Secretário de Agricultura de São Paulo fala sobre oportunidades e desafios para o setor após as queimadas no Estado.
As queimadas deste ano em São Paulo causaram prejuízos de R$ 2 bilhões ao agronegócio, segundo a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado. Foram mais de 480 mil hectares afetados em 8 mil propriedades rurais de 317 municípios, especialmente na produção de gado de corte, leite, cana-de-açúcar, frutas, mel e derivados, celulose e extração de látex. Agora, o Estado pretende investir pesado em irrigação. O secretário estadual de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Guilherme Piai, comenta os principais pontos do agro paulista e as oportunidades para o futuro.
Confira abaixo a entrevista:
Agro Estadão – Qual o impacto das queimadas de São Paulo para a economia e quais as medidas que foram tomadas?
Guilherme Piai – Foi criado o gabinete de crise com a participação da Defesa Civil, Bombeiros, Polícia Militar, secretarias do governo, setor privado, entidades e cooperativas. Para dar suporte aos agricultores, foram disponibilizadas linhas de crédito, seguro rural, moradia, segurança jurídica e ainda um número de WhatsApp para esclarecer dúvidas dos produtores. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento viabilizou R$ 130 milhões para produtores – são R$ 100 milhões para o seguro rural e R$ 30 milhões por meio de custeio emergencial, com crédito de R$ 50 mil e juro zero por produtor.
Agro Estadão – Em relação à gestão de riscos, que plano será adotado para evitar prejuízos no futuro?
Guilherme Piai – Para 2025, pretendemos investir em pesquisa e irrigação – e vamos liberar um crédito em dezembro em parceria com a Desenvolve SP. O objetivo é promover o desenvolvimento sustentável da agricultura, incentivando a implementação de tecnologias que aumentem a eficiência e ajudem a reduzir os riscos climáticos. Os recursos serão liberados para projetos com foco na implementação de sistemas de irrigação e energia fotovoltaica. Também pretendemos capacitar mais produtores com oficinas de prevenção e combate a incêndios. E, por meio do Programa Agro SP + Seguro, distribuir mais caminhões-pipa, picapes e kits de combate a incêndios (motobomba e tanque rígido).
Agro Estadão – Qual é o maior programa dedicado ao agro em São Paulo?
Guilherme Piai – Posso citar como destaques a irrigação, a rastreabilidade, a regularização fundiária e o CAR (Cadastro Ambiental Rural). Somos o Estado mais avançado na regularização ambiental do Brasil, com 100% das propriedades registradas no CAR. Dos 432 mil cadastros ativos, 81 mil estão validados no sistema e mais 20 mil em processo de validação.
Agro Estadão – Como o Estado tem incentivado a produção de etanol e biocombustível?
Guilherme Piai – O setor sucroenergético é o que vai fazer São Paulo liderar o processo de transição energética no Brasil. Temos um “pré-sal caipira” no Estado, um grande patrimônio chamado cana-de-açúcar. O avanço das energias limpas tem o potencial de criar mais de 20 mil empregos e atrair investimentos para a utilização do biometano. Esse combustível renovável será empregado pelas indústrias e integrado à nossa rede de gás. No setor automotivo, foram atraídos R$ 50 bilhões em investimentos, a maior parte voltada à produção de veículos com motores híbridos, híbridos flex e elétricos. E está em andamento a atualização do Protocolo Etanol Mais Verde, que fomenta o desenvolvimento sustentável do mercado sucroenergético.
Agro Estadão – Como o senhor vê a evolução do setor no Estado em relação à produção sustentável?
Guilherme Piai – São Paulo é uma potência agroambiental, com 25% da área preservada. A gente consegue duplicar a produção agrícola de São Paulo plantando árvores. Pelo segundo mês consecutivo, o agro de São Paulo ficou na frente de Mato Grosso em exportação. Até outubro, 18,4% das exportações de produtos agropecuários vieram de São Paulo, tornando o Estado líder na exportação desse setor em 2024.
Fonte: Agro Estadão
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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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