Safra de inverno 2022 teve áreas e produtividades superiores ao ano anterior

A maior produtividade do Estado foi obtida na regional de Caxias do Sul, com 4.099 kg/ha. A produção estadual foi avaliada para 5.172.718 toneladas.

A Emater/RS-Ascar realizou a terceira estimativa da Safra de Inverno 2022, com dados quantitativos obtidos pelos 497 escritórios municipais no Estado, após o encerramento da colheita. Os dados constam no Informativo Conjuntural, produzido e divulgado nesta quinta-feira (05/01), e se referem às culturas do trigo, canola, cevada e aveia branca grãos.

A área de cultivo de trigo, cuja colheita está encerrando no Estado, alcançou 1.474.364 hectares, cerca de 20% superior aos 1.228.978 hectares cultivados no ano anterior. A produtividade obtida foi avaliada em 3.508 kg/ha, sendo 21,61% mais alta do que a safra 2021.

Entre as regiões administrativas, em um primeiro agrupamento, com produtividade entre 2.404 e 2.962 kg/ha, estão as regiões de Porto Alegre, Pelotas e Bagé. Em um agrupamento intermediário, entre 3.229 e 3.378 kg/ha, estão as regiões de Frederico Westphalen, Soledade e Santa Maria. O terceiro agrupamento é composto pelas regiões de Santa Rosa, Lajeado, Ijuí, Erechim e Passo Fundo, que produziram entre 3.565 e 3.833 kg/ha.

A maior produtividade do Estado foi obtida na regional de Caxias do Sul, com 4.099 kg/ha. A produção estadual foi avaliada para 5.172.718 toneladas, sendo 45,88% superior às 3.545.796 toneladas da safra 2021.

A área de cultivo de canola foi de 54.565 hectares, com elevação de 43,48% em relação aos 38.029 cultivados na safra anterior. A produtividade foi de 1.864 kg/ha, com variação positiva de 28,85%, em relação à safra passada. As quatro regiões com maior extensão de cultivo – Santa Rosa, Santa Maria, Ijuí e Bagé – foram responsáveis por 93% da produção estadual e apresentaram produtividades muito semelhantes, entre 1.859 e 1.967 kg/ha.

A produção estadual em 2022 foi avaliada em 101.734 toneladas, representando um acréscimo de 85,76% em relação às 54.767 toneladas produzidas em 2021.

A área de cultivo de cevada em 2022 foi de 37.729 hectares, 3,59% superior a 2021. A produtividade foi de 3.376 kg/ha, sendo 10,82% superior a obtida no ano anterior, de 3.046 kg/ha.

A produção estimada foi de 127.355 toneladas, sendo 14,81% maior do que as 110.929 toneladas obtidas na safra antecedente. Um aspecto importante a destacar é a excelente qualidade dos grãos colhidos na safra 2022: em torno de 95% é de primeira qualidade (peneira 2,5mm x 22mm + 2,8 mm x 22mm), e o percentual de germinação está acima de 95%. Outro fator positivo foi a baixa presença de micotoxinas (Desoxinivalenol), dentro dos limites permitidos pela legislação que regula a indústria de malte.

A área de cultivo de aveia branca grãos foi de 352.161 hectares, sendo 2,52% superior aos 343.511 hectares da safra 2021. A produtividade obtida foi de 2.586 kg/ha, significando uma elevação de 9,71% em relação à anterior, de 2.357 kg/ha.  

A produtividade apresentou grande amplitude entre regiões – entre 1.400 e 2.859 kg/ha –, advinda especialmente das diferentes conduções dos cultivos e baseados no destino final da produção, porém foi a menor na produção de grãos para sementes e arraçoamento animal e a maior para indústria alimentar humana.

O detalhamento dos dados quantitativos sistematizados por região administrativa pode ser acessado em “Acompanhamento de Safras”, publicado no site da Emater/RS-Ascar. Link de acesso: https://www.emater.tche.br/site/info-agro/acompanhamento_safra.php#.Y7banBXMLDc

Culturas de verão

Soja – A área projetada para a safra 2022/2023 é de 6.568.607 hectares. A produtividade estimada é de 3.131 kg/ha. Houve a ocorrência de chuvas em dois momentos distintos: o primeiro em 27 de dezembro e o segundo em 1º de janeiro. Contudo, as precipitações foram em volumes variáveis, mal distribuídas e não alcançaram todas as zonas de produção. Isso não permitiu a conclusão da semeadura em algumas regiões. A implantação da cultura alcançou 96% da área inicialmente prevista.

