Uma reunião agendada para essa semana, dia 18, na Bélgica, entre Ministério da Agricultura do Brasil e lideranças russas ligadas ao setor debate o embargo russo à carne brasileira.
No final de novembro do ano passado, a Rússia anunciou a suspensão da compra de carne suína e bovina do Brasil “em razão da presença da substância ractopamina em análises de carne brasileira”. O embargo foi por tempo indeterminado.
De acordo com o diretor executivo do Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados de Santa Catarina (Sindicarne), Ricardo de Gouvêa, a reunião nesta semana busca apresentar os relatórios brasileiros do não uso da substância citada para derrubar o embargo.
O Brasil já respondeu à Rússia afirmando que não foi usada esta substância. Os relatórios já foram preenchidos e vamos ver como eles vão tratar a questão.
Segundo Gouvêa, a expectativa é que a Rússia, maior compradora de carne suína do Brasil, volte a comprar do país no final de fevereiro.
Apesar do embargo, conforme o diretor executivo do Sindicarne, o Brasil não teve impacto significativo nas exportações. Isso porque a suspenção da compra foi feita no período em que o Brasil já reduz a cota de exportação para a Rússia.
– É o período forte do inverno lá, quando os navios não chegam. Por isso o impacto não foi tão grande – explicou Gouvêa.
Com a retomada do mercado russo e o certificado sanitário da Coreia do Sul, previsto para o primeiro trimestre deste ano, o Brasil projeta 5% de aumento nas exportações em 2018.
Reflexos no Estado
A situação tem reflexos em Santa Catarina e no Oeste catarinense, região que responde pelo agronegócio no Estado. O Estado fechou 2017 com mais de 1,34 milhão de toneladas de carnes para cerca de 130 países, gerando uma receita que passa de US$ 2,6 bilhões. No último ano, 40,4% da carne suína exportada pelo Brasil teve origem em Santa Catarina.
Maior produtor nacional de suínos e com um status sanitário diferenciado, Santa Catarina vem ampliando os embarques do produto. Em 2017, foram 276,5 mil toneladas de carne suína vendidas para mais de 50 países – um aumento de 0,8% em relação ao ano anterior. As receitas geradas com as exportações também foram maiores e passaram de US$ 639,2 milhões (15% a mais do que em 2016). Os principais compradores da carne suína catarinense foram Rússia, China, Hong Kong, Chile e Argentina.
A carne de frango é o carro chefe das exportações catarinenses – o produto responde por 17,7% de tudo o que o estado exportou em 2017. Ao longo do ano foram embarcadas 971 mil toneladas de carne de aves, uma queda de 2,9% em relação a 2016. Mesmo com uma quantidade menor, o Estado ampliou as receitas em 6,4% e faturou US$ 1,8 bilhão no último ano. A carne de frango produzida em Santa Catarina chega a mais de 120 países e os principais compradores são Japão, China, Países Baixos e Arábia Saudita.
Santa Catarina conta com 18 mil produtores integrados às agroindústrias e o setor de carnes gera quase 60 mil empregos diretos em frigoríficos e indústrias de beneficiamento.
Por Darci Debona