Ainda conforme o governador, sem a vacinação, há uma abertura para o mercado estrangeiro. Para o chefe do estado, “é uma questão de desenvolvimento”.
O governador de Rondônia, Coronel Marcos Rocha (PSL), anunciou a suspensão da vacinação contra a febre aftosa na última quarta-feira (4). A decisão foi comunicada durante audiência pública que aconteceu na Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE-RO), junto ao presidente da Casa, Laerte Gomes, e autoridades.
Segundo Coronel Marcos Rocha, o voto pela suspensão partiu dos produtores. “Todos são favoráveis a retirada da vacinação”, disse para jornalistas antes da reunião.
Por telefone, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, revelou que o Brasil precisa começar a retirar a vacinação contra a doença, reiterando o interesse de outros países do mercado asiático pela carne livre da aftosa – e da vacina.
“Há muito tempo que não tem vírus. A gente tem um circuito e isso traz vantagem para os estados. O Ministério tem acompanhado. Rondônia é um estado que avançou muito nos seus serviços”, disse Tereza.
Com a suspensão, Rondônia se junta ao Paraná e a Santa Catarina como os únicos estados do país em que não há vacinação dos rebanhos bovinos contra a doença. O Brasil não registra um caso de febre aftosa desde 2006.
Em 2017, o Governo Federal publicou um plano de metas para suspender a vacinação em todos os estados até 2026. Rondônia faz parte do bloco 1, junto com Acre, e parte do Mato Grosso e Amazonas. Paraná e Santa Catarina compõem o bloco 5, o último grupo.
A última campanha de vacinação contra a doença em Rondônia aconteceu de 15 de outubro a 15 de novembro deste ano. A 47ª etapa foi voltada para bovinos e bubalinos de zero a 24 meses de idade. A comprovação da dose se estendeu até 22 de novembro.
De acordo com dados do Governo de Rondônia, o estado possui cerca de 14 milhões de bovinos e bubalinos, sendo o sexto maior rebanho nacional.
Um dos principais pontos que o governador considera positivo na suspensão da vacinação envolve a resolução de futuros problemas. Segundo ele, é mais interessante sanar focos da doença em determinado ponto do que de forma macro.
“Se hoje houvesse aqui (Rondônia), com vacinação um foco de aftosa, isso faria com que todo o estado e até o Brasil parasse com a questão das importações. Entretanto, se retirássemos a vacina aqui do estado e houver um foco de aftosa em determinado ponto então não ia parar o estado, ia parar só o foco. Com vacinação para tudo, sem vacinação para só o foco”, exemplificou.
Ainda conforme o governador, sem a vacinação, há uma abertura para o mercado estrangeiro. Para o chefe do estado, “é uma questão de desenvolvimento”.
“Rondônia, retirando a vacina, vamos ter mais possibilidades de comércio estrangeiro”.
Segundo a Agência de Defesa Sanitário Agrosilvopastoril de Rondônia (Idaron), o estado não registra o foco da doença há 20 anos. Com o fim da vacinação, o trabalho de fiscalização será intensificado. “Eu vou tomar todas as ações necessárias junto a Idaron para que a gente tenha equipe necessária para manter esse controle”, complementou Coronel Marcos Rocha.
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Laerte Gomes, presidente da ALE-RO, entregou um ofício com 20 assinaturas de deputados que apoiam a retirada da dose em Rondônia. “Queremos um estado sem vacina. Entendemos que é uma forma de olhar para frente, desenvolver e crescer”, reforçou.
Na visão de Laerte, quem mais vai ganhar é o produtor com a suspensão. “Vamos sair de uma linha ‘B’ e partiremos para uma linha ‘A’. Novos mercados vão se abrir, novas empresas virão para Rondônia. Claro que todos terão sua responsabilidade, o governo, a Assembleia, mas principalmente o produtor. A sanidade animal é a maior patrimônio de Rondônia”.
Com informações do G1.