A ausência da China nas negociações da soja desta semana torna o mercado mais volátil e sensível a outros fatores, pois ainda há incerteza sobre como os chineses retornarão do feriado
A soja encerrou a quarta-feira em alta na Bolsa de Chicago, avançando 1,4%, enquanto o farelo subiu quase 3%. Já o milho na B3 teve uma leve queda, enquanto o milho em Chicago registrou alta de 2,5%.
A ausência da China nas negociações desta semana torna o mercado mais volátil e sensível a outros fatores, pois ainda há incerteza sobre como os chineses retornarão do feriado. A expectativa é que voltem comprando bons volumes de soja, especialmente devido ao atraso nos embarques do Brasil.
O grande destaque da quarta-feira, e possivelmente até o fim da semana, continua sendo o clima na Argentina. Os modelos climáticos apresentam previsões divergentes, variando a cada nova atualização. Ontem, novos dados indicaram calor intenso, temperaturas elevadas e ausência de chuvas nos próximos 10 dias – um cenário preocupante para a soja e o milho do país vizinho.
Com a colheita argentina prevista para iniciar entre março e abril, tanto a soja quanto o milho ainda estão em fase de desenvolvimento. Secas prolongadas podem impactar significativamente a produtividade. Atualmente, a safra argentina está projetada em 103 milhões de toneladas, sendo 51 milhões de toneladas de soja e 52 milhões de toneladas de milho, conforme o relatório de janeiro do USDA.
No entanto, com a proximidade do novo relatório do USDA, previsto para 11 de fevereiro, algumas revisões podem impulsionar os preços dos grãos. Para a soja, é possível uma redução na safra argentina, com alguns traders locais já estimando apenas 46 milhões de toneladas, contra os 51 milhões projetados pelo USDA. No Brasil, por outro lado, uma revisão para baixo na produção parece improvável neste momento.
No caso do milho, a redução na safra argentina pode ser mais expressiva, e o Brasil também pode registrar cortes. O atraso no plantio da soja, seguido pelo atraso na colheita que no Mato Grosso por exemplo é a mais lenta dos últimos cinco anos, impactará diretamente o milho safrinha. Esse impacto pode ocorrer por meio da perda de produtividade, devido ao encurtamento da janela ideal de plantio, ou até mesmo pela substituição da cultura. Alguns produtores podem optar por plantar sorgo ou algodão em vez de milho.
Em resumo, o próximo relatório pode indicar redução na safra, o que já gera um viés de alta para as cotações. No entanto, apesar da alta em Chicago, os prêmios de exportação recuaram levemente, absorvendo parte desse movimento positivo. Como os prêmios seguem negativos, acabam reduzindo o impacto da valorização da soja na Bolsa.
Vale lembrar que os prêmios funcionam como um ágio ou deságio sobre a cotação da soja na Bolsa. De qualquer forma, a alta sempre é bem-vinda e pode gerar pequenas variações nos preços em algumas regiões.
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