Seca histórica faz todas as cidades do AM decretarem emergência

A resposta do governo incluiu o anúncio de quase R$ 700 milhões para abordar a crise no estado. No entanto, a falta de soluções eficazes gerou críticas por parte da oposição e do Ministério Público Federal.

No cenário mais crítico em 121 anos, o Rio Negro e diversos outros rios do estado do Amazonas atingiram níveis alarmantemente baixos, deixando comunidades isoladas e quase 600 milhões de pessoas afetadas pela escassez de água e alimentos. A seca, que já perdura há mais de dois meses, torna-se uma ameaça crescente à saúde, com moradores adoecendo pela falta de água potável.

A situação é agravada pelas queimadas que há mais de um mês cobrem Manaus com nuvens densas de fumaça. A qualidade do ar na cidade é considerada péssima, causando problemas de defesa na população. No último domingo, fortes ventos originaram uma nuvem de areia, intensificando ainda mais os desafios enfrentados pela população local.

A combinação do El Niño com o aquecimento anormal do Oceano Atlântico prolonga a seca, com as chuvas previstas apenas para dezembro. A falta de água potável torna-se uma preocupação urgente, criando condições propícias para o ressurgimento de epidemias, como a cólera, e o aumento de doenças já presentes na região, como hepatite e rotaviroses.

Todas as cidades do estado agora estão em situação de emergência devido aos registros negativos nos níveis dos rios. Muitas pessoas encontram-se ilhadas, com escassez de alimentos e água potável. O transporte fluvial está interrompido, agravando a dificuldade de acesso a suprimentos essenciais.

A população amazonense aguarda ansiosamente a previsão de chuvas para dezembro, mas a recuperação total da região só é esperada para o próximo ano. Enquanto isso, o governo enfrenta críticas pela resposta insuficiente à crise, com a necessidade urgente de recursos para enfrentar a seca, as queimadas e os desafios de saúde pública que assolam o estado.

Posicionamento governamental à crise

Em meio ao cenário de crise, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), parece patinar em meio a uma resposta eficiente. Apesar de destacar a pauta ambiental como uma de suas bandeiras, a administração luta para lidar com os desafios que afetam 38 milhões de brasileiros na região.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ​​(Ibama) admitiu a insuficiência de sua estrutura no combate ao fogo. Rodrigo Agostinho, presidente do órgão, acompanhou a necessidade de melhor planejamento e estruturas mais eficazes. Enquanto isso, cenas desoladoras de rios se transformaram em paisagens áridas, a morte de centenas de botos e comunidades isoladas se tornaram realidade cotidiana.

A resposta do governo incluiu o anúncio de quase R$ 700 milhões para abordar a crise social e ambiental. No entanto, a falta de soluções eficazes gerou críticas por parte da oposição e do Ministério Público Federal (MPF). As demandas crescentes de preparação para eventos climáticos extremos também ecoam, especialmente com alertas da comunidade científica internacional sobre a intensificação da seca devido ao El Niño.

A situação se agrava com o desmatamento da floresta, que agora é ocupada pelo crime organizado. As queimadas prometem ser um ponto de discussão crítica na Cúpula do Clima (COP-28) nos Emirados Árabes, onde o governo brasileiro será cobrado por resultados após as promessas ambientais feitas no início do ano. O ex-presidente Lula não visitou a região da floresta para lidar diretamente com a crise.

Enquanto o governo enfrenta críticas, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, visitaram o Amazonas, anunciando R$ 627 milhões em áreas como Saúde, Defesa Civil, Meio Ambiente, Segurança e Desenvolvimento Social. No entanto, a insuficiência da resposta e o colapso ambiental levantam dúvidas sobre o planeamento governamental.

O Ibama, pressionado, revelou um aumento de 18% no total de brigadistas e uma elevação no orçamento. Agora, o governo planeja solicitar verba do Fundo Amazônia para fortalecer o combate ao fogo, mas os trâmites e a liberação dos fundos só deverão ocorrer no final do ano. Enquanto isso, as queimadas persistem, e especialistas alertam para a necessidade de um planejamento estratégico para abordar as raízes do problema.

A crise no Amazonas não apenas expõe a fragilidade da resposta governamental, mas também destaca a urgência de medidas efetivas para proteger a região e suas comunidades vulneráveis.

Escrito por Compre Rural.

VEJA TAMBÉM:

ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Juliana Freire sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias

Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.

Siga o Compre Rural no Google News e acompanhe nossos destaques.
LEIA TAMBÉM