O silêncio do Governo e órgãos ligados as negociações sobre a retomada das exportações para China, pode fazer com que os pecuaristas deixem a atividade!
A novela em relação à China segue se arrastando e, infelizmente, cada novo capítulo sem uma solução final causa maior apreensão e prejuízo a todo o setor produtivo. A cadeia da carne bovina brasileira teve um verdadeiro momento de ouro, indo ao topo dos preços da arroba em um patamar de R$ 330,00/@ em várias negociações em importantes praças pecuárias pelo país. Entretanto, bastou uma notícia mal informada e um certo “descaso” por parte dos envolvidos na situação, para que os pecuaristas vissem suas margens ficarem vermelhas e o prejuízo fosse tomando o lugar das comemorações!
A preocupação maior do setor produtivo agora “nem é mais quando a China retomará as compras, mas qual será o destino do gigantesco volume embarcado em setembro que começará a chegar lá nas próximas semanas”, apontou Leandro Bovo, da Radar Investimentos. O tão falado e, claro, mal informado, caso atípico da vaca louca no país acabou por derretendo qualquer esperança de uma retomada recorde nos preços do boi gordo para o último trimestre do ano.
“O silêncio do MAPA pode comprometer seriamente a atividade. Uma tomada de decisão “sem norte”, pode comprometer anos de trabalho.
Alguns confinamentos estão no seu limite para ter que liquidar a operação de 2021“, apontou o pecuarista Ricardo Martins.
Já em outra publicação, outro confinador da Associação GRUPO GPB Confinamento, fala que “a atividade de confinamento está severamente castigada , talvez seja a crise mais aguda da pecuária , cenário muito triste ….. prejuízos superiores a R$1000/cab em muitos confinamentos. Situação de extrema gravidade mesmo!”
A grande pergunta que não quer se calar neste momento é: “Cadê o Governo, o MAPA e os outros responsáveis pelas negociações e processo para a retomada das exportações?”
Governo quer a falência dos pecuaristas?
A verdade companheiros, é que talvez o objetivo de redução da inflação seja mais importante ao governo, do que ajudar o produtor. A busca por uma tentativa de queda dos preços da carne, sem a necessidade de uma “canetada” do Governo, pode custar a vida de pecuaristas na atividade!
Segundo alguns especialistas do assunto, o mercado deveria ter sido informado sobre a possível suspeita ainda em junho, quando foi testado positivo o primeiro teste no abatedouro em Minas Gerais. Entretanto, apesar desse ter sido o primeiro erro das instituições, o segundo foi não ter feito o auto embargo ainda nesse momento, já que o protocolo assinado entre Brasil e China, obrigava que tal medida fosse tomada.
Silêncio das autoridades desvaloriza os produtores, prejudicando toda a cadeia Pecuária!
GPB
Ainda seguindo uma trajetória de “atrasos”, veio a demora para um pronunciamento técnico sobre o assunto por parte das autoridades do Ministério da Agricultura, sendo que, apenas no dia 04 de setembro, foram suspensas as exportações para o mercado asiático, responsável por quase 60% da carne bovina embarcada.
Como se não bastasse tais movimentos, o Governo não se posicionou e, pior ainda, se mantém afastado do assunto desde o último comunicado enviado a impressa, ainda em setembro. No último aviso, disseram que “a bola do jogo” estava com a China e que não havia retorno dos asiáticos sobre o tema.
Infelizmente, cerca de quase 50 dias já se passaram desde a suspensão das exportações, abalo esse que trouxe grande tensão e prejuízo ao mercado da arroba no país. A falta de posicionamento dos órgãos competentes, neste momento, deixou o mercado sem referência e com grande munição para que os grandes frigoríficos pressionassem negativamente os preços da arroba!
Informações do MAPA até o momento
“O Brasil foi totalmente transparente com as autoridades sanitárias chinesas. Temos respondido prontamente a todos os pedidos de informação dirigidos a nós. Além disso, solicitamos uma reunião técnica, ainda não agendada pelas autoridades chinesas, que afirmam estar analisando as informações que enviamos”, disse um funcionário do Ministério da Agricultura.
“Não podemos estabelecer uma data para a retomada das exportações de carne bovina para a China porque a decisão não depende de nós.”
Queda drástica e momento caótico na pecuária
O movimento de queda nos preços da arroba do boi gordo, que começou a ser observado no início de setembro, foi reforçado por todo o período após o embargo da China. Para se ter um parâmetro, veja o gráfico abaixo, onde são apresentados as médias dos últimos 30 dias do Indicador do Cepea – Boi Gordo.
Segundo as informações, o recuo dos preços já atingiu o patamar de R$ 46,60/@, desde o dia 31 de Agosto, quando a notícia se espalhou pelo país e pelo mundo. Ainda assim, a expectativa de um retorno ainda em setembro, manteve a arroba na casa dos R$ 300,00 por alguns dias. Entretanto, sem novidades e movimentação do Governo, o mercado foi pressionado e os preços desabaram.
Segundo alguns pecuaristas, que fazem parte do Grupo Pecuária Brasil – GPB, o prejuízo com o custo de produção elevado e a falta de políticas públicas pode levar a falência de muitos pecuaristas pelo país, principalmente aqueles que possuem animais no cocho.
Preocupação com o mercado de US$ 4 bilhões por ano
O impasse também deixou no limbo o destino de cerca de 100 mil toneladas de carne bovina brasileira, com certificação sanitária anterior à suspensão do comércio, mas embarcada depois. Pequim parece estar recusando a entrada da mercadoria.
“Tenho a impressão de que o produto em trânsito está retido nos portos de transbordo ou parado ao largo da China”, disse um executivo do setor de frigoríficos do Brasil.
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O consultor da indústria australiana disse que o carregamento provavelmente seria feito através do Vietnã ou Hong Kong, mas não poderia ser redirecionado para outro lugar.
“A opção de voltar para o Brasil não vai acontecer, porque esse mercado está supersaturado com carne bovina e não pode ir para os EUA ou outros mercados devido a especificações erradas, sem certificados de saúde e rotulagem da China.”
O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, e seus frigoríficos, incluindo JBS e Marfrig, lucraram muito com o crescente mercado de proteína na China.