Ritmos opostos: preços internos sobem enquanto internacionais recuam 

Demanda firme e oferta limitada favorecem altas no mercado brasileiro, enquanto expectativa de safra abundante pressiona cotações nas bolsas internacionais.

O mercado agropecuário brasileiro acompanha um cenário de valorização dos preços. A demanda consistente e a oferta limitada de algumas commodities explicam o movimento de alta verificado nos últimos dias. 

Enquanto isso, no mercado internacional, há sinais de desvalorização das cotações. Nos contratos futuros negociados na bolsa de Chicago, tanto o milho quanto a soja tiveram quedas. A perspectiva de uma oferta global maior, apoiada pelas boas expectativas com a safra norte-americana e da América do Sul, impulsionam o recuo, de acordo com análise da Markestrat: 

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Milho

Os preços do milho encerraram a última semana com alta de 2,7%, com a saca de 60kg negociada a R$ 71,67 no indicador Cepea. No mercado futuro, a valorização do dólar e o aumento da demanda sustentou, igualmente, o movimento de alta. 

O contrato de novembro, na B3, subiu 2,4%, encerrando a R$ 72,56/sc, enquanto os contratos para janeiro apresentaram alta de 3,1%, fechando a R$ 75,56/sc. 

Segundo os analistas da consultoria, além da forte demanda doméstica pelo grão, como mencionado acima, o cenário também reflete os menores níveis de produção esperados para a safra brasileira de 2024/25.

Do lado oposto dos ganhos de preço das cotações no mercado brasileiro, na bolsa de Chicago, nos Estados Unidos, o movimento foi de recuo. Na última semana, houve uma queda semanal de 0,2% nas cotações do milho, sendo negociado a US$ 4,15/bushel.

“Com o fim do mês se aproximando, os preços seguem pressionados pelas quedas nos mercados de soja e trigo, além dos altos volumes de exportação de milho dos EUA, impulsionados pelas especulações em torno das eleições americanas, que podem impactar tarifas e intensificar tensões geopolíticas”, aponta a análise da Markestrat. 

Plantio do milho no Brasil

Apesar de a área semeada para a safra 2024/25 estar ainda abaixo do mesmo período de 2023, o plantio avança conforme as chuvas se tornam mais regulares, elevando os níveis de umidade do solo. 

Até a terceira semana de Outubro, 32,3% da área estimada já havia sido plantada, com destaque para a região Sul, que ultrapassou 76% da área prevista.

Soja

Após um período de queda, a saca de soja registrou alta no mercado físico na última semana. Em Paranaguá-PR, a saca de 60 kg valorizou 1,98%, fechando a semana cotada a R$ 143,81/sc. 

Assim como no milho, no mercado futuro, a oleaginosa registrou queda de 0,4% na CBOT, com contratos para novembro fechando a sexta-feira a US$ 9,87/bu. 

Embora a semana tenha começado com valorizações, os preços não se mantiveram ao longo dos dias, pressionados pela desvalorização de seus derivados e de outros grãos, além da maior oferta global, impulsionada pelo bom desempenho das lavouras nos EUA e pelas expectativas de uma safra recorde na América do Sul.

Plantio da soja no Brasil

Com o aumento das chuvas e sua regularização nas principais regiões produtoras, a semeadura avançou em algumas áreas do Centro-Sul, atingindo 17,6% da área estimada de plantio, embora ainda esteja abaixo do ritmo da última safra.

Com exceção de Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, os demais estados permanecem atrasados, com destaque para Mato Grosso, onde 21,1% da área foi semeada, em comparação a 51,5% no mesmo período do ano anterior, até 20 de outubro.

Pecuária

A arroba do boi gordo segue em ritmo de valorização. No mercado físico, base Cepea, houve incremento de 2,2% nas cotações ao longo da última semana, sendo negociada a R$ 313,10. Movimento perceptível tanto no atacado quanto no varejo. 

Na B3, Bolsa de Valores do Brasil, os contratos futuros para outubro encerraram a semana em R$ 312,75 por arroba. Já os contratos para novembro e dezembro registraram valorizações comedidas, segundo os analistas, refletindo novas movimentações e cautelas no mercado, especialmente com a melhora das condições das pastagens e o aumento da oferta de animais do segundo giro de confinamento nos próximos meses.

“Os preços seguem pressionados pelo bom ritmo das exportações de carne bovina e pela demanda interna firme, em um cenário de oferta limitada, já que são os animais de pasto que determinam os preços no mercado, influenciados diretamente pela disponibilidade de pastagens ao longo do ano”, explicam os analistas. Segundo eles, os frigoríficos operam com escalas de abate curtas.

A consultoria destaca que, nas categorias de reposição, observou-se uma valorização mais acentuada ao longo da última semana. O bezerro, base Cepea, teve alta de 4,6%, sendo negociado a R$2.288,24 por cabeça. Movimento que deve se intensificar nos próximos meses, pontuam os especialistas. 

Cana-de-açúcar

Os preços do açúcar no mercado físico seguiram impulsionados pela demanda aquecida, tanto no mercado interno, quanto externo. Ao longo da última semana, a valorização interna foi de 1,8%, com a saca negociada a R$ 158,26. 

Na bolsa de Nova York – mercado futuro – o contrato Sugar No. 11 (SBH5) também apresentou alta, sendo negociado a US$ 22,10/lb – valorização semanal de 1,7%. 

Conforme a Markestrat, esse movimento é impulsionado pela redução no mix de açúcar destinado à produção de etanol e pela frustração com a produtividade das principais regiões produtoras.

No caso do etanol, os contratos com vencimento em outubro (ETHc1) tiveram ganhos de 1,1%, fechando em R$ 2.705,50/m3.

Fonte: Agro Estadão

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ℹ️ Conteúdo publicado por Myllena Seifarth sob a supervisão do editor-chefe Thiago Pereira

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