Sombra e água fresca para o rebanho têm tido bons e comprovados resultados. Não em relação ao lucro, mas na fertilidade do solo e na produtividade dos animais. Em relação aos bovinos, já estão comprovados o aumento da libido do touro e a interferência positiva no cio das fêmeas e até mesmo no peso dos bezerros, além de ganho de carcaça em torno de 20%, se comparado às engordas em sistemas a pasto aberto ou sistemas de confinamento.
Conhecido como sistema silvipastoril, o modelo de produção inclui, numa mesma área, a produção de madeira e de carne, explica o pesquisador da Embrapa Gado de Corte, Valdemir Antônio Laura. “Na sombra, o pasto não perde altas taxas de valor nutritivo, inclusive na entressafra, e o gado reduz sensivelmente o estresse, o que garante maior produtividade de carne e leite.”
A espécie vegetal fica a critério do produtor. “Iniciamos o projeto com eucalipto, que chega à idade de corte com sete anos e, no sistema silvipastoril, com um ano de plantio das mudas, já se pode colocar o rebanho na área. Podem ser plantadas de 200 a 300 árvores/hectare e a área pode receber a mesma carga de bovinos de um pasto aberto.”
O eucalipto, diz o pesquisador, recicla o ambiente e é adubado até o segundo ano de plantio. “Teoricamente, a matéria orgânica produzida é melhor do que a produzida por gramíneas. São árvores sustentáveis e se o produtor cortá-las em idade adulta automaticamente conseguirá empreender a ciclagem dos nutrientes. Esse processo é equilibrado e não retira matéria nenhuma do solo.”
Atualmente, 1 hectare de floresta pura de eucalipto custa R$ 2.500 num espaço com 1.300 árvores. Caso sejam 400, o custo aproximado cai para cerca de R$ 1.200.
Benefícios
O pecuarista Francisco Maia, do Rancho Cayman, em Campo Grande (MS), separou uma área de 500 hectares há três anos e plantou eucaliptos. Há um ano e meio colocou o gado no local e notou os benefícios do sistema exatamente como descrito pela Embrapa. “É uma iniciativa sustentável e acrescenta lucros variados na produção. A madeira eu vou vender para produzir eletricidade, móveis e também às siderúrgicas”, planeja Maia.
Em Ribas do Rio Pardo (MS), a Agropecuária Mutum adotou o sistema há quatro anos. “Manter o gado com outra fonte de renda é mais lucrativo, mesmo que seja a longo prazo”, diz o diretor da empresa, Geraldo Mateus Campos, que plantou eucalipto em 1.400 hectares.
A empresa Tropical Flora Reflorestadora, de Garça (SP), consorcia 2 mil hectares de guanandi com bovinos. “É uma madeira com as mesmas características do mogno e tem aceitação total no exterior. A idade para o corte é entre 18 e 20 anos, mas o investimento compensa, porque esse produto está ficando raro”, diz o diretor comercial Rodrigo Ciriello.
Segundo o pesquisador da Embrapa, depois de seis anos de experiências constatou-se que uma das melhores saídas dos pecuaristas para a melhora da pastagem e da produtividade dos bovinos é o sistema silvipastoril. “Serão exigidos dos sistemas de produção da pecuária bem-estar animal, qualidade do produto e do ambiente de produção. Neste contexto, o sistema silvipastoril é também uma oportunidade de marketing para o produtor socialmente justo, ambientalmente sustentável e viável do ponto de vista econômico.”
Fonte EMBRAPA GADO DE CORTE / Telefone: (067) 3368-2000