Com menor nível do rio Paraná em décadas, Argentina declara estado de emergência hídrica; maior rio brasileiros, depois do Amazonas, sofre com a falta de chuvas
O rio Paraná é o principal formador da Bacia do Prata. É considerado em sua extensão total até a foz do Estuário da Prata o oitavo maior rio do mundo em extensão e o maior da América do Sul depois do Amazonas. Sua bacia hidrográfica abrange mais de 10% de todo o território brasileiro, sendo a continuação do rio Grande, recebendo o nome de rio Paraná na confluência com o rio Paranaíba. O rio é fundamental para a biodiversidade da região e também de grande importância para o setor de energia. Muitas usinas hidrelétricas foram construídas no rio Paraná, entre elas a famosa Itaipu, a de Porto Primavera e Jupiá, no Mato Grosso do Sul, e Ilha Solteira, em São Paulo.
A sua vazão na foz, de 16.000 m³/s, é comparável à de rios como o rio Mississippi (18.000 m³/s) e o rio Ganges(16.000 m³/s).
O governo da Argentina declarou nesta segunda-feira, 26, estado de emergência hídrica por 180 dias na região da bacia do rio Paraná. A decisão foi implementada por meio do decreto 482/21, publicado no Diário Oficial, e acontece por conta dos impactos gerados pela maior queda do nível do rio Paraná, Paraguai e Iguaçu dos últimos 77 anos.
Apesar de serem muitos os segmentos afetados, o Ministério da Agricultura não foi citado no decreto. Assim, a princípio, a Lei de Emergência Agrícola não será acionada para os agricultores argentinos. Os produtores de arroz, por exemplo, sofrem diretamente as consequências dessa forte seca.
Com a medida, o governo argentino poderá fazer a reestruturação orçamentária que achar necessária para diminuir os impactos e fazer adaptações para contornar a situação.
O decreto define responsabilidades sobre o Ministério dos Transportes para que trabalhe para permitir a navegação e o acesso aos portos enquanto durar a emergência. Para a pasta de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, a responsabilidade será realizar o controle de incêndios. Enquanto isso, o Ministério de Economia e em particular o Ministério de Energia devem trabalhar juntos para garantir o abastecimento de energia elétrica.
O rio Paraná é a rota de transporte de cerca de 80% das exportações agrícolas argentinas e fonte de água potável e energia para importantes populações urbanas. Na semana anterior, o Sistema Nacional de Gestão Integral de Riscos (Sinagir) pediu às pessoas para “economizar água no consumo diário” e “armazenar a água da chuva e usá-la para irrigação”, bem como não queimar pastagens para evitar a propagação de grandes incêndios como os sofridos no ano passado.
Previsão
O Instituto Nacional de Águas (INA) indica que a tendência de queda do nível do rio se mantém nos próximos três meses e prevê que julho será “especialmente crítico”. O INA também alerta sobre a difícil situação que a região vai ter para captação de água para consumo urbano, resfriamento de usinas de geração de energia e processos industriais.
Nível do rio Paraná abaixo do nível do mar
O zero da escala em cada local está vinculado a um nível de referência, que é o nível médio do mar registrado no medidor de marés de Mar del Plata.