Tecnologia sustentável garante aumento de produtividade e redução de custos; uso da energia limpa traz impactos ambientais e socioeconômicos positivos
O uso do sistema híbrido de energia é capaz de solucionar o problema vivido por populações de áreas mais remotas das zonas rurais que não têm acesso à eletricidade. Combinando painéis fotovoltaicos e geradores de energia a diesel, o modelo permite resolver o problema de regiões afastadas que não são atendidas por concessionárias.
Além de oferecer maior alcance e ser uma tecnologia sustentável, o sistema híbrido confere outras vantagens aos produtores rurais, como o aumento da produtividade e a redução de até 95% dos custos, segundo estimativa da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
O agronegócio está em terceiro lugar entre os setores que mais usam energia solar no país. Consumidores residenciais e comércio são os mais adeptos. Conforme a Absolar, 7% da geração realizada no país atende à zona rural, que soma mais de 27 mil sistemas fotovoltaicos.
Pioneirismo na irrigação
No ano passado, o sistema híbrido foi aplicado pela primeira vez para a irrigação em uma propriedade rural com 350 hectares no Centro-Oeste do Brasil. O local não contava com o abastecimento de energia por parte de concessionárias. A iniciativa inédita no mundo ocorreu no município de Quirinópolis, em Goiás.
O projeto foi desenvolvido com a proposta de aumentar a produção da área de plantio, que dependia exclusivamente das águas das chuvas. Por conta dessa situação, as safras de milho, soja, feijão e algodão cultivadas na propriedade ocorriam apenas uma vez ao ano.
O modelo híbrido instalado no local combina sistema fotovoltaico, inversores, gerador de energia a diesel e banco de baterias. Na prática, ele opera de forma autônoma, sem a necessidade de complementação da rede elétrica.
A expectativa é que a produção aumente para até três safras anuais após a instalação do sistema. Também é estimado que, em 20 anos, o projeto assegure uma economia de até R$ 15 milhões dos gastos com diesel, o que representa, em média, uma redução de R$ 750 mil em custos por ano.
Desenvolvimento sustentável
O uso da energia limpa traz impactos ambientais e socioeconômicos positivos, o que é sinônimo de desenvolvimento sustentável para o campo. No caso da energia solar, há especificidades que são ainda mais interessantes para os produtores rurais.
O guia Energia Solar para o Produtor Rural, desenvolvido pelo Sebrae em 2019, alerta para alguns desses atrativos. O documento explica, por exemplo, que o pico de geração de energia solar é coincidente aos períodos em que as propriedades mais precisam de irrigação.
Outra informação importante é que a área de pasto pode ser usada para gerar energia elétrica, “sem prejuízo à saúde dos animais, sem consumo de água e sem resíduos”.
O guia cita uma série de possibilidades de uso da energia solar no dia a dia da produção, que vai desde o bombeamento de água até o resfriamento para o processamento de produtos alimentícios, uso em tanques de piscicultura, irrigação de lavouras, dentre outros.
Também são apresentadas alternativas para a melhoria na infraestrutura das propriedades. “Secadores, iluminação, dessalinização, processos produtivos, cercas elétricas, aeradores, sistemas de vigilância e comunicação”, enumera o documento.
O Sebrae destaca, ainda, que a instalação dos painéis fotovoltaicos pode ser feita em obras em andamento e em construções finalizadas. “A energia solar é considerada uma alternativa muito promissora para enfrentar os desafios da expansão da oferta de energia com menor impacto ambiental”, sintetiza o guia.