Resíduo: Gigante do agro vai fornecer gás renovável

A unidade será capaz de produzir 26 milhões de metros cúbicos do combustível por ano. O volume é suficiente para abastecer 200 mil clientes residenciais.

A Raízen, um gigante do agronegócio brasileiro, deu início, na terça-feira 12, à construção da primeira fábrica do grupo dedicada à produção de biometano — um gás natural renovável. O material é feito a partir da transformação do biogás.

A Raízen anunciou que pretende aumentar 80% a produção de energia renovável até 2030. “Hoje a Raízen tem em seu portfólio mais ou menos 5% da geração de renovável do Brasil, são cerca de 2 gigawatt de capacidade, sendo 70% centralizada na biomassa e 30% na geração distribuída solar, pequenas centrais elétricas e aterro sanitário”, disse o VP de Energia da companhia, Frederico Saliba, durante evento realizado a investidores.

A unidade – primeira fábrica do grupo dedicada à produção de biometano será capaz de produzir 26 milhões de metros cúbicos do combustível por ano. O volume é suficiente para abastecer 200 mil clientes residenciais.

Prevista para ser inaugurada em 2023, a nova fábrica já possui dois contratos antes mesmo de começar a funcionar. Um deles é com a Yara Brasil Fertilizantes, que vai receber 20 mil metros cúbicos de gás natural renovável por dia, para produzir hidrogênio e amônia verde. O outro é para fornecer 50 mil metros cúbicos diariamente à Volkswagen — a montadora será a primeira no país a utilizar biometano na produção.

A planta foi projetada para ficar anexa ao Parque de Bioenergia Costa Pinto, em Piracicaba (SP). Ela está localizada a cerca de 160 quilômetros da cidade de São Paulo. Durante a construção, 250 empregos diretos serão criados. Fruto de uma parceria entre a Raízen e a Geo Energética, a planta terá o investimento de R$ 300 milhões.

No Parque de Bionergia Costa Pinto, o gigante do agronegócio produzirá o gás natural renovável com o biogás feito de vinhaça e de torta de filtro. Esses resíduos têm origem nos processos fabris do açúcar e do etanol.

Com a unidade de biometano, a Raízen passará a operar a segunda fábrica de biogás da companhia. A primeira funciona desde 2020, na cidade de Guariba (SP), distante 350 quilômetros da capital, São Paulo. Entretanto, todo o gás oriundo dela é dedicado à geração de energia elétrica vendida na rede de distribuição de eletricidade.

De acordo com o executivo, a Raízen hoje trabalha com um mix de centralizada e geração e pretende continuar, pois o objetivo é atender a demanda. “Dentro desse contexto eu antecipo um crescimento percentual na geração distribuída dentro do mix de portfólio de geração da Raízen, mas de toda forma crescendo nas duas bases seja centralizada ou geração distribuída”, ressaltou.

Atualmente o consumo de energia total no Brasil chega a 62 GWm (68% mercado cativo e 32% mercado livre) e deverá alcançar 87 GWm em 2030 (sendo 40% mercado cativo e 60% do mercado llivre). De acordo com a companhia, esses números só mostram que o consumidor está buscando solução energética com liberdade de escolha.

Segundo a VP Estratégia e Sustentabilidade, Paula Kovarsky, a Raízen vem redefinindo o futuro da energia com portfólio completo e com soluções renováveis e focadas no cliente. Ela citou múltiplas fontes de geração como a biomassa, solar, biogás e PCH e afirmou que 10 mil unidades da Raízen já consomem a energia renovável da empresa. A companhia pretende crescer 86% no segmento de negócios renováveis até 2030.

Além disso, a Raízen pretende diminuir 20% da pegada de carbono do etanol até 2030. E sobre o decreto do mercado de carbono, Paula afirmou que vê essa movimentação um grande avanço, porém, é preciso avançar nessa agenda.

sistema que mede quantidade de açúcar na cana
Laboratório Pagamento de Cana por Teor de Sacarose (PCTS), o “Laboratório do Futuro”, em Brotas (SP). (Foto: Daniel Bertolino/Divulgação Raízen)

Sobre a RAÍZEN ENERGIA

Setor: Agroenergia
Fundação: 2011, em São Paulo (SP)
Receita: R$ 120,58 bilhões
Principal executivo: Ricardo Dell Aquila Mussa

Principal fabricante de etanol de cana-de-açúcar do Brasil e maior exportadora individual de açúcar de cana no mercado internacional, a Raízen surgiu como uma joint venture entre a Cosan e a Shell do Brasil. Possui 26 unidades produtivas e uma ampla rede de distribuição de produtos, com cerca de 7 mil postos de serviço da marca Shell, 65 terminais de distribuição e 65 aeroportos.

Os resultados recentes foram beneficiados pela alta dos preços das commodities e da energia. A empresa possui 1 gigawatt de capacidade instalada de produção de energia elétrica a partir do bagaço da cana. A Raízen emprega mais de 30 mil funcionários.

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