Seu laudo bromatológico pode não ter nenhum valor prático

Essa afirmação pode parecer controversa, mas se torna completamente verdadeira quando a amostragem do alimento não é executada da forma correta.

A análise de composição bromatológica é necessária para garantir a precisão na formulação de rações, em especial quando se utiliza ingredientes com elevada variação na composição, como por exemplo os coprodutos, dos quais podemos listar a casca de soja, polpa cítrica, caroço de algodão e DDG.

Dian et al. (2021) descreve o DDG como uma boa alternativa para alimentação de bovinos, porém adverte sobre a grande variação nutricional apresentada por esse ingrediente, o que ressalta em maior atenção frente a necessidade de análises bromatológicas constantes, podendo ajudar na economia de insumos e na uniformidade das dietas.

Obviamente essas análises não são feitas da totalidade do material recebido na propriedade, mas sim de uma pequena amostra que é retirada do lote total e encaminhado para o laboratório. Neste cenário é importante frisar a necessidade de retirar uma porção do todo que seja representativa deste lote, caso contrário o seu laudo não terá valor real.

Alguns dados obtidos pelo ESALQLAB evidenciam isso, e estão presentes na tabela e nas figuras a seguir. A composição bromatológica apresentada (Tabela 1) mostra os valores médios de dois diferentes coprodutos da produção de etanol, à medida que a figura 1 e 2 refletem os valores que apareceriam nos laudos caso a amostragem não fosse executada em vários pontos do lote.

Tabela 1. Composição bromatológica média de dois coprodutos do milho.

Figura 1. Composição bromatológica do farelo de milho seco com solúveis coletado em nove pontos diferentes.

Figura 2. Composição bromatológica do DDG – alta proteína coletado em nove pontos diferentes.

Os dados apresentados demonstram que o farelo de milho seco com solúveis possui em média 18,9% de proteína bruta (Tabela 1), entretanto, os valores dos diferentes locais de coletas mostram oscilações entre 17,3% e 21,7% (figura 1), representando uma amplitude de 4,4% nos teores de PB. Os demais nutrientes também apresentam variações expressivas que podem gerar prejuízos substanciais na formulação de dietas, caso a amostragem não seja representativa.

O mesmo ocorre com o DDG – alta proteína, que apresenta valores médios de 48,6% e 37% para PB e FDN respectivamente, porém nos diferentes pontos de coleta das amostras revelou teores proteína bruta maiores que 52% e de FDN menores que 33% (figura 2). Essas variações são muito elevadas pensando em nutrição e formulação de precisão, o que pode resultar em excesso ou escassez de nutrientes, comprometendo assim o resultado produtivo do sistema.

Frente ao exposto, compartilhamos dois lembretes importantes:

  • Lembrete 1: O laboratório analisa aquilo que chega a ele!
  • Lembrete 2: Não existem análises bromatológicas capazes de corrigir erros de amostragem!!

Essas máximas devem guiar o processo de amostragem, para que assim ela seja representativa e traga valores úteis e verdadeiros nas análises solicitadas.

Fonte: MilkPoint

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