Em retaliação, Rússia ameaça cortar fornecimento de gás natural e acena com aumento dos preços que pode chegar aos 300 dólares por barril de petróleo. Alarmante!
A Rússia ameaçou cortar o fornecimento de gás para a Europa caso sanções econômicas sejam impostas ao setor energético. A medida foi discutida por países da União Europeia, mas não foi aprovada até que fontes alternativas sejam encontradas. A Rússia é o principal fornecedor de gás da região. Mas afinal, qual o impacto, a atividade econômica pode ser devastada, as pessoas correm o risco de congelar ou o fornecimento de eletricidade pode ser interrompido?
Especialistas apontam para a grande dependência europeia do serviço de gás natural é a principal arma geopolítica da Rússia, que fornece cerca de 40% do que é consumido pela Europa. “Até agora, não estamos a tomar tal decisão. Mas os políticos europeus, com as suas declarações e acusações contra a Rússia, empurram-nos nesse sentido”, disse o vice primeiro-ministro da Rússia, Alexander Novak.
Segundo o governante russo, a Rússia fornece 40% do gás da Europa, e a UE levaria mais de um ano a substituir o volume de petróleo que recebe atualmente da Rússia. E, entretanto teria de pagar preços muito mais elevados. Com uma agravante: segundo Novak, no atual contexto a Rússia vê-se com o direito de retaliar contra a União Europeia após a Alemanha ter congelado no mês passado a certificação do gasoduto Nord Stream 2.
Em pronunciamento ontem, o vice primeiro-ministro da Rússia, Alexander Novak, sugeriu o corte no fornecimento de gás para a Europa.
“Em conexão com acusações infundadas contra a Rússia e a imposição da proibição do Nord Stream 2, temos todo o direito de tomar uma decisão correspondente e impor um embargo ao bombeamento de gás através do Gasoduto Nord Stream 1. Mas até agora não estamos tomando tal decisão“, disse o Vice primeiro-ministro da Rússia, Alexander Novak, segundo tradução da emissora Sky News.
Países da Europa continuam comprando gás russo enquanto intensificam as sanções financeiras contra o país liderado por Vladimir Putin. As sanções têm o objetivo de enfraquecer a economia de determinado país e, em meio a possíveis perdas, encaminhar uma negociação em meio ao conflito em andamento.
No caso da guerra entre russos e ucranianos, os países do Ocidente pretendem usar as sanções para fragilizar a Rússia e pressionar Putin a pôr um fim na invasão à Ucrânia.
Em entrevista publicada pela BBC, Ángel Saz-Carranza, diretor do Centro de Economia Global e Geopolítica da escola espanhola de negócios Esade e professor visitante da Georgetown University, nos Estados Unidos, classificou o gás russo como “o calcanhar de Aquiles da Europa nesta guerra”.
“É isto que permite à Rússia capitalizar e financiar essa aventura”, avaliou ele.
Para além de acenar com preços incomportáveis que penalizariam os consumidores e as economias globais caso fosse decidido um boicote à energia russa, o responsável do Kremlin acrescentou a ameaça de encerramento do principal gasoduto Rússia-Alemanha.
Os preços do petróleo dispararam nesta segunda-feira para os níveis mais elevados desde 2008, depois do Secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, ter dito que Washington e os aliados europeus estão a considerar proibir as importações de petróleo russo.
A resposta do Kremlin é de desafio. “Os políticos europeus precisam de avisar honestamente os seus cidadãos e consumidores do que devem esperar”, disse Novak. “Se quiserem rejeitar o fornecimento de energia da Rússia, vão em frente. Estamos prontos para isso. Sabemos para onde podemos redirecionar a produção”.
Recorde-se que a China, um dos maiores consumidores globais de energia, e um grande importador de petróleo, já se disponibilizou para aumentar as compras à Rússia.
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Rússia diz que preço do barril de petróleo pode chegar a US$ 300
O vice-ministro da Rússia também alertou que os preços do petróleo poderiam dobrar para US$ 300 o barril se os EUA e seus aliados proibissem as importações de petróleo da Rússia. “A rejeição do petróleo russo levaria a consequências catastróficas para o mercado global”.
Analistas do Bank of America, procurados pela Sky News, rejeitaram a estimativa de preço de Novak. Segundo eles, o valor real seria próximo de US$ 200 por barril, estimando um déficit de 5 milhões de barris da Rússia por dia.
A Rússia é o terceiro maior produtor de petróleo do mundo e fornece 30% do seu petróleo para a Europa.