Se arroba bater R$ 240, confinamento cresceria!

Segundo presidente da entidade, a arroba deveria custar cerca de R$ 240 para estimular a atividade, R$ 20 a mais do que a média atual informada pelo Cepea.

O presidente da Associação Nacional da Pecuária Intensiva (Assocon), Maurício Velloso, afirma que os pecuaristas estão agindo com bastante precaução, pois o alto custo da reposição e dos insumos tem limitado a atratividade do confinamento. A entidade mantém a projeção de queda de 18% na intenção de confinamento em 2020 na comparação anual, de acordo com informações coletadas com os associados (cerca de 1.400 unidades mapeadas).

Velloso considera que a arroba deveria custar cerca de R$ 240 para estimular a atividade de confinamento. São pelo menos R$ 20 a mais do que a média reportada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) na sexta-feira, 17.

Ele afirma que, considerando os valores em dólares, a arroba está cotada no segundo menor valor da série histórica. Ou seja, há muita atratividade para o mercado externo, mas com custos muito altos para quem utiliza de tecnologia e tem custos dolarizados. “O confinamento hoje necessita extremo profissionalismo do pecuarista para ter lucratividade”, diz Velloso.

Giros de confinamento

De acordo com o analista da Safras & Mercado Fernando Iglesias, a pecuária se divide em duas modalidades principais de produção: a extensiva e a intensiva. A primeira é de pasto e caracteriza a safra entre novembro e maio. Enquanto que a segunda é a de confinamento no período de seca. No confinamento há dois giros, o primeiro entre o fim de maio e fim de julho e o segundo de agosto até meados de dezembro.

Iglesias afirma que o primeiro giro neste ano foi menos atrativo, pois a decisão foi tomada em momento de preços baixos da arroba, em março, em virtude das projeções em relação à pandemia do novo coronavírus. A menor oferta, somada à ótima demanda da China, gerou alta dos preços entre junho e julho, segundo ele. Assim, o segundo giro teve uma atratividade maior, pois os preços já estavam em patamares mais interessantes no momento da tomada de decisão.

Apesar disso, Iglesias estima queda na intenção de confinamento total no país em 2020, na comparação com 2019, de cerca de 2,5%, em boa medida em virtude de um primeiro giro muito discreto neste ano. No ano passado, o número de animais confinados foi estimado em 5,25 milhões de cabeças, e a estimativa para 2020 é de 5,12 milhões.

Tendência do mercado para 2021

Maurício Velloso projeta que o cenário de retração da oferta permanecerá até o início de 2021, a não ser que haja uma sinalização de preços mais convidativos aos pecuaristas. Em relação ao segundo giro, ele ainda vê um valor muito alto para a reposição limitando o aumento da intenção.

O presidente da Assocon avalia que a entrada de investidores que muitas vezes não são pecuaristas traz movimento especulativo e gera dificuldades no mercado de boi magro.

Com informações do Canal Rural

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