A silagem de grão úmido é um alimento de alto valor para o gado, seja corte ou leite, sendo uma excelente opção para o pecuarista utilizar em sua propriedade!
A silagem de grão úmido é muito utilizada, principalmente na pecuária leiteira, entretanto ainda são diversas as dúvidas sobre o assunto, vamos tentar responder algumas delas nessa matéria, mostrando a importância de se utilizar essa forma de armazenamento para o gado, seja corte ou leite. Vamos em frente?
Entre as diversas formas de alimentação do gado está a silagem com grão úmido. A cultura mais utilizada em nosso país nesse processo é a de milho. Nesta dica, vamos conhecer as vantagens e a melhor maneira de oferecê-la aos nossos animais.
Essa forma de alimentação de gado não é novidade. Produtores servem a silagem com grão úmido desde a década de 70 aqui no Brasil. O uso é muito comum na pecuária leiteira.
Mas afinal, o que será que consiste a silagem com grão úmido? Não importa o formato do grão, amigo produtor. Esse pode ser inteiro ou mesmo moído. O que vai impactar é a umidade desse grão, que deve ser entre 35% e 45%.
Produtores vêm utilizando com frequência a silagem de grãos úmidos de milho na alimentação de seus animais devido a facilidade de digestibilidade do amido de milho, ao alto valor nutricional e por ser fonte de energia. Possibilita também o estoque de forma prática e econômica.
Essa modalidade de silagem representa uma redução de custos na alimentação animal que pode chegar, segundo NUMMER FILHO (2001), a 20-30% no caso da bovinocultura de corte, 20% na bovinocultura de leite e de 15 a 25% na suinocultura.
Por que oferecer silagem com grão úmido?
Estudos indicam que esse tipo de silagem proporciona mais índice de energia para o gado. Entre os motivos estão a fermentação e o índice de PH que o grão oferece nesse estado. Com isso, melhora a eficiência alimentar e maior digestibilidade quando comparado com a silagem de matéria seca.
Outra vantagem que não podemos deixar de citar é a duração. Pode ser armazenada por até dois anos, desde que todo o processo seja feito de forma correta, a ponto de conservar todos os nutrientes do grão.
Conceitos básicos
Por definição, é um processo de ensilagem em que estocamos somente os grãos da planta de milho. A colheita é feita com colheitadora convencional e deve ser realizada quando a umidade dos grãos estiver entre 30 e 40%. Após a colheita, os grãos devem ser moídos finos (suínos), quebrados ou laminados (bovinos de corte e leite e ovinos), com o objetivo principal de favorecer a compactação.
Os grãos devem ser armazenados em silos tipo bunker, trincheira ou bag’s, bem compactados e cobertos com lona plástica preta ou de dupla face. A silagem de grãos úmidos é uma ótima opção para armazenar grãos de milho por longos períodos, com baixo custo e, principalmente, mantendo o valor nutricional.
Armazena-se em média, 1.000 a 1.200 kg de grãos úmidos por metro cúbico de silo. Uma silagem de qualidade depende da escolha de híbridos que apresentem grãos sadios e alto valor nutricional.
Podem se utilizar dessa técnica todos os produtores pequenos, médios ou grandes, que tenham criação de ruminantes (bovinos de corte, leite, ovinos e caprinos) ou monogástricos (suínos), visando realizar a integração agricultura-pecuária na sua propriedade, agregando mais valor ao produto final.
Tanto para suínos e aves, onde o milho representa aproximadamente 60 a 75% dos ingredientes da dieta, quanto em bovinos, onde perfaz aproximadamente esse mesmo percentual, só que do concentrado, qualquer efeito na qualidade ou custo deste ingrediente, afetará significativamente a resposta animal e os seus custos de produção.
Dados do Centro de Tecnologia da Pioneer indicam valores de 10,5 a 11% de PB e 85% de NDT para os grãos úmidos contra 8% de PB e 78% de NDT para o milho seco fornecidos às indústrias para produção de rações, o que pode significar, segundo KEPLIN (1997), em até 18% de aumento de produção de leite.
