A entidade vem recebendo informações de sojicultores sobre atrasos na entrega, de cancelamento de contratos e de pedidos de compra de fertilizantes e defensivos.
A ameaça de falta de insumos para o plantio da safra 2021/2022 – que já está autorizado na maior parte do País – é motivo de preocupação para a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil). A entidade vem recebendo nos últimos meses informações de sojicultores sobre atrasos na entrega – e o que é mais preocupante – de cancelamento de contratos e de pedidos de compra de fertilizantes e defensivos, entre eles do herbicida glifosato, um dos mais utilizados no planeta.
Na prática, a falta destes produtos pode comprometer a produção rural brasileira, que é o principal alicerce da economia do País na atualidade. Isso porque a não aplicação de insumos no momento correto do plantio de soja e de milho reduzirá o volume e a qualidade da safra de grãos produzidos no País.
Sem fertilizantes e defensivos, as lavouras perdem produtividade, que é vital para a garantia da renda dos produtores e da sustentabilidade social e ambiental, pois representa produzir mais alimentos com menor utilização de recursos e de área de plantio.
Se o desabastecimento de insumos vier a se confirmar, a cadeia produtiva terá imensos prejuízos financeiros. Os consumidores, sobretudo os economicamente vulneráveis, serão atingidos diretamente pelo aumento da inflação nos alimentos.
Para deixar a situação ainda mais crítica, o atraso na aplicação destes insumos nas lavouras de soja pode reduzir o período adequado para o cultivo do milho da safra verão e, consequentemente, resultar em desabastecimento do cereal e encarecimento dos preços do milho, carnes, ovos, leites e derivados.
Diante de tais ameaças, pedimos aos produtores que continuam levando ao conhecimento da Aprosoja Brasil todos os casos de cancelamentos, assim como o nome das empresas envolvidas, para que sejam adotadas as medidas necessárias e gestões para buscar normalizar o abastecimento.
A entidade solicita também às empresas que cumpram os contratos firmados e pedidos retirados e, assim, evitem que os tratos culturais, e em especial o controle de ervas daninhas, fiquem comprometidos. Tais cumprimentos não diferem em nada da postura que tem sido exigida dos produtores rurais diante dos contratos com as empresas que os financiam e compram sua produção.
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Num passado recente os produtores já foram prejudicados com a retirada de produtos como o herbicida Paraquate, cujo melhor substituto disponível já custa mais de 50% do seu preço original. Também nessa oportunidade, os produtores experimentaram a falta do produto. Não queremos, portanto, crer que a finalidade deste impasse seja redefinir preços de insumos essenciais à produção de alimentos. Acreditamos que esta situação deve ser superada através do diálogo, da transparência e de posturas responsáveis.
E não há dúvidas de que este cenário de incertezas nos permite cravar uma certeza: que o atraso para a entrega de fertilizantes e defensivos indubitavelmente reacenderá a discussão sobre a necessidade de revisão de contratos entre produtores e os demais atores da cadeia de forma que o risco da operação seja melhor compartilhado entre as partes. Hoje fica claro que recai exclusivamente para o produtor.
Fonte: Aprosoja