Nesse mesmo período, o El Niño ganhou força e teve impactos no Brasil, como temporais no Sul e seca no Nordeste. Especialistas ouvidos, no entanto, divergem sobre a influência do fenômeno climático para ajudar São Paulo a sair da crise hídrica antes do esperado.
Segundo o meteorologista Marcelo Seluchi, coordenador geral de operações e modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), estatisticamente não há uma relação entre o El Niño com as chuvas no Sudeste.
“Talvez a única relação que temos, nós pesquisadores, é que durante os anos do El Niño as chuvas no Sudeste ficam longe da normalidade”, afirmou. O meteorologista explica que São Paulo teve novembro e dezembro mais chuvosos, o que não significa que janeiro e fevereiro seguirão a mesma tendência porque o El Niño pode oscilar entre períodos mais secos e mais chuvosos.
Já uma pesquisa inédita sobre impacto do El Niño nos índices de chuva, feita pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica (ELAT) do Inpe e divulgada em novembro, apontou que a ocorrência de tempestades na região Sudeste no verão deve ser 20% maior em relação aos anos anteriores. O auge dos temporais deve ocorrer na primeira quinzena de fevereiro.
“O estudo verificou quando ocorre o evento El Niño muito intenso, os efeitos do aumento das tempestades não ficam restritos à região Sul, e se estende ao Sudeste e ao Mato Grosso do Sul”, explicou o coordenador do Elat/Inpe, Osmar Pinto Junior. A causa das tempestades – chuvas de forte intensidade e de curta duração – é uma combinação de temperaturas mais altas, circulação atmosférica que mais sistemas frontais que chegam à Região Sudeste.