Santa Catarina é o terceiro maior produtor de alho do país

Apesar das adversidades climáticas, produtores colheram alho de boa qualidade na safra 2020/21; produção segue sendo uma boa opção de negócio para o Estado

Com uma produção de 14.700 toneladas na safra 2020/21, Santa Catarina se mantém como o terceiro maior produtor de alho do país. A falta de chuva afetou a produção, mas a qualidade para o consumo foi garantida, apesar dos bulbos de menor calibre, o que reduz o preço no mercado. Por outro lado, a colheita foi marcada pela alta sanidade, o que permite aos produtores estocarem o produto por mais tempo, à espera de melhores preços para comercialização.

Segundo Jurandi Teodoro Gugel, analista da Epagri/Cepa, a estimativa inicial para safra de alho 2020/21 era de aproximadamente 20 mil toneladas. Contudo, a estiagem afetou a produção e forçou, em alguns períodos, que muitos produtores racionassem água para irrigação em função do desabastecimento dos reservatórios e mananciais. A falta de chuvas desde o período de plantio contribuiu para a redução na área cultivada, o que impactou negativamente o total produzido. Na safra anterior, Santa Catarina havia produzido 16.400 toneladas da hortaliça.

Apesar dos problemas climáticos ocorridos em praticamente todo o ciclo da cultura, como estiagem, vendavais e granizo, que se refletiram na quantidade e qualidade comercial da hortaliça, a safra catarinense está trazendo bons resultados econômicos para a maioria dos produtores catarinenses, que têm conseguido comercializar o produto com valor acima do custo médio de produção, que foi de R$6,660 o quilo para muitas propriedades.

O alho catarinense foi colhido entre dezembro e janeiro e segue agora em plena fase de comercialização. Jurandi relata que no início de abril os produtores catarinenses haviam comercializado 55% dos seus estoques, o que é considerado um ritmo lento. “Esse alho foi produzido em período mais seco, o que lhe deu melhor sanidade, permitindo mais tempo de armazenamento”, descreve o analista. Assim, os agricultores seguem uma estratégia de comercialização escalonada, na busca de um preço mais favorável para colocar a produção no mercado.

Oferta e demanda

Em 2019 o Brasil produziu 131 mil toneladas e consumiu 296 mil toneladas de alho, o que forçou o país a importar 165 mil toneladas. “Produzimos menos da metade do consumido naquele ano e, para 2020, especula-se que o consumo tenha chegado a 330 mil toneladas”, relata Jurandi. Ele explica que o Brasil precisa superar alguns gargalos para produzir mais.

Segundo o analista da Epagri/Cepa, é necessário reduzir o custo de produção da hortaliça no território nacional. Dentre outras questões, “automatizar o plantio poderia ser uma solução, pois é uma atividade que demanda muita mão de obra, que muitas vezes só a família agricultora não supre, é preciso contratar” detalha.

Jurandi lembra que o uso de sementes de qualidade é outro diferencial para elevar a produção. Nesse sentido, ele destaca o estudo da Epagri, em parceria com a Embrapa, para desenvolvimento de sementes de alho livre de vírus. “Essa é a principal tecnologia que tem contribuído para o aumento da produtividade da hortaliça no Brasil”, destaca.

Com mais produção, o Brasil poderia fazer frente ao produto chinês, que chega ao Brasil com preços muito baixos, e também ao produto da Argentina, nossos principais fornecedores. “A China produz 77% de todo o alho mundial, eles dão as cartas no mercado internacional”, atesta Jurandi. Ele lembra que, apesar da política antidumping nacional, que taxa o quilo do alho chinês em US$ 0,78, o produto ainda chega no Brasil a um preço baixo. Em contrapartida, o alho chinês é de qualidade muito inferior ao produto nacional e o consumidor brasileiro vem dando cada vez mais importância a essa questão, na avaliação do analista.

De acordo com Jurandi, Santa Catarina é o berço nacional da cultura do alho, que iniciou na região de Curitibanos. Por isso, o Estado segue até hoje como uma referência em produção e pesquisa nessa cadeia produtiva. Para a próxima safra o analista prevê um discreto crescimento na área plantada no Estado, de 3% a 5%. “Mesmo com os problemas climáticos que o Estado seguidamente enfrenta e os desafios técnico-produtivos, a cultura ainda encontra um ambiente positivo em Santa Catarina, do ponto de resultado econômico da produção”, avalia ele.

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