À medida que enfrentamos novos desafios e oportunidades, a produção de carne bovina está se adaptando para atender às crescentes demandas de sustentabilidade, inovação e qualidade.
O futuro da pecuária bovina está prestes a ser redesenhado por uma série de megatendências que prometem transformar radicalmente o setor até 2040. À medida que enfrentamos novos desafios e oportunidades, a produção de carne bovina está se adaptando para atender às crescentes demandas de sustentabilidade, inovação e qualidade. Guilherme Malafaia, coordenador do Centro de Inteligência da Carne Bovina (CIcarne) da Embrapa Gado de Corte, destaca que essas transformações não são apenas inevitáveis, mas essenciais para a evolução do setor.
Em uma recente live promovida pelo Instituto Desenvolve Pecuária, ele explorou as principais tendências que moldarão o futuro da pecuária bovina. Este artigo do Compre Rural examina essas seis megatendências cruciais, oferecendo uma visão detalhada sobre como cada uma delas contribuirá para um futuro mais eficiente, sustentável e competitivo para a pecuária bovina. Acompanhe!
Produtos Biológicos
A crescente preocupação com a saúde e a segurança alimentar está impulsionando a adoção de produtos biológicos na pecuária bovina. Tradicionalmente, a sanidade dos bovinos foi gerida com o uso de produtos químicos, como antiparasitários e antibióticos, que podem deixar resíduos na carne e causar impactos ambientais negativos. No entanto, a tendência atual é a transição para produtos biológicos, que oferecem uma alternativa mais segura e sustentável.
Os produtos biológicos incluem vacinas, probióticos e fármacos à base de agentes naturais que visam controlar doenças e parasitas de maneira menos invasiva. Além disso, esses produtos podem ajudar a prevenir problemas de saúde que afetam o rebanho, melhorando a qualidade geral da produção. A utilização de produtos biológicos também contribui para a sustentabilidade ambiental, reduzindo a dependência de químicos sintéticos e promovendo práticas agrícolas mais alinhadas com os princípios da agricultura sustentável.
Portanto, a incorporação de produtos biológicos representa um avanço significativo na modernização da pecuária bovina, oferecendo benefícios tanto para a saúde animal quanto para a preservação ambiental.
Biotecnologia
A biotecnologia está revolucionando a pecuária bovina com suas inovações no melhoramento genético e na produção de carne. Ao aplicar tecnologias avançadas, a biotecnologia permite ganhos significativos na eficiência produtiva e na qualidade da carne, transformando a forma como os rebanhos são geridos e melhorados.
Melhoramento Genético: As ferramentas biotecnológicas, como a inseminação artificial, a transferência de embriões e a fertilização in vitro, estão proporcionando avanços notáveis na qualidade genética dos bovinos. A edição genética promete corrigir ou aprimorar características específicas, resultando em bovinos mais saudáveis e produtivos.
Aumento da Produtividade: A biotecnologia contribui para uma maior produtividade dos rebanhos através do desenvolvimento de animais que crescem mais rapidamente e atingem a maturidade com menor consumo de recursos. Isso não só aumenta a eficiência da produção, mas também reduz o custo por unidade de carne produzida.
Qualidade da Carne: A biotecnologia melhora a qualidade da carne, com características superiores como maior maciez e melhor marmoreio, atendendo às exigências de mercados mais sofisticados e valorizando o produto final.
A biotecnologia está, sem dúvida, na vanguarda da inovação na pecuária bovina, oferecendo soluções que aumentam a eficiência produtiva e garantem a qualidade e a sustentabilidade da produção de carne.
Mudança no modo de produção
O panorama da pecuária bovina está mudando de forma significativa, impulsionado pela necessidade de adaptar-se a novos desafios e demandas. Uma das principais mudanças é a diversificação da produção, que está se tornando uma estratégia essencial para enfrentar a redução das áreas de pastagem e melhorar a eficiência da produção.
O Brasil enfrenta a pressão de reduzir as áreas exclusivamente destinadas à pastagem devido à expansão urbana e à crescente demanda por alimentos. Para contornar esse desafio, os produtores estão adotando técnicas como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que ajuda a recuperar áreas degradadas, melhorar a qualidade do solo e aumentar a produtividade das propriedades rurais.
Além da ILPF, a intensificação da produção é outra resposta à necessidade de otimizar o uso da terra. O uso de tecnologias avançadas e sistemas de monitoramento digital também está desempenhando um papel crucial, ajudando a otimizar o manejo e a gestão dos recursos.
Essa transformação no modo de produção está levando a uma pecuária mais integrada e sustentável, que responde de maneira mais eficaz às exigências do mercado e às preocupações ambientais.
Bem-Estar Animal
O bem-estar animal está emergindo como um aspecto fundamental na pecuária bovina, refletindo uma mudança significativa nas expectativas dos consumidores e nas práticas do setor. Condições adequadas para os bovinos são essenciais não apenas para atender às exigências dos consumidores, mas também para assegurar a qualidade do produto final.
A digitalização e a tecnologia estão desempenhando papéis importantes na melhoria do bem-estar animal. Sistemas de monitoramento digital permitem um acompanhamento mais preciso das condições de saúde e do comportamento dos bovinos, facilitando a identificação precoce de problemas e a intervenção rápida. As boas práticas de bem-estar animal também são um requisito para a aceitação dos produtos no mercado, oferecendo uma maneira de validar as práticas de manejo e atender às expectativas dos consumidores.
Sustentabilidade
A sustentabilidade está se consolidando como um dos pilares centrais da pecuária bovina. A demanda por produtos que respeitam o meio ambiente está impulsionando a adoção de práticas sustentáveis em toda a cadeia produtiva da carne bovina, desde a produção até o processamento.
Redução das emissões de gases de efeito estufa e a gestão sustentável dos recursos hídricos são áreas críticas. O uso eficiente da água e o manejo adequado dos resíduos ajudam a minimizar a poluição e promover a eficiência dos recursos. Os frigoríficos estão se adaptando às novas exigências de sustentabilidade, incluindo o uso de energia renovável e a redução do consumo de energia.
A crescente demanda por produtos que atendem a altos padrões de sustentabilidade está redefinindo o mercado da carne bovina, com consumidores cada vez mais exigentes quanto à origem e à forma como os produtos são produzidos.
Denominação de origem
A denominação de origem está emergindo como uma ferramenta chave para a valorização e diferenciação dos produtos. Inspirada nas práticas comuns em vinhos e queijos, a denominação de origem permite identificar e valorizar carnes com características únicas associadas a regiões específicas, métodos de produção e até mesmo cortes especiais.
Essa estratégia de marketing não só ajuda a destacar produtos de alta qualidade, mas também responde à demanda por transparência e autenticidade. A denominação de origem pode ajudar a ampliar a presença dos produtos no mercado internacional, oferecendo uma vantagem competitiva ao associar a carne bovina a uma reputação de excelência e exclusividade.
Em suma, o futuro da pecuária bovina até 2040 será moldado por megatendências que promovem inovação e sustentabilidade. A adoção de produtos biológicos e biotecnologia promete melhorar a saúde animal e a produtividade, enquanto a mudança no modo de produção e o foco em bem-estar animal refletem uma necessidade crescente de práticas mais éticas e eficientes.
A sustentabilidade se torna um pilar essencial para atender às novas exigências ambientais, e a denominação de origem surge como uma estratégia para valorizar e diferenciar os produtos no mercado global. Adaptar-se a essas tendências é crucial para garantir uma pecuária bovina que seja não apenas competitiva, mas também responsável e alinhada com as expectativas dos consumidores e do meio ambiente.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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