Semana de ajustes: após dados da Conab, mercado recalcula rumo das commodities

Conforme a Conab, um novo recorde na safra de grãos deverá ser alcançado, com uma produção de 322 milhões de toneladas. 

A terceira semana de outubro foi marcada pela divulgação da primeira estimativa para a safra brasileira de grãos 2024/25. Conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), um novo recorde deverá ser alcançado, com uma produção de 322 milhões de toneladas. 

“Esse aumento é impulsionado principalmente pela expectativa de crescimento na produção de arroz, feijão e soja, que também devem ter suas áreas cultivadas ampliadas. Para o milho, a previsão indica uma redução de 5,4% na área plantada e de 1,1% no volume produzido”, ressaltam consultores da Markestrat Group. 

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Essas projeções da estatal brasileira influenciaram os preços das commodities no período.

Milho

Além da estimativa da Conab de menor produção para o milho, demais fatores impulsionaram as cotações do grão. No mercado físico, os preços do milho encerraram a sexta-feira, 18, a R$ 68,77  por saca, o que representa um avanço de 1,4% no comparativo semanal. No mercado futuro, os contratos na B3 com vencimento em novembro também apresentaram valorização, subindo 0,9% e fechando a R$ 69,26 por saca. 

“Esse cenário é impulsionado pela forte demanda  interna para a produção de ração animal, além do crescimento de investimentos e da produção de etanol a partir do milho, fatores que  aquecem o mercado e geram especulações sobre a oferta futura, pressionada pela estimativa de redução na produção de milho da safra  brasileira 2024/25”, dizem os analistas.

Na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), apesar da leve queda de 0,68% na sexta, o contrato mais negociado da commodity, com entrega para dezembro, fechou a semana com pequeno avanço de 0,7% ante o período anterior, com negócios na casa dos US$ 4,04 por bushel. 

“Apesar do aumento na produção americana e da pressão causada pela queda nos preços do trigo e do complexo soja, o crescimento dos  volumes de exportação do cereal americano acima do esperado resultou em uma reação nos preços em Chicago, sinalizando um  fortalecimento da demanda global pelo grão”, contextualizam os consultores da Markestrat.

Soja

Já a soja não conseguiu se sustentar ao longo da última semana, registrando queda tanto no mercado físico quanto nos contratos futuros. 

Em Paranaguá (PR), houve uma desvalorização de 0,7%, com a saca fechando a semana em R$ 140,42. Na CBOT, os contratos para novembro sofreram queda de 2,1%, encerrando o pregão regular de sexta-feira a US$ 9,70 por bushel.

“Essa pressão nos preços é resultado da maior oferta global e do aumento nos estoques mundiais de soja, somado às estimativas recordes para a produção da safra americana, que avança em bom ritmo. Além disso, as projeções para a safra brasileira 2024/25 são favoráveis e recordes, beneficiadas pelo aumento de área e produtividade, e pela melhoria das condições climáticas na América do Sul, o que também deverá favorecer a safra na Argentina”, explicam os analistas.

Cana-de-açúcar

Para o açúcar, os preços no mercado físico seguiram em alta e valorizaram 3,36% ao longo da última semana. A saca foi negociada a R$ 155,40, valor impulsionado pela redução do mix de açúcar e demanda aquecida. 

No mercado futuro de Nova York, entretanto, os preços sofreram uma queda de 2,9%, com o contrato Sugar n. 11 sendo negociado a 22,15 centavos de dólar por libra-peso, impulsionado pelas projeções da queda de produção de açúcar no mundo em razão dos desafios climáticos observados nos principais players.

Pecuária

A arroba do boi gordo no mercado físico atingiu R$ 300 na última semana, com uma alta de 1,2%, fechando a sexta-feira em R$ 302,10 por arroba, valores não observados há mais de um ano. Na B3, os contratos futuros para outubro (BGIc1) encerraram a semana em R$ 308,45 por arroba, apresentando uma leve queda de 0,5%.

“O movimento de alta no mercado físico é sustentado pela forte demanda interna e pelas exportações aquecidas de carne bovina, que permaneceram elevadas. Esse cenário ocorre em meio a uma oferta limitada de animais para abate, encurtando as escalas e pressionando os preços da arroba, o que afeta as margens dos frigoríficos”, analisa a consultoria.

Conforme o relatório semanal da empresa, esses fatores indicam uma transição para a fase de alta de preços do ciclo pecuário, com expectativa de valorização das categorias de reposição em breve. 

“No entanto, o aumento acumulado de 9,3% nas três primeiras semanas de outubro gera cautela entre os agentes financeiros, que intensificaram as operações de hedge, antecipando possíveis ajustes de preços”, alertam os consultores.

Referente à carne bovina, o aumento verificado no mercado físico já impacta o consumidor final, refletido na valorização da carne com osso no atacado, avalia a Markestrat. 

A valorização bovina também aumentou a competitividade de proteínas concorrentes, como a carne suína, que tem ganhado espaço no atacado em relação à carne bovina.

Fonte: Agro Estadão

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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