Desde a alimentação nos Jogos Olímpicos dos milhares de atletas até os materiais esportivos utilizados nas competições, o campo tem um papel fundamental.
Os Jogos Olímpicos de 2024 está dominando as mídias desta semana, mas você já se perguntou qual é a relação entre esse grandioso evento e o setor agropecuário? A resposta é: muita coisa! Desde a alimentação dos milhares de atletas até os materiais esportivos utilizados nas competições, o campo tem um papel fundamental.
Os mais de 10.000 atletas que competem nas Olimpíadas precisam de uma alimentação balanceada e nutritiva, e é o agro que fornece todos esses alimentos. Frutas, legumes, carnes e grãos – todos esses produtos são cultivados e produzidos com dedicação e tecnologia nas fazendas ao redor do mundo.
Já os uniformes das delegações, por exemplo, muitas vezes utilizam algodão, um produto agrícola. Além dos diversos equipamentos esportivos têm sua origem no campo. O taco do polo equestre é feito de cana-da-índia, a raquete de tênis de mesa vem da madeira, e as bolas de beisebol são confeccionadas com couro, mostrando a versatilidade dos produtos agropecuários.
A importância da grama perfeita
A cerimônia de abertura está marcada para esta sexta-feira, mas as competições de futebol feminino e masculino já começaram. Para que os jogos tenham o mais alto nível, é essencial que os gramados estejam em perfeitas condições. A produção de grama é tratada com o mesmo cuidado que qualquer outra cultura agrícola, e nesse aspecto, o Brasil se destaca no cenário mundial.
Na última Copa do Mundo no Catar, a grama utilizada, conhecida como Platinum TE, é uma variedade nativa do Brasil. Em uma edição do programa Agro em Campo, exibido no Canal Rural antes do torneio, o engenheiro agrônomo e mestre em Agronomia pela Unesp, Patrick Ferreira, explicou os critérios para um gramado ideal.
“Existem algumas normas e avaliações que você faz no gramado antes dele ser considerado propício para a jogabilidade. A resistência do gramado é fundamental – ele não pode se desfazer facilmente quando um jogador chuta a bola. A grama deve rolar perfeitamente e atingir uma extensão mínima, com uma velocidade adequada. Esteticamente, o gramado deve estar verde e denso, sem áreas amareladas e livre de doenças e plantas invasoras”, explicou Patrick Ferreira.
O agrônomo Rodrigo Santos, peça-chave no desenvolvimento dos gramados utilizados no torneio, revela os detalhes desse complexo processo. Rodrigo Santos explica que a grama é produzida em um sistema irrigado com pivô central. “É uma cultura de ciclo longo, que leva cerca de um mês para se desenvolver, e a planta não é cultivada por sementes, mas sim por mudas,” esclarece Santos. “O manejo é semelhante ao de qualquer lavoura: correção do solo, adubação frequente, controle de pragas e doenças, além da poda, que é fundamental para estimular um crescimento rápido e uniforme da grama.”
A preferida dos estádios
No Brasil, mais de 90% dos estádios utilizam a espécie Bermuda, reconhecida por sua alta capacidade de regeneração e características que se adequam ao calendário intensivo do futebol brasileiro, com mais de 70 jogos por temporada. “A Bermuda possui folhas macias e finas que amortecem as quedas dos jogadores, permitindo uma jogabilidade eficiente. Além disso, devido ao seu crescimento rizomatoso e estolonífero, a grama é extremamente tolerante ao pisoteio constante,” destaca Santos.
O maior polo de produção de gramas do Brasil está em Tatuí, no interior de São Paulo, a 130 km da capital. Nesta fazenda, são cultivados cerca de 500 hectares de grama anualmente, com grande parte da produção destinada a estádios de futebol e campos de golfe no país.
A engenheira agrônoma Maristela Kun, responsável pela implantação de gramados em vários estádios brasileiros, ressalta a importância de um manejo adequado e do compromisso com a qualidade. “Nosso trabalho não se resume apenas ao cultivo; estamos também envolvidos na implantação e manutenção dos gramados, assegurando que estejam em condições perfeitas para as competições,” explica Maristela.
A qualidade dos gramados em eventos esportivos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos é crucial para o desempenho dos atletas e a realização das partidas. Um dos organizadores da Copa do Mundo no Brasil em 2014 e dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro em 2016, especialista na área, revela detalhes sobre a escolha e o manejo do solo para garantir campos perfeitos.
Escolha do Solo
Segundo o especialista, a escolha do tipo de solo é fundamental para a qualidade do gramado esportivo. “É essencial evitar solos muito argilosos. Quando a grama é produzida em regiões com alta concentração de argila, as placas resultantes não são ideais para o esporte, pois dificultam a drenagem,” explica. “Precisamos de um solo que permita a drenagem eficiente. Em uma arena esportiva, deve ser possível que chova ao meio-dia e que, às 3 da tarde, o campo já esteja em condições ideais para jogo. Melhor ainda, o campo deve suportar uma chuva pesada durante a partida sem comprometer a jogabilidade.”
Idealmente, a produção de gramados para esportes deveria ser feita em areia pura ou quase pura. “Estamos constantemente tentando desenvolver e aperfeiçoar esse tipo de solo para alcançar condições próximas do ideal,” comenta o especialista. “A produção de um gramado de futebol envolve muitos cuidados específicos, mostrando o quanto o agro é essencial para proporcionar a emoção de um gol.”
Resumindo, a produção de gramados de alta qualidade para eventos esportivos é um processo complexo que depende de uma série de fatores agrícolas. Desde a escolha do solo até a manutenção contínua, cada detalhe contribui para garantir que os campos estejam em perfeitas condições para as competições. A expertise e dedicação de agrônomos e especialistas no manejo do solo são essenciais para o sucesso dos grandes eventos esportivos, demonstrando a importância do agro até mesmo na emoção de um gol.
Escrito por Compre Rural
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ℹ️ Conteúdo publicado pela estagiária Ana Gusmão sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
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