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O crédito rural é um dos pilares do agronegócio brasileiro e sua interrupção abrupta prejudica, sobretudo, os pequenos e médios produtores que encontram dificuldades em acessar financiamentos privados.
Não é novidade para ninguém que o agronegócio é um dos pilares da economia nacional, responsável por gerar empregos, impulsionar exportações e garantir alimentos acessíveis e justos para toda a população.
E nos permitimos utilizar uma licença poética afirmando: nós vivemos agro, vestimos agro e comemos agro. Aliás, o agronegócio brasileiro tem representado cerca de 21% do Produto Interno Bruto (PIB) e empregado aproximadamente 17% da força de trabalho nacional.
No entanto, o Tesouro Nacional anunciou, em 20 de fevereiro deste ano, a suspensão de novas contratações de financiamentos com subvenção federal nas linhas de crédito do Plano Safra 2024/2025, medida que entrou em vigor no dia seguinte.
As justificativas apresentadas é de que a alta dos juros e a disparada do dólar elevaram os custos do programa, que teve os recursos esgotados antes do esperado, e mais, o atraso na votação do orçamento deste ano no Congresso, que ainda não ocorreu e que travou os gastos do governo. Estas justificativas nos mostra despreparo, incompetência e má gestão do governo federal porque não sabem o que estão fazendo… estão “mais perdidos do que cego em tiroteio…”
O crédito rural é um dos pilares do agronegócio brasileiro e sua interrupção abrupta prejudica, sobretudo, os pequenos e médios produtores que encontram dificuldades em acessar financiamentos privados. Essa decisão vem em um momento crítico, quando os produtores se preparam para o plantio da safra e já assumiram compromissos com investimentos na produção.
Essa atitude intempestiva coloca em risco a continuidade da produção agropecuária, compromete a segurança alimentar e ameaça a estabilidade econômica do setor. A agricultura e a pecuária são atividades que carecem de planejamento estratégico e, consequentemente, de ações previsíveis.
A suspensão do crédito rural não só gera uma sensação de insegurança entre os produtores, como agrava um cenário já delicado em função da elevação dos custos dos insumos, combustíveis e das ameaças de ordem tributária.
Muitos produtores ainda estão colhendo a safra atual sem clareza ainda dos resultados que serão obtidos, sobretudo com a comercialização da primeira safra. Outros estão iniciando a segunda safra, contando com novos recursos a serem contratados. E aí?
Para quem acha que o agro não se autofinancia e depende exclusivamente do governo, está redondamente enganado, haja vista um trilhão do setor privado na produção agropecuária, fazendo frente aos pífios 4 bilhões que foram liberados pelo governo federal que “não fazem nem cosquinha”.
No entanto, a suspensão de novos financiamentos prejudica toda a cadeia produtiva e representa uma séria ameaça à nossa segurança alimentar, ao equilíbrio dos preços dos alimentos e ao abastecimento geral do País. Retirar o apoio governamental nesse momento é um golpe impiedoso e irresponsável.
Ora, o governo anunciou o maior Plano Safra da história, mas o dinheiro acabou antes da primeira safra. Será que a propaganda foi enganosa, igual a falácia da picanha? Agora, o produtor rural está sem crédito e quem mais sofre com essa irresponsabilidade é o cidadão, que paga caro pelos alimentos, mesmo os da cesta básica.
Afinal, até quando vamos aguentar essas incompetências generalizadas, a falta de previsibilidade de gestão e a ineficiência do governo federal? Terceirizar culpa é papel pusilânime.
O governo federal tem uma responsabilidade inegável em assegurar o financiamento necessário para que o setor continue a desempenhar seu papel vital.
Autores: Charlene de Ávila e Néri Perin
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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