Sem supersafra, preços dos grãos seguirão elevados em 2022; CEO da companhia, atesta que as lavouras têm tido bom desempenho no país, mas lembra que o La Niña já reduz as chuvas no Sul.
Os preços dos grãos no mercado internacional tendem a seguirem firmes em 2022, na avaliação da SLC, uma das principais produtoras agrícolas do país. O CEO da companhia, Aurélio Pavinato, argumenta que o suporte às cotações virá de uma quebra nas expectativas de supersafra na América do Sul.
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, no início de dezembro, nota sobre preços e mercados agropecuários, com perspectivas para 2022, além de análise do último trimestre de 2021 e do balanço de oferta e demanda.
A edição segue com a participação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para as análises de produção e dos balanços de oferta e demanda domésticos e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) para as análises dos preços domésticos.
“Para 2022, os dois principais grãos – soja e milho – contarão com estimativa de produção positiva, o que pode contribuir para uma maior oferta no mercado doméstico”, sinalizou Ana Cecília Kreter, pesquisadora associada do Ipea e uma das coordenadoras da publicação. “Além disso, o Brasil é um dos principais produtores e exportadores da maior parte das commodities analisadas neste estudo. Qualquer mudança na estimativa de produção brasileira impacta também os preços internacionais”, complementa a pesquisadora.
De fato, o cenário para os próximos meses é positivo. Como complementa Allan Silveira, superintendente de Inteligência e Gestão da Oferta da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), “a perspectiva é de safra recorde para a soja (+3,4%), recuperação e expectativa de recorde na produção de milho (+34,1%) – prejudicada pela seca e geadas em 2021 -, leve queda na produção de arroz (-1,8%) e alta na produção de algodão (+12,6%)”. A melhoria nas condições climáticas deve beneficiar algumas culturas, como, por exemplo, o milho. “Se confirmada, o Brasil deve recuperar seu protagonismo no mercado internacional, como segundo ou terceiro maior exportador mundial da cultura, além de ter uma recuperação dos estoques esperados ao final do ano-safra 2022/23”.
A questão climática, que tanto trouxe preocupação para o produtor rural, também é apontada como um dos fatores determinantes para a safra 2022. O diretor de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, José Ronaldo Souza Júnior, sinaliza que o clima contribuirá para a formação dos preços dos produtos agropecuários. Além disso, o diretor aponta que “os preços internacionais apresentam tendência de crescimento graças ao movimento de recomposição de estoques por parte de diversos países e ao aquecimento da demanda por grãos, principalmente os destinados para ração animal”.
No terceiro trimestre deste ano, houve certa estabilidade em patamares elevados dos preços domésticos, na comparação com o trimestre anterior. No caso da soja, os baixos estoques no período e a demanda aquecida (tanto externa, quanto doméstica) justificaram a alta. O preço do milho, que subiu em julho e agosto com as preocupações com o desenvolvimento da safra, caiu em setembro graças ao avanço da colheita. A alta do trigo foi impactada pelas preocupações com o clima, a boa demanda doméstica e a elevada paridade de importação.
Segundo Nicole Rennó, pesquisadora da área de Macroeconomia do Cepea, os movimentos dos preços domésticos agropecuários no terceiro trimestre foram bem variados. “Para os grãos, a estabilidade em elevados patamares refletiu a boa demanda e a oferta ajustada. Na pecuária, frango, leite e ovos subiram com o aumento da demanda por proteínas mais baratas e dos custos de produção, mas a arroba bovina caiu diante da suspensão dos envios desta carne à China”, disse ela.
No caso do café, a oferta restrita da safra atual, decorrente da bienalidade negativa e o clima desfavorável foram responsáveis por colocá-lo no roll dos produtos que registrou o maior aumento de preço no terceiro trimestre deste ano. Os problemas climáticos vêm contribuindo para as altas no preço internacional em função da perspectiva de baixa produção para a safra 2022/2023.
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No mercado internacional, apesar da estabilidade no preço do frango, o efeito renda nos países da Ásia e Oriente Médio e problemas sanitários na África do Sul e México propiciaram um patamar de alta no terceiro trimestre. Neste período, os preços internacionais da carne bovina seguiram em alta, ao contrário dos preços domésticos, por conta da estiagem nos principais países produtores (Brasil e Estados Unidos), o tempo de recomposição do rebanho após retorno do incentivo de preço e das chuvas e o preço elevado dos grãos (base da alimentação animal nos períodos de seca prolongada).
Para o último trimestre de 2021, a expectativa de safra recorde de trigo (cuja produção deve ter alta de 23,3%) deve pressionar negativamente os preços domésticos. Além disso, há previsão de estabilidade nos preços da soja e da laranja. Mas o preço do arroz e da batata deve permanecer em patamar alto até o final do ano.