Com recorde de produção, setor deve alcançar 312,4 milhões de toneladas, aumento de 15,32% em relação ao ano anterior; Lucro da soja no MT pode ser 69% menor
A produção de grãos deve alcançar novo recorde para 2022/2023, chegando em 312,4 milhões de toneladas, aumento de 15,32% em relação ao ano anterior. Já a soja e o milho, juntos, devem produzir 279 milhões de toneladas na temporada. A soja é responsável por 50% da produção, seguida por milho (40%), arroz (3,5%) e trigo (3%).
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o aumento se deve ao clima e ao crescimento em 3% da área plantada. Para o especialista Leonardo Sodré, CEO da GIROAgro, uma das maiores empresas de fertilizantes do Brasil, “a alta se deve também às técnicas aprimoradas no manejo das culturas, controle de pragas e doenças, genética e o uso de fertilizantes, tanto no solo (macronutrientes) quanto na folha (micronutrientes)”.
As estimativas são de que a colheita de grãos seja a maior já registrada na história do Brasil, sendo a primeira vez que a safra alcança a casa dos 300 milhões de toneladas. O principal Estado na temporada de produção é o Mato Grosso, seguido por Paraná e Rio Grande do Sul.
Com a alta da produção, a expectativa é de crescimento do nível de exportações. “Nos últimos anos, o agronegócio brasileiro tem se destacado e vem disputando o mercado internacional em igualdade com outros grandes players, como Estados Unidos, China e Índia. Se mantivermos o ritmo de investimentos, aprimorando técnicas agrícolas com desenvolvimento tecnológico, novos recordes serão batidos constantemente. Isso consolida a posição de destaque do Brasil no mercado global de produção agrícola”, finaliza Leonardo.
Produtor de soja de Mato Grosso lucrará 69% menos em 22/23
Segundo análise da Scot Consultoria baseada em números do Imea e estimando os preços da soja em R$150,00 a saca no estado, em média, a expectativa é de lucro de R$1.702,32/hectare. Assim, o resultado é 69,3% menor que a estimativa projetada na safra 2021/22, de R$ 5.544,99, e 66,7% inferior ao ciclo 2020/21.
A expressiva redução de rentabilidade do estado líder no cultivo da oleaginosa pode ser explicada pelo incremento nos custos de produção. O agricultor mato-grossense teve de lidar com aumentos de 50,4% em apenas um ano. Desta forma, para instalar a lavoura, partiu de R$ 4.357,16 por hectare na safra 2021/22 para R$ 6.557,27/ha na atual temporada – sem considerar custos de oportunidade.
Essas cifras partem do último relatório mensal de Custos de Produção da Soja GMO, divulgado em 17 de outubro pelo Imea, sendo referentes a setembro. Entre os diversos insumos analisados, um em específico chama a atenção e o produtor: os preços pagos pelos fertilizantes e corretivos. Neste campo, a alta foi de 111,8%.
O destaque especial deste segmento foi para os macronutrientes (nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio e enxofre), com incremento de 118,9%.
Outro fator que doeu no bolso do produtor mato-grossense foram os custos das sementes, que tiveram alta média de 68,2% em um ano. Com isso, partiram de R$ 494,95 por hectare semeado para R$ 832,67.
Nutrição da soja movimentou US$ 12 bilhões na safra 2021-22
A consultoria Kynetec apurou que o mercado de produtos para nutrição da soja cresceu da ordem de US$ 7,8 bilhões na safra 2019-20 para perto de US$ 12 bilhões no ciclo 2021-22 (+57%). O levantamento faz parte do estudo FarmTrak, exclusivo da empresa e analisou os segmentos de corretivos e condicionadores de solo, adubação de base, adubação de cobertura, inoculantes, bioestimulantes e fertilizantes via semente e foliares.
“Mesmo ante a desvalorização cambial de 27% entre as duas safras comparadas, o mercado avançou em área cultivada, número de tratamentos e adoção para corretivos, tratamento de sementes e inoculantes”, diz Giovanni Coser, engenheiro agrônomo, especialista em nutrição de plantas da Kynetec.
Conforme Coser, os fertilizantes de solo, empregados no plantio ou em cobertura, mantêm a histórica dianteira do mercado de nutrição da soja: mais de 80% de participação ou aproximadamente US$ 10 bilhões em vendas. O desempenho dessa categoria de produtos subiu 50% frente à safra 2019-20 (US$ 6,392 bilhões), quando foi feita a primeira pesquisa da empresa na área.
Giovanni Coser esclarece ainda que, somados, os corretivos e condicionadores de solo e a adubação via semente e foliar, inclusive bioestimulantes, além de inoculantes, respondem atualmente por 19% do mercado de nutrição da oleaginosa, em torno de US$ 2,3 bilhões, segundo a pesquisa da Kynetec.
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