A produção nacional de soja está projetada em 142,78 milhões de toneladas pela Conab e em 144 milhões de toneladas pelo USDA, ambas recordes.
Cepea, Piracicaba – A temporada 2021/22 de soja se iniciou com otimismo. A expectativa é de oferta recorde, mas também de demandas interna e externa aquecidas. No Brasil, a preocupação do lado da demanda está relacionada ao consumo de óleo de soja para a produção de biodiesel, visto que a ANP (Agência Nacional do Petróleo) deve manter a mistura de biodiesel no óleo diesel em 10%, contra os 13% esperados por agentes, percentual que prevalecia até setembro de 2021.
No campo, o clima favoreceu o início da semeadura e o desenvolvimento das lavouras nacionais nesta temporada 2021/22. No último bimestre de 2021, houve baixa umidade no Sul do País e excesso de chuvas no Norte e Nordeste, causadas pelo fenômeno climático La Niña, mas os impactos negativos não parecem ser generalizados.
A produção nacional de soja está projetada em 142,78 milhões de toneladas pela Conab e em 144 milhões de toneladas pelo USDA, ambas recordes. Por enquanto, a Conab indica que o Rio Grande do Sul deve produzir a segunda maior safra do País, de 21,22 milhões de toneladas, atrás apenas da de Mato Grosso, de 38,32 milhões de toneladas. A produção do Paraná pode ser a terceira maior do Brasil, estimada em 20,72 milhões de toneladas.
Nas regiões Norte e Nordeste, embora a incidência de pragas tenha aumentado, devido à maior umidade, o controle fitossanitário deve impedir a propagação de doenças – porém, isso tende a aumentar ainda mais o custo de produção. São esperados crescimentos de 1,7% na oferta dos estados do Nordeste, para 13,07 milhões de toneladas, e de 4,6% para o Norte, somando 7,73 milhões de toneladas.
Ressalta-se que o custo operacional das aquisições de insumos (especialmente de fertilizantes) aumentou entre as safras 2020/21 e 2021/22. A Equipe de Custos de Produção do Cepea estima que os gastos com insumos adquiridos por produtores de Luís Eduardo Magalhães (BA) devem aumentar 28% na safra 2021/22. Nas regiões de Cascavel (PR) e de Sorriso (MT), os custos devem subir cerca de 30% e 23%, respectivamente, considerando-se a compra dos insumos de forma antecipada, ou seja, entre janeiro e julho de 2020 e os mesmos meses de 2021.
De forma geral, apesar de esses custos estarem maiores para os agricultores que compraram os insumos de forma mais tardia, o maior impacto deverá ser sentido nas compras para a safra 2022/23. A preços de novembro de 2021, o custo operacional para 2022/23 é aproximadamente 33% maior que o da temporada 2021/22. Os gastos com fertilizantes e herbicidas são os que tiveram elevações mais expressivas entre estas safras, com os adubos se valorizando 70% e os herbicidas, significativos 120%.
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Quanto aos preços, embora os contratos futuros de 2022 da soja na CME Group (Bolsa de Chicago) operem por volta de US$ 12,50/bushel, abaixo da média de 2021 (no segundo trimestre de 2021, especificamente, os contratos chegaram a atingir US$ 16,00/bushel), os prêmios brasileiros podem dar sustentação aos valores no Brasil.
DEMANDA – Enquanto a produção nacional pode crescer 4,35% em relação à temporada 2020/21, as exportações estão previstas pelo USDA em 94 milhões de toneladas, e o consumo doméstico, em 47,7 milhões de toneladas, respectivos aumentos de 15,13% e 2%. Dados do USDA projetam que a China deve importar 100 milhões de toneladas de soja em grão, diante da maior demanda para processamento e da queda na produção de soja no país, que deve ser a menor desde a temporada 2018/19. O Departamento também indica que a União Europeia aumente em 1,4% suas importações na safra 2021/22, projetadas em 15 milhões de toneladas. Se confirmado, este será o maior volume desde 2015/16.
Mesmo em temporada de demanda global recorde, o USDA aponta queda de 9,51% para as exportações de soja dos Estados Unidos (segundo maior exportador global). Os embarques do Paraguai devem somar 6,35 milhões de toneladas e os da Argentina, 5,35 milhões de toneladas.
DERIVADOS – Os consumos mundiais de farelo e de óleo de soja na temporada 2021/22 devem atingir os recordes de 251,95 milhões de toneladas e de 60,69 milhões de toneladas, respectivamente, também segundo o USDA. O consumo de farelo deve crescer 2,9% entre as duas últimas safras e o de óleo, 1,43% na área alimentícia e 8,62% no segmento industrial, ainda conforme dados do USDA.
No Brasil, a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) aprovou o novo modelo de comercialização de biodiesel em substituição aos leilões públicos, que deve entrar em vigor a partir de janeiro de 2022. No novo modelo, as distribuidoras podem comprar o biodiesel diretamente de produtores. Essas negociações devem ocorrer por meio de contratos de fornecimento e de transações à vista (mercado spot) ou com contratos a termo entre as partes.
Para o Brasil, o USDA projeta aumento nas ofertas de farelo e óleo em linha com o esmagamento de soja, de 2%. Para o farelo, são esperados crescimentos de 4,5% na demanda interna (para 20 milhões de toneladas) e de 2,4% nas exportações (para 17 milhões de toneladas). No caso do óleo, por outro lado, o consumo interno deve recuar 1,3% (para 7,86 milhões de toneladas), o que eleva o excedente e favorece as exportações, que podem chegar a 1,45 milhão de toneladas (+14,3%).
Fonte: Cepea