Foto Divulgação

Onde houve ocorrência de chuvas, os produtores realizaram plantio e replantio, porém a umidade nos solos pode não ser suficiente para o adequado estabelecimento das lavouras, especialmente em áreas onde foi efetuado o preparo com o uso de grade. Nas lavouras com elevada quantidade de palha residual, as chances de estabelecimento são significativamente maiores, porém, em ambos os casos, novas chuvas serão necessárias para assegurar um maior índice de germinação e evitar a morte das plântulas.

Em relação à situação das lavouras de soja implantadas no cedo e com cultivares precoces, já se observa o dossel fechando as linhas, a formação de vagens e o entumecimento dos grãos. Onde a umidade não foi suficiente, o porte é menor, e as entrelinhas estão descobertas.

Em termos fitossanitários, o tempo predominantemente seco é favorável ao surgimento de ácaros. Os produtores realizam o monitoramento e o controle, pois o ataque pode impactar severamente na produtividade, causando o rompimento da cutícula das folhas e a exposição dos tecidos internos, consequentemente, aumentando a transpiração e a decorrente perda de umidade das plantas.

Milho – A área estimada de cultivo para a safra 2022/2023 é de 831.786 hectares. Os dois eventos de chuvas, mesmo irregulares e mal distribuídas, em 27/12 e 01/01, favoreceram a retomada da semeadura onde a umidade nos solos foi reposta. No entanto, a evolução foi apenas de 1%, alcançando 92% implantados.

Milho silagem – A área estimada de cultivo de milho silagem é de 365.467 hectares e a produtividade esperada é de 37.857 kg/ha. O cenário é semelhante ao cultivo de milho para grãos. Há também perdas na produtividade, agravadas pela baixa qualidade da massa vegetal a ser conservada. As plantas que, para a ensilagem, deveriam permanecer verdes e mais tenras, mas com espigas de grãos bem formados, apresentam-se mais secas e fibrosas e com má-formação de espigas.

silagem -de milho
Foto: Divulgação

Assim, no período, houve uma aceleração no corte para evitar o aprofundamento na depreciação do material a ser ensilado. Foram acrescidas lavouras inviabilizadas para a produção de grãos, já que o volume das destinadas à silagem será reduzido, e esse alimento encontra-se com estoques muito baixos nas propriedades leiteiras.

Arroz – A área estimada de arroz pelo Instituto Riograndense do Arroz (Irga) é de 862.498 hectares. A produtividade projetada é de 8.226 kg/ha. O tempo, novamente marcado pela alta disponibilidade de radiação solar, favoreceu as lavouras em fase de desenvolvimento vegetativo.

cultivares de arroz irrigado em lavoura, grãos e panícula
Foto: Paulo Lanzetta

Em contrapartida, a elevação das temperaturas na metade Oeste do Estado, com registros próximos a 40 °C, em 31 de dezembro e 1º de janeiro, poderá refletir em esterilidade de espiguetas nas lavouras que estão entre as fases de pré-floração, de emissão de panículas e de floração.

De maneira geral, as lavouras já estão com irrigação estabelecida; o desenvolvimento é ótimo, a sanidade é boa, e não há problemas com pragas. O potencial produtivo manteve-se nas lavouras que apresentam adequado estande de plantas e sem maiores limitações quanto à disponibilidade de água para irrigação.

Feijão 1ª safra – A área projetada de feijão 1ª safra é de 30.561 hectares. A produtividade estimada ainda permanece em 1.701 kg/ha, apesar da redução em parte das regiões produtoras. A ocorrência de precipitações contribuiu para a continuidade da semeadura na região Nordeste do Estado. Na Sul, foi suspensa, devido à falta de umidade. Houve prosseguimento da colheita com rendimentos variáveis, conforme a existência de danos, decorrentes da restrição hídrica.

Fonte: Emater/RS

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