Na prática, o uso das DEP´s (diferença esperada na progênie) aprimoradas pela seleção genômica não é tão simples como os pecuaristas gostariam
Por Marcos Jun-Iti Yokoo – Até pouco tempo, nos programas de avaliação genética e seleção de bovinos de corte, a seleção assistida por marcadores moleculares utilizando-se de poucos marcadores do tipo microssatélites, salvo algumas exceções, não foi muito eficiente, uma vez que, geralmente, as características de importância econômica são controladas por muitos pares de genes e, portanto, a informação destes poucos marcadores explica muito pouco a variabilidade genética. Depois, com a detecção de milhares ou milhões de polimorfismo de um único nucleotídeo (SNP), a seleção assistida por marcadores em escala genômica passou a ser uma realidade, dado o ganho em acurácia que os valores genéticos aprimorados pela genômica proporcionam, entre outras vantagens.
Desta forma, podem-se selecionar reprodutores e matrizes em idades jovens, diminuindo o intervalo de geração e controlando a consanguinidade, sem precisar expor o animal a fenotipagem (por exemplo, desafiar o animal a pegar carrapato para poder contar a carga parasitária, e correr o risco deste animal, adoecer ou pior, vir ao óbito).
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Na prática, o uso das DEP´s (diferença esperada na progênie) aprimoradas pela genômica não é tão simples como os pecuaristas gostariam. Ela depende muito das pesquisas, ou seja, do desenvolvimento das equações de predição, provenientes de rebanhos denominados “referência”, com animais fenotipados e genotipados, para se conhecer o potencial genético de cada marcador. De posse destas equações provenientes de rebanhos “referência”, de fenótipos de importância econômica, as Deogs (diferenças esperadas na progênie aprimorada pela genômica) permitem a identificação de animais geneticamente superiores, antes da coleta de dados fenotípicos, ou seja, em animais jovens, acelerando o processo de tomada de decisões e diminuindo os custos. Tudo isto, desde que uma confiável e ampla população de referência seja formada.
Atualmente, a Embrapa Pecuária Sul disponibiliza aos pecuaristas interessados em utilizar as genéticas Hereford e Braford o serviço de predição genômica para sete características (Pigmentação ocular, Pelame na desmama, Pelame no sobreano, Contagem de Carrapato, Peso ao Nascer, Peso à desmama e Peso ao Sobreano), representando um ganho em acurácia que varia entre 33% e 84% para estas características.
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Um exemplo prático para uma característica economicamente importante, a resistência ao carrapato, é: se um produtor utilizar um touro melhorador, ou seja, de alta resistência ao carrapato, avaliado pela Depg da Embrapa, os seus filhos em média deverão se infestar de carrapato, 33% menos comparado aos filhos de um outro touro com Depg de baixa resistência ao carrapato. Além disso, comparando a DEP tradicional de resistência ao carrapato com a Depg de resistência ao carrapato, a acurácia da DEP tradicional gira em torno de 26%, enquanto que para a Depg, esta acurácia sobe para 48%, garantindo uma maior confiança para o produtor poder fazer a seleção, portanto errando menos no processo de melhoramento genético.
O produtor que tem interesse em utilizar este serviço da Embrapa, basta extrair uma amostra biológica do referido animal e entrar em contato com a Embrapa Pecuária Sul pelo e-mail: cppsul.labegen@embrapa.br.
Por: Marcos Jun-Iti Yokoo – Zootecnista e pesquisador A – Melhoramento Genético Animal da Embrapa Pecuária Sul – Bagé/RS