Seca mata milhares de cabeças de gado e ameaça pecuária na Argentina

Milhares de vacas mortas pela seca causam prejuízos milionários aos pecuaristas argentinos; cerca de 26 milhões de vacas estão em risco

Chuvas com quatro meses de atraso mataram pelo menos 3.000 cabeças de gado na província de Santa Fé, uma das áreas agrícolas mais ricas do país. Segundo um relatório da Bolsa de Valores de Rosario, cerca de 26 milhões de vacas estão em risco, metade do rebanho nacional.

Se as mortes desses animais continuarem na Argentina, onde as exportações de carne renderam mais de 3,4 bilhões de dólares em julho de 2022, pode ser desencadeado um problema alimentar nacional, diz o pecuarista Pablo Giailevra. Outra consequência da falta de chuva, das altas temperaturas e da falta de umidade são os incêndios recorrentes.

Segundo pecuaristas da região, como Gustavo Giailevra, a situação é assustadora. “Aqui nesta parte morreram mais de 200 vacas. Já fizemos várias dessas pilhas, de 50, 60, 70 animais. Se não chover e muito, entre março e abril teremos um problema alimentar no país que será único e histórico.” – Gustavo Giailevra, pecuarista argentino.

Toda a água armazenada em poços e represas está acabando, e os caminhões-tanque são uma solução cara para os agricultores. As regiões de Entre Ríos e Córdoba estão em uma situação semelhante, o que levou as autoridades a buscar uma solução. As perdas são milhões.

De acordo com o Sistema de Informação sobre Secas do Sul da América do Sul (SISSA), cerca de 50% do território nacional está sob diferentes graus de seca desde 10 de janeiro, o que, em termos de estoque, indica que praticamente metade do gado (48%) se encontra em áreas afetadas pela seca, o que representa cerca de 26 milhões de cabeças em risco, disse o relatório Rosgan da Bolsa de Valores de Rosario.

Atualmente, as províncias com maior proporção em situação crítica – ou seja, seca extrema a excepcional – são Chaco (58%), Salta (46%), Santiago del Estero (37%), Formosa (33%) e Jujuy ( 23%) contra uma média de 12,5% em todo o país. Se for considerada a área que está sob condição de seca severa, as províncias da área central, como Entre Ríos, Santa Fe e Buenos Aires com mais de 50% do território provincial afetado.

Segundo o relatório, essas províncias da área central -também somadas a Córdoba- concentram 65% do rebanho nacional e sua evolução é decisiva em índices como prenhez, desmame ou inclusive mortalidade, em nível de país.

“Ainda é muito difícil calcular os efeitos que essa estação seca vai deixar, já que essa fase climática ainda não foi concluída”, alerta Rosgan.

A previsão que integra os 12 modelos mais consultados do mundo ainda mostra chuvas abaixo do normal na Argentina para fevereiro e março, algo que estaria adiando o cenário de recuperação das reservas inicialmente previsto para fevereiro. Caso essas previsões se concretizem, “os efeitos que hoje já estão se refletindo regionalmente em uma maior mortandade de animais, podem acabar tendo um impacto mais significativo nos índices em nível de país”.

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