Em ano de poucas chuvas a estiagem preocupa os produtores de cana-de-açúcar; escassez hídrica gera quebra na safra de cana-de-açúcar e prejudica o plantio
Até 01 de agosto de 2021, a moagem de cana-de-açúcar apresentou uma retração de 7,31% quando comparado ao mesmo período do último ciclo agrícola (safra 20/21). Já o impacto no rendimento dos canaviais foi ainda maior, segundo o CTC (centro de tecnologia Canavieira) – registraram produtividade de 86,5 toneladas por hectare colhido ante 75,7 toneladas, somando uma queda acumulada de 17,9%.
A safra 2021/22 de cana-de-açúcar deve ser 15% menor do que a safra anterior, como estima a Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil, com uma produção de aproximadamente 530 milhões de toneladas no Centro-Sul do Brasil, depois de um longo período de estiagem.
A continuidade do tempo seco sobre o Centro-Sul, aliada à ocorrência de geadas em áreas produtoras de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná, aumentou as preocupações em torno do real tamanho da quebra de safra em 2021/22.
De acordo com a União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (UNICA), a primeira metade de julho/21 registrou o processamento de 45,6 milhões de toneladas de cana, 2,4% a menos do que o volume obtido na moagem do mesmo período na temporada passada. As poucas chuvas exigiram alterações no cronograma de colheita em algumas regiões, impactando o rendimento da lavoura.
Para Leonnardo Ferreira Lopes, diretor de Operações da Yes, a ausência de chuvas contribui para projeções pouco otimistas em relação a duração da safra atual e, em médio prazo, para a safra 2022/2023.
“Observamos em 2021 as menores médias de chuva dos últimos 30 anos. A deficiência hídrica prejudicou o crescimento da cana, reduzindo a quantidade total da produção em toneladas. Este fato consequentemente reduz o período de moagem e promove o encerramento prematuro da safra”, pontua Lopes.
Para Lopes é preciso planejamento para enfrentar esse momento. Como uma forma de mitigar essa quebra na produção de cana-de-açúcar, Lopes acredita que produtores e usinas devem investir na produtividade da cana através de tecnologias que podem aumentar a produtividade da lavoura.
“A menor safra de cana-de-açúcar no Brasil deve impactar na produção dos derivados de levedura utilizados para a nutrição animal. Quanto menor o período de safra, maior a necessidade de estocagem do produto a fim de manter o abastecimento”, pontua.
Ainda, para o executivo, a quebra da safra deve ser compensada pelos maiores preços de comercialização. “Esses mesmos preços mais elevados de açúcar e de etanol deveriam ajudar a manter as margens das usinas mesmo frente a um aumento relevante dos custos unitários oriundos de insumos mais caros, um volume menor de moagem e de produção. Conhecemos os desafios da produção e das usinas, e sabemos que são enormes no Brasil, além dos fatores internacionais que modificam diariamente as negociações. A atual situação deixou o cenário ainda mais preocupante. O risco de redução drástica na produção é grande, puxado, principalmente, pela seca”, finaliza Lopes.