Semana da verdade para o boi gordo, confira agora!

Mercado virou uma “bagunça” com férias coletivas em importantes praças, escalas de abate alongadas e feriado do Dia dos Pais; O que esperar dessa semana?

Diferentemente do previsto para o período da entressafra, muitos frigoríficos continuaram ausentes da compra de gado e, com isso, deixaram os preços uma “verdadeira bagunça”. Além disso, segundo os analistas, as indústrias devem retornar ao mercado nos próximos dias tentando preços ainda mais baixos.

Para se ter uma ideia, no mercado físico do boi gordo os preços ofertados pelos poucos compradores ativos foram de estáveis a mais baixos, dando continuidade as quedas nesta sexta-feira (12), fechando a semana com tom de pessimismo. Mas afinal, o que esperar do mercado nesta semana, principalmente após um feriado onde é esperado aumento do consumo da carne bovina no mercado interno?

De acordo com o analista de Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias, muitos frigoríficos continuaram ausentes da compra de gado e devem retornar ao mercado nos próximos dias tentando preços ainda mais baixos, sinalizando para posição de conforto em relação a escala de abates. “Vale mencionar ainda que algumas unidades anunciaram férias coletivas ao longo dos últimos dias, fator que acaba trazendo pressão e preocupação entre os pecuaristas”, diz Iglesias.

Segundo a Scot Consultoria, na praça paulista após as notícias recentes e escalas que já estavam longas, as indústrias paulistas estiveram fora das compras, definindo quais serão os próximos passos. Com isso, os preços pagos pela arroba dos bovinos para abate não tiveram alterações na comparação feita dia a dia.

A cotação do boi, segundo a Scot, para mercado interno é de R$300,00/@, para o boi exportação paga-se R$310,00/@, para a vaca R$278,00/@ e para a novilha R$292,00/@, preços brutos e a prazo. Já o app da Agrobrazil, colaborando com as informações acima, apontou como melhor negociação da sexta, o valor de R$ 310,00/@ para a praça de Novo Horizonte, com pagamento à vista e abate apenas em setembro.

Já o Indicador do Cepea, seguindo na contramão do mercado, teve uma variação diária positiva de 2,83%, fazendo com que os preços saltassem de R$ 307,80/@ para o patamar de R$ 316,50/@ nesta última sexta. O preço em dólar seguiu a mesma trajetória e ultrapassou a casa dos US$ 62,00/@.

Escalas no maior patamar dos últimos 4 anos

A paralisação temporária de algumas unidades frigoríficas, motivada pela decisão da JBS em anunciar férias coletivas, trouxe novas apreensões para o mercado do boi gordo nesta segunda semana de agosto.

Nas regiões onde foram interrompidos os abates ocorreram fortes pressões sobre o preço da arroba e algumas indústrias optaram por se afastarem negócios devido a escala alongada, relata Yago Travagini, analista da Agrifatto. “Tal conjuntura reforça a tendência de ajustes negativos da arroba em plena entressafra, quando a expectativa era de movimento inverso”, destaca Travagini.

Veja abaixo as programações de abate nas principais regiões pecuárias, conforme o levantamento da Agrifatto:

  • SP – Os frigoríficos locais fecharam a sexta-feira com 17 dias úteis programados, alta de 3 dias no comparativo entre as semanas.
  • MG – As indústrias mineiras conseguiram avançar as suas escalas em 8 dias e a média das programações se encontram completas para 23 dias úteis.
  • PA – Os frigoríficos encerraram a semana com a média de 15 dias úteis programados, 3 dias de alta no comparativo semanal.
  • MS – As programações de abate se encontram na casa de 12 dias úteis, avançando 2 dias úteis sobre as escalas da sexta-feira anterior.
  • MT – As indústrias matogrossenses fecharam a semana com as escalas próximas dos 11 dias úteis, 4 a mais do que foi visto na última semana.
  • GO – As escalas de abate continuaram na média de 10 dias úteis, sem alterações ante a sexta-feira passada.
  • TO – Os frigoríficos locais fecharam a semana com as programações de abate na média de 8 dias úteis, avanço semanal de 1 dia.
  • RO – As escalas seguem próximas dos 7 dias úteis, em linha com o registrado na última semana.

JBS tenta ditar os preços da arroba

O cenário de abate de bovinos no maior estado produtor do Brasil deve sofrer uma inversão considerável neste mês, a contar desta turbulenta semana no qual a JBS está deixando milhares de produtores sem terem onde escoar animais. Ou vendem com a @ nas mínimas ou verão “boi sanfona” (quando perde peso depois de passar do ponto de abate).

Há dois dias o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgou aumento do número de cabeças que passaram pelos frigoríficos em julho, 461,17 mil (pouco mais de 3% sobre junho), no mesmo dia em que explodiu a bomba de paralisações de quatro unidades da JBS no estado.

Junto, vários concorrentes, menores, também saíram dos negócios e abateram mais os preços, contaminando outros estados, como em São Paulo. Como a situação segue confusa, sem que se saiba ao certo a realidade – e o grupo não informa nada oficialmente – não se projeta a data da volta das férias coletivas ou de paralisações definitivas em Juara, Juína, Colíder e Pontes e Lacerda.

O que se comenta é que o mercado interno não deixa espaço para compras de animais comuns, a esmagadora maioria dos lotes que chegam nas unidades. Sem margem, as indústrias não querem se comprometer com custo mais alto de originação.

Giro do boi gordo pelas praças pecuárias, segundo Agência Safras

  • Em São Paulo (SP), a referência para a arroba do boi teve mais uma queda e fechou com preço de R$ 300.
  • Em Dourados (MS), os preços despencaram para R$280.
  • Em Cuiabá (MT) a arroba de boi gordo ainda foi cotada em R$ 280.
  • Em Uberaba (MG), houve queda brusca e a arroba ficou em R$ 280.
  • Em Goiânia (GO), os preços do boi caíram R$10 e a cotação ficou em R$ 280 a arroba.

Preço médio da carne é o menor em quase 3 anos

O preço médio da carne bovina (carcaça casada), negociada no mercado atacadista da Grande São Paulo, está em R$ 20,20/kg na parcial de agosto (até o dia 9), conforme apontam dados do Cepa.

Essa média é 2,13% inferior à de julho deste ano, 7,74% abaixo da de agosto/21 e, também, a menor, em termos reais, desde outubro de 2019, quando esteve em R$ 17,95/kg (os valores médios mensais foram deflacionados pelo IGP-DI). Segundo pesquisadores do Cepea, a oferta de animais para abate seguiu baixa ao longo deste ano e as exportações, aquecidas.

Assim, o cenário de desvalorização da carne está atrelado ao baixo consumo da proteína bovina no mercado brasileiro, devido ao fragilizado poder de compra da população nacional, sobretudo em decorrência da elevada inflação. No acumulado deste ano (entre dezembro/21 e a parcial de agosto/22), a carcaça casada bovina registra desvalorização de 8,31%, em termos reais .

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