional dos animais como uma das estratégias mais eficazes.
A nutrição está diretamente relacionada à produção de leite, seja no volume e/ou na composição de sólidos. Uma vaca saudável e bem alimentada, tendo todas as exigências de nutrientes supridas com a alimentação, mantida em um ambiente que proporcione conforto e bem-estar, terá condições de expressar o seu potencial máximo de produção de leite e, consequentemente, terá maiores teores de sólidos.
Nesse sentido, é ideal garantir um suprimento adequado de proteínas, energia, fibras, minerais e vitaminas aos animais, por meio de uma formulação adequada da dieta a partir do volumoso que o produtor tiver disponível, seja ele pastagem, silagem ou feno. “É importante procurar o auxílio de um profissional, que irá calcular a quantidade apropriada de ingredientes da dieta para atender às exigências dos animais”, salienta Karina.
As principais recomendações das pesquisadoras são a otimização da fermentação ruminal das vacas e o uso de alimentos volumosos com fibras de alta qualidade. Produtores devem focar dietas ricas em energia e proteínas para seus animais, pois são componentes essenciais para a síntese da proteína do leite.
“Outra possibilidade de aumento de proteína para a glândula mamária é a inclusão de aminoácidos protegidos na dieta, favorecendo um aumento da proteína microbiana e consequentemente aumento do aporte de proteína para a produção de leite”, complementa Karina Toledo. Além do manejo alimentar e formulação da dieta, outros fatores que afetam a produção de proteína são o melhoramento genético, o estágio da lactação e o conforto ambiental, apesar de as possibilidades de alteração serem mais limitadas.
Gordura
Já a gordura é o componente com maior potencial de alteração por meio da nutrição. “A redução no teor de gordura do leite está relacionada a alterações no metabolismo de ácidos graxos, causadas, por exemplo, pela ingestão de dietas com altas quantidades de amido ou óleos. Mas quando é fornecida uma dieta com alimentos volumosos, fibras de qualidade e matéria seca regular, tem-se um favorecimento na produção de ácidos graxos voláteis no rúmen do animal, o que favorece o aumento do teor de gordura no leite”, explica Cristiane Viana.
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Para as pesquisadoras, outra estratégia importante para elevar o teor de gordura no leite é o aumento na frequência de alimentação dos bovinos, por ser uma prática que evita flutuações do pH ruminal e favorece a manutenção dos microrganismos produtores de ácido acético no rúmen, o qual ajuda na formação da gordura no úbere das vacas. No caso de animais confinados, a indicação é que o cocho esteja com alimento o dia todo.
“A efetivação dos programas de melhoria na qualidade do leite é vantajosa para o produtor, que terá mais rendimento e receberá uma bonificação, para a indústria, que irá produzir produtos com menor custo e maior prazo de validade, e para o consumidor, que poderá ter produtos de qualidade e que não ofereçam riscos à sua saúde”, conclui a pesquisadora.
Fonte: Diário de Comércio
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