O Simental é a segunda maior raça do planeta e muito utilizada pelos pecuaristas brasileiros; sua adaptabilidade impressiona em todas as regiões do Brasil
O pecuarista e ex-presidente da Associação Brasileira de Criadores das Raças Simental – Simbrasil (ABCRSS), Alan Fraga, conta que as primeiras importações do Brasil vieram no início do século passado, e por volta da década de 50 seu pai começou a observar como era importante o resultado desses cruzamentos, na época ele trabalhava com Guzerá, e pensou porque a gente não faz fixação do 5/8 na raça brasileira com qualidades do Simental. Como estamos num país tropical, foi perfeito, trouxe precocidade e fertilidade.
“Em 1963 meu pai fundou a associação brasileira e começou os trabalhos do Simbrasil, fazendo os melhoramentos, reconhecimento pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), para se tornar raça. Um trabalho longo mas hoje é a raça brasileira e responde em todo território. Gado muito rústico, muito produtivo e nas piores condições do Brasil ele se comporta como qualquer outro zebuíno. Gado perfeito para as piores condições do Brasil com produtividade”, disse.
Do Sul ao Nordeste
O pecuarista Wanderley Berté da Fazenda Sonho e Realidade, trabalha com Simental em Santa Catarina, e produz animais puros e com cruzamento industrial. “Temos touros trabalhando a nível do mar, no planalto serrano, em toda Santa Catarina temos touro Simental com ótimos resultados, isto é prova de que o cruzamento industrial é fantástico”, afirmou.
Praticamente na outra ponta do país, em Viçosa no Estado de Alagoas, o pecuarista Antonio Carlos Brandão, da Fazenda Salgado, contou como está sendo um sucesso o trabalho com Simbrasil na pecuária de corte.
“Comecei a criar Simental por volta de 2002 quando comprei um lote de bezerros de um amigo e a engorda foi melhor, a partir daí comecei a acompanhar melhor e a criar. Estou fazendo pelo caminho mais longo, só uso touro de Central e gado PO, mas tenho conseguido resultados fantásticos”, explicou.
Para Brandão uma das grandes qualidades do Simental é a produtividade da fêmea, que além de fértil produz muito leite para oferecer bons resultados já na desmama.
“A nossa fêmea é muito produtiva, fértil e leiteira. Para se ter uma ideia tem um projeto no Brasil para ensinar o pecuarista a se fazer o boi 777 que é o boi com 7 arroba na desmama, 7 arroba na recria e 7 arroba na terminação, isso para a raça Simental a gente ultrapassa com muita facilidade. É um gado muito precoce, com ganho de peso extraordinário e esse leite da fêmea Simental faz com que tenhamos desmamas espetaculares, eu já desmamei lotes de bezerros aqui na fazenda com 10,6 quase 10,7 arrobas e fêmeas com lotes muito bons com 9,6 arrobas, isso são dados extraordinários. Nós temos um colega produtor chamado Rodrigo Canabrava lá no norte de Minas que ele já tira esses animais da desmama direto para fazer adaptação e colocar os animais no confinamento, e ele vende esses animais com 13 a 14 meses com 18 arrobas, então esse é um gado precoce, e esse peso vem com carcaça moderna, não é animal tardio”, enfatizou.
Brandão explicou que na região onde ele produz, o período seco do ano é muito acentuado, por isso se faz o cruzamento industrial para o ganho de peso do animal. E outro ponto é que o gado Simental, atende como outras raças européias não conseguem atender com o cruzamento a campo, cobrindo a campo e com bons índices de produção.
“Isso num gado europeu é muito difícil devido ao calor, é um sêmen muito bom. O Dr. Alan esteve aqui na fazenda a pouco mais de um mês e eu pedi para ele pesar gado comigo. Teve bezerro que iria completar ainda 7 meses e já estava com 320 kg então isso é extraordinário . A média estava em pouco mais de 9 arrobas com 7 meses, realmente o pasto estava bom com qualidade nutricional, mas isso não se faz sem genética. E a precocidade a pasto é dinheiro no bolso, do jeito que nós tivemos o aumento dos insumos para fazer ração, ter ganho de peso tão bom a pasto é uma grande opção para pecuarista do Brasil inteiro. É difícil você ter uma raça que entregue tanto desempenho tanto no cruzamento industrial quanto no sintético. Tanto no pasto quanto no confinamento e traz excelente lucratividade, uma pecuária moderna, dá retorno, lucro”, destacou.
Opinião compartilhada com o pecuarista e presidente da ABCRSS, Bernardo de Vasconcellos, que afirma que a raça Simental se destaca sobretudo pelo retorno financeiro que dá ao pecuarista.
“Me pergunto porque eu não troco de raça e eu falo que é porque eu gosto do Simental e, sobretudo, porque me dá dinheiro. Você vê o Brandão terminou essa boiada a pasto, isso é ‘plim plim’ na caixa registradora, é resultado. Além da qualidade de carcaça e carne que não deixam a desejar”, realçou.
Ainda um pouco mais sobre a história da raça Simental Fraga contou que a raça foi trabalhada na Europa com tripla aptidão, na época: tração, leite e carne.
“Na pecuária de corte a produção de leite é importante para se obter um bezerro precoce. Desmama mais rápido, mais pesado, longevidade produtiva longa, temperamento melhor. O sucesso do Simental vem através dos cruzamentos. Nossa pecuária tem muito a ganhar com os cruzamentos do Simental”, disse.
Berté ainda elucidou que um dos pontos positivos da raça Simental é a padronização e qualidade, sendo peças grandes, mas padronizadas, com qualidade que a agroindústria precisa e gosta de trabalhar, uma padronização do desmame ao abate.
“Em Santa Catarina a gente tem vacada com inúmeros cruzamentos industriais Simental na região que eu atuo, mas sem perder a qualidade. Estamos produzindo um animal mais precoce, com acabamento de carcaça, cortes padronizados, qualidade de carne. Itens de grande relevância que evoluímos muito rápido e melhorando nos últimos anos”, destacou.
Confira a live completa do Simental aqui:
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