A Síndrome da Morte do Braquiarão é uma das principais responsáveis pela degradação de pastagens e pode comprometer diretamente o desempenho do gado a campo
Relativamente comum nas fazendas brasileiras, é a Síndrome da Morte do Capim-braquiarão que também é chamada de morte do braquiarão ou apenas (SMB). Sendo uma das principais responsáveis pela degradação de pastagens, além das perdas agronômicas no solo, o problema pode afetar outros capins além do braquiarão (Brachiaria brizantha cv. Marandu), como o BRS Piatã e MG-4 e ocasiona prejuízos expressivos nos pastos.
Começou a ocorrer no estado do Acre, a Síndrome também se espalhou pelo Amazonas, Pará, Rondônia, Mato Grosso e Tocantins, regiões que têm um regime intenso de chuvas, passando dos 2.100 mm anuais. Somado a isso, há solos mal drenados ou de baixa permeabilidade (compactados) que levam a alagamentos ou encharcamentos, reduzindo a oxigenação das raízes.
Segundo o engenheiro agrônomo, Guilherme Batalini, representante da Soesp – Sementes Oeste Paulista, o Marandu (braquiarão) apresenta baixa adaptação a solos encharcados e suscetibilidade ao ataque de fungos. “Como consequência, essa doença deixa as folhas amareladas e murchas (com aspecto de fenadas), resultando na mortalidade das touceiras. Normalmente observamos a manifestação dessa doença em reboleiras”, diz.
Na fase avançada dessa síndrome, as pastagens apresentam grandes áreas onde as plantas já morreram, sendo gradualmente ocupadas por invasoras. A ausência de uma intervenção precoce por parte do pecuarista pode resultar na degradação total da pastagem, sendo essa uma das principais consequências da SMB o que pode resultar em prejuízos irreversíveis.
Fatores agravantes
De acordo com o agrônomo da Soesp, estudos indicam que a síndrome da morte do braquiarão tem origem em alterações fisiológicas e morfológicas sofridas por esse capim, essencialmente quando ele é exposto a períodos de excesso de água no solo. Além disso, práticas inadequadas de manejo que levam à compactação são responsáveis pela ocorrência da síndrome. Elas podem alterar a drenagem natural dos solos, tornando-os mais suscetíveis a períodos intermitentes de encharcamento ou com muita água nos poros.
Dentre essas práticas, o estresse de manejo causado pela utilização de altas cargas animais é um dos mais importantes, pois, invariavelmente, levará à perda da produtividade e do vigor da pastagem. “Dessa forma, a falta de planejamento representa mais um dos muitos fatores que resultam em compactação dos solos com elevação da possibilidade de surgimento da síndrome na pastagem”, destaca o profissional.
Por fim, o efeito secundário de todo o processo de alagamento de áreas é o ataque de fungos fitopatogênicos de solo (Rhizoctonia, Fusarium e Pythium). Estes colonizam a base da planta, levando à sua morte. “Alterações no metabolismo do capim-marandu fazem com que este seja mais suscetível a estes fungos oportunistas, os quais, em outras condições, não teriam a capacidade de causar danos mais sérios à planta”, diz o agrônomo da Soesp.
Estratégias para manejo
Comprovadamente, ainda não existe uma solução direta para a SMB, e drenar o solo encharcado ou a aplicação de fungicidas são estratégias com baixa eficiência. A drenagem, além de trabalhosa, pode não ser totalmente eficiente, pois nem sempre a manifestação da síndrome ocorre em áreas de baixadas.
Além disso, o encharcamento pode se encontrar nas camadas de subsuperfície (0-40 cm), os implementos disponíveis no mercado não seriam capazes de melhorar o escoamento de água do solo. Já a aplicação de fungicidas nesta situação não é recomendada por ser economicamente inviável.
O melhor caminho para ajudar a solucionar esse problema é a substituição por cultivares mais adaptados a solos mal drenados e mais tolerantes à síndrome. Essa diversificação dá ao pecuarista maiores possibilidades de ganhos na atividade com a possibilidade de utilizar plantas com diferentes potenciais de produção, mais ou menos tolerantes ao ataque de insetos, à deficiência hídrica e ao ataque de fungos.
De acordo com Guilherme, para isso a Soesp, fornece sementes de Humidicola, Tanzânia, Mombaça, Massai e BRS Zuri, boas alternativas para substituir pastagens degradadas de capim-marandu. “Entretanto, é fundamental ressaltar que para que a implantação da nova pastagem seja mais assertiva, a escolha da planta forrageira deve ser feita com base em um bom diagnóstico da área”, afirma ele.
O segundo passo é o produtor atentar-se ao manejo, pois a pastagem caracteriza-se como uma cultura perene que precisa de cuidados e manutenção adequada. Uma planta saudável tem maiores chances de sobreviver aos ataques de pragas e doenças. “Com essas medidas, certamente a síndrome da morte do braquiarão estará longe das pastagens e a qualidade do capim se manterá a ponto de oferecer um bom pastejo aos animais”, finaliza o agrônomo.
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.