Enquanto Sindtanque/MG ameaça parar os serviços, outros representantes dos caminhoneiros asseguram que não há qualquer mobilização
Representantes dos caminhoneiros não chegaram a um acordo neste domingo (2) sobre uma possível nova paralisação da categoria nesta segunda-feira. Enquanto os tanqueiros, responsáveis pelo transporte de combustível, anunciam estado de greve a partir de meia-noite, sindicatos dos motoristas afirmam que os caminhões não vão parar, pelo menos nesta semana.
Vários áudios circulam no whatsapp dando conta de que haveria um movimento organizado para parar o país, o que causou grandes filas em postos de combustível neste domingo. Um dos envolvidos no último movimento de maio afirmou que os vídeos e áudios que recebeu ontem eram da última mobilzação.
A maioria dos dirigentes de sindicatos de caminhoneiros ouvidos pelo Estado de Minas neste domingo classificou a ameaça de nova greve de boato.
“Até onde eu sei isso tudo é boato, ninguém do nosso grupo está organizando qualquer tipo de greve. Também estou recebendo esse tipo de notícia, mas, para mim elas são falsas”, ressaltou o presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Carga de Minas Gerais, Antonio Vander Silva Reis.
Segundo ele, a Federação dos Caminhoneiros também não está envolvida. “Toda a situação está sendo negociada com o governo, agora basta a ANTT soltar a nova tabela do frete corrigida, então não vejo motivo para greve até que saia essa tabela para alguém fazer isso”, disse.
Um dos envolvidos no último movimento de maio afirmou que os vídeos e áudios que recebeu ontem eram da última mobilzação.
Federação de caminhoneiros nega greve
O presidente da Federação dos Caminhoneiros Autônomos de São Paulo, Claudinei Pelegrini, também negou o risco de paralisação. “Estou afirmando categoricamente para você que não vai ter greve. Isso aí são intervencionistas ainda tentando trazer pânico para o nosso país. Os caminhoneiros estão cientes de que o que foi negociado com este governo foi cumprido e que agora é esperar o próximo”, pontuou.
Segundo Pelegrini, não adianta fazer paralisação às portas da eleição. O dirigente afirmou que o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux também jogou a decisão sobre a tabela de fretes, questionada na Justiça, para depois da eleição. Também citou o fato de a ANTT ter anunciado que vai atualizar os valores “por conta do aumento absurdo do diesel”.
Tanqueiros podem parar
O Sindicato dos Transportadores de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Sindtanque/MG) informou que entra em estado de greve a partir desta segunda-feira. Com isso, a categoria continua trabalhando, porém sob ameaça uma paralisação a qualquer momento, caso o poder público não cumpra as promessas da Lei do Frete (Lei 13.703/2018), sancionada no último dia 8.
A postura foi definida em reuniões realizadas por transportadores de combustível de todo o estado nos últimos dias. Segundo o Sindtanque, os trabalhadores do ramo têm sofrido despesas pelo descumprimento da Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas.
“Desde a publicação da lei, por falta de fiscalização, os transportadores, de todos os setores, vêm amargando grandes prejuízos, pois os embarcadores têm se recusado a obedecer a tabela de frete mínimo”, afirmou o presidente do órgão, Irani Gomes.
De acordo com Gomes, um exemplo da falta de regulação vem da BR Distribuidora, que, segundo ele, reduziu seu frete em mais de 20% nos leilões. Além disso, o presidente condenou o aumento nos preços do diesel. “Mesmo com o aumento do preço do petróleo no mercado internacional, o governo tem que cumprir a Medida Provisória 838/2018 e manter a subvenção de R$ 0,46 no valor do diesel até o final do ano”, disse.
Clima ruim
O presidente do Sindicato Interestadual dos Caminhoneiros, José Nathan, confirmou que o clima está ruim entre os motoristas e que não se pode garantir que não vai haver um novo movimento. De acordo com ele, o sindicato fez um documento para o governo há cerca de 90 dias encaminhando os pontos de reivindicação. “Mas é um governo de faz de contas, parece que quer que a coisa desande”, disse.
Nathan afirmou que o aumento do diesel veio na hora errada e que tem muito caminhoneiro revoltado, mas garantiu que o sindicato não está organizando nenhuma paralisação. “Pode ser que a turma decida parar sozinha, eles fazem movimento espontâneo”.
A União dos Caminhoneiros do Brasil (UDC) divulgou nota dizendo que há expectativa de um novo movimento, mas só depois do feriado de 7 de setembro. A entidade afirma que o governo não teria cumprido o prometido em relação ao preço do diesel.
Corrida aos postos
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) informou que não tem informação alguma sobre paralisação. Entretanto, o aumento das filas nos postos pode prejudicar a logística dos estabelecimentos, que não contavam com a elevação da demanda neste domingo.
ANTT vai ajustar tabela de fretes após alta do diesel
Fonte: Estado de Minas