Confira o vídeo do Dr. Silagem com dicas de sucesso:
Ponto de colheita
O ponto de colheita é determinado pela umidade dos grãos, entre 30 a 40%, sendo que os melhores resultados parecem ser obtidos com valores entre 32 e 35%, segundo NUMMER FILHO (2001).
O ponto de colheita pode ser identificado pela camada preta na base dos grãos no meio de diversas espigas colhidas ao acaso no interior da área, ou através de estufas ou equipamentos para determinação da umidade. Desta forma, a colheita pode ser antecipada em 3 a 4 semanas, permitindo ao produtor antecipar o plantio da próxima cultura, seja ela feijão, sorgo, soja, etc., melhorando a eficiência de uso da área, com melhores respostas econômicas dentro do processo produtivo. Conforme dito anteriormente, a colhedora é a mesma da colheita tradicional do milho.
Compactação e armazenamento
Tanto o transporte, quanto a moagem e a compactação devem ser feitas de forma rápida e eficaz para evitar o início da deterioração aeróbia, seja dentro das carretas ou nos silos. Para moagem pode-se utilizar diversos tipos de moinhos disponíveis no mercado, ou até as próprias colhedoras de forragens adaptadas para quebrar os grãos, normalmente suficiente para utilização dos grãos na dieta de ruminantes.
Pode-se também laminar ou amassar os grãos utilizando cilindros com distância pré-determinada, de forma que seja rompida a estrutura dos grãos. A compactação pode ser feita com tratores e tem fundamental importância no resultado final da silagem.
A compactação deve proporcionar uma densidade mínima de 900 kg / metro cúbico, sendo o ideal, 1.100 a 1.200 kg. Qualquer tipo de silo pode ser utilizado, preocupando-se apenas com a facilidade de enchimento e descarregamento, além do correto dimensionamento com as exigências diárias de uso. Esse último aspecto é de fundamental importância, apesar de normalmente ser relegado a segundo ou terceiro plano, ou até desconsiderado. O tempo de armazenagem da silagem depende da compactação e da vedação do silo.
Um silo bem vedado pode manter os grãos por vários anos, porém a recomendação é que se armazene quantidades para uso em no máximo dois anos. O fechamento é geralmente feito com lonas pretas comuns, porém face a baixa qualidade destas e do alto valor do produto armazenado, tem-se recomendado o uso de lonas mais grossas, que apesar de mais caras, podem ser reutilizadas por até 4 anos, tornando viável o seu uso.
Durante o fechamento do silo é de fundamental importância a retirada do ar que está sob a lona, utilizando-se pneus velhos, areia, terra, tijolos, etc.
Utilização
Após a abertura do silo, aproximadamente 30 dias após o fechamento, ou até menos, dependendo da qualidade das tarefas executadas durante a ensilagem, o produtor deve retirar uma camada mínima de 10 cm. No entanto, deve-se preferencialmente dimensionar os silos para atingir 15 a 20 cm, fornecendo-se aos animais no mesmo dia, evitando-se armazenar este produto após a sua retirada do silo.
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Vantagens e desvantagens do uso desta técnica
Como vantagens: não existem taxas e impostos; não há transporte do produtor para a cooperativa ou fábrica de rações e vice-versa; não existe desconto de umidade, impurezas e grãos ardidos; os custos de armazenamento podem ser minimizados pela estrutura disponível na fazenda, não sendo mais pagos para terceiros; a colheita é antecipada em 3 a 4 semanas; há redução das perdas pelo ataque de roedores, fungos, carunchos e traças; seu custo independe do preço de mercado.
As desvantagens são a dificuldade ou impossibilidade de comercialização e a necessidade de preparo diário da dieta aos animais. Para ruminantes, isso não se constitui necessariamente em desvantagem já que a ração é preparada e fornecida diariamente, diferentemente de aves e suínos.