Governo brasileiro se rende e vende a maior fábrica de fertilizantes da América Latina para uma empresa russa; Seremos eternos dependentes?
As negociações da Petrobras com a russa Acron, maior produtora mundial de produtos e fertilizantes nitrogenado, para a venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados 3 (UFN3) não sofreram alterações ou cancelamentos, apesar da invasão da Rússia à Ucrânia. Ainda segundo as fontes, ação essa que deve colocar a empresa em funcionamento daqui a cinco anos, deixando ainda uma lacuna na oferta interna de fertilizantes!
Entretanto, existe uma grande preocupação quanto ao assunto que, neste momento, não envolve apenas o meio rural, mas também os políticos. Segundo apontado pela Senadora Simone Tibet, “precisamos desenvolver nossa autonomia na produção de fertilizantes para amenizar as graves consequências que foram expostas por essa guerra“. E você, qual a sua posição em relação ao assunto?
Venda da UFN3 pela Petrobras e Governo
A unidade de Três Lagoas é considerada a “joia da coroa” pelo setor de fertilizantes, pelo seu grande potencial de produção. Estima-se que poderá produzir, diariamente, cerca de 3.600 toneladas de ureia e 2.200 de amônia. Sendo assim, ela é considerada a maior fábrica de fertilizantes da América Latina.
A história dessa planta, teve inicio com a construção da UFN3 em Três Lagoas, em meados de 2011. No ano seguinte, um termo de acordo entre Estado e Prefeitura deu uma série de incentivos tributários para a Petrobras ativar a fábrica em Mato Grosso do Sul. Porém, as obras foram paralisadas em dezembro de 2014, quando estavam 83% concluídas.
Após a paralisação das obras e a saída da estatal brasileira do segmento de fertilizantes, em 2018, acabou deixando a planta hibernada até o presente momento. As negociações das unidades produtoras de fertilizantes pela Petrobras teve aval do Governo, sendo que duas foram arrematadas pela Unigel.
Já a algumas semanas, a ex-ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, anunciou que a Petrobras chegou a um acordo com o Grupo Acron para venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN3).
A Unidade de Fertilizantes, deve começar a operar em 2027. Essa é a previsão que consta do PDE (Plano Decenal de Energia) 2031, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A venda da fábrica ao grupo russo Acron foi concluída pela Petrobras no início de fevereiro.
A Acron, agora dona da planta, pretende retomar as obras da fábrica em julho, segundo o governo de Mato Grosso do Sul. A previsão foi repassada pelo vice-presidente da Acron, Vladimir Kantor, ao governador Reinaldo Azambuja e ao prefeito de Três Lagoas, Angelo Guerreiro, em reunião, informou o governo local, em nota.
Incentivos fiscais para o Russos
“O objetivo do Governo do Estado e da Prefeitura de Três Lagoas é manter os incentivos fiscais. Nos comprometemos com essa manutenção para que os russos possam dar sequência aos investimentos. Agora, dado que o projeto vai ter algumas modificações em relação à ideia inicial, essas modificações precisam ser inseridas no termo de acordo”, explicou o secretário Jaime Verruck, da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar).
Políticos e Agropecuaristas criticam a venda
Uma das que questiona a venda é a ex-prefeita de Três Lagoas e atual Senadora, Simone Tebet, que realizou a doação do terreno em seu mandato. “Quando fui prefeita de Três Lagoas/MS, doei uma área para a Petrobras fazer a maior fábrica de fertilizantes da América Latina. Mas a corrupção e incompetência deixaram a obra parada”, afirma ela em vídeo.
Agora, com 83% da fábrica concluída, o governo federal a vendeu para a Rússia. É inaceitável a falta de planejamento que pode fazer a comida ficar ainda mais cara para o brasileiro. Além desse ponto, especialistas e pessoas ligadas ao setor do agronegócio, afirma que isso é mais um “tiro no pé” dado pelo governo, já que tal situação vai contra a proposta de buscarmos meios para nos tornarmos menos dependentes das importações de fertilizantes.
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O Brasil, um dos maiores exportadores agrícolas do mundo, ainda é dependente do mercado externo quando se trata de fertilizante. Segundo um balanço da Anda (Associação Nacional para Difusão de Adubos), os dados mostram que o país importa 85% do produto que consome, em alguns produtos específicos esse valor é de 95%.
Agora, o que nos deixa a pensar é: Se o país possuem grandes reservas de fertilizantes, possui empresas e plantas hibernadas ou em operação e que, juntas, seriam capazes de suprimir a maior parte da demanda nacional, por que essas não estão em funcionamento e, mais ainda, por que não incentivar a produção brasileira?