Rodrigues citou a fala do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, sobre a abertura de 274 mercados para os produtos agropecuários brasileiros somente neste ano.
O professor emérito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Roberto Rodrigues, disse há pouco que, sob o governo recém-eleito de Donald Trump, nos Estados Unidos, “pode haver mais protecionismo” em relação aos produtos agropecuários do Brasil. “Mas o Brasil tem de negociar”, ressaltou. Rodrigues participou de entrevista no Estadão Summit Agro, realizado hoje em São Paulo. “Nossa diplomacia tem de negociar com parcimônia e competência e estar aberta para todo mundo e para o mundo todo.”
Para isso, é necessário montar uma estratégia de negociação. Sob este aspecto, Rodrigues citou a fala do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, sobre a abertura de 274 mercados para os produtos agropecuários brasileiros somente neste ano. “Já há muita coisa, e o governo tem de ir atrás”, recomendou. Rodrigues advertiu, porém, que é necessário “deixar de lado questões ideológicas” nas negociações.
Sobre a sustentabilidade da agricultura brasileira, Rodrigues disse que a agricultura brasileira pode crescer desmatando o mínimo possível. “Se hoje temos de 70 milhões a 80 milhões de hectares já produzindo alimentos, temos também 120 milhões de hectares de pastagens degradadas que podem virar agricultura.” Mas para ele, é importante diferenciar o que é desmatamento legal do ilegal. “Ninguém pode ter o direito de dizer para o Brasil o que é errado (em relação ao desmatamento). Se é legal vamos fazer o melhor (tentando desmatar o menos possível)”, disse. “Mas o desmatamento ilegal é inaceitável.”
Ele disse ainda que é necessário, na Amazônia, resolver a questão fundiária e também o crédito e a assistência técnica para os pequenos produtores. “Defendo fazer um Poupatempo Rural na Amazônia”, disse. “Dar titulação da terra, garantir um projeto técnico e crédito rural”, exemplificou. “Ele entra sem nada e sai com crédito e propriedade. A questão fundiária tem de ser resolvida na Amazônia.”
Sobre a agregação de valor aos produtos agropecuários brasileiros, Rodrigues mencionou que, apesar de a tecnologia ser essencial, “deve-se ter a virada de chave na direção da sustentabilidade”. “Precisamos também ter acordos comerciais, políticas públicas e política de renda garantida ao produtor rural por meio do seguro rural.”
Já em relação à segurança climática, Rodrigues garantiu que o Brasil já produz pensando nisso há anos. “Vou dar um exemplo: desde o governo Collor, nos anos 1990, até hoje, a área plantada com grãos dobrou, mas a produção cresceu quatro vezes mais.” Diante disso, ele calcula que cerca de 123 milhões de hectares deixaram de ser desmatados nesse período, em função do aumento de produtividade.
Fonte: Agro Estadão
VEJA TAMBÉM:
- Frente fria provoca chuvas no Sudeste e no Centro-Oeste até sábado
- Abertura de mercado na Índia para exportação de derivados de ossos para produção de gelatina
- Agricultores franceses protestam contra acordo Mercosul-UE
ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira
Quer ficar por dentro do agronegócio brasileiro e receber as principais notícias do setor em primeira mão? Para isso é só entrar em nosso grupo do WhatsApp (clique aqui) ou Telegram (clique aqui). Você também pode assinar nosso feed pelo Google Notícias
Não é permitida a cópia integral do conteúdo acima. A reprodução parcial é autorizada apenas na forma de citação e com link para o conteúdo na íntegra. Plágio é crime de acordo com a Lei 9610/98.