Reposição leva “rasteira” nos preços; Bezerro recua R$ 111/cab

Os preços da reposição seguem pressionados negativamente, o que tem deixado o mercado mais truncado e aumentado o descarte de fêmeas, apesar da melhora na relação de troca.

Os negócios no mercado brasileiro de animais para reposição seguiram em ritmo morno ao longo deste mês de março, refletindo a queda de braço entre vendedores e compradores, mesmo diante da melhora na relação de troca frente aos atuais preços da arroba do boi gordo. Segundo o Cepea, o Indicador do Bezerro, nas praças sul mato-grossenses, recuaram cerca de R$ 111,00 por cabeça nos 19 dias úteis de março.

Os preços da reposição seguem pressionados negativamente, o que tem deixado o mercado mais truncado e aumentado o descarte de fêmeas, apesar da melhora na relação de troca, conforme citado anteriormente. Recriadores e invernistas estão preocupados com a valorização do milho e do farelo soja no âmbito interno e externo, apontam analistas.

“Embora a oferta de animais tenha aumentado nos últimos dias, os criadores estão resistentes nas negociações, já que ainda conseguem segurar os animais no pasto, à espera de pagamentos melhores”, diz a zootecnista Thayná Drugowick, analista da Scot Consultoria.

No comparativo semanal, considerando a média de todos os Estados monitorados pela Scot, entre machos e fêmeas anelorados, houve uma ligeira queda 0,6% nos preços dos animais para reposição. Já nos bezerros, os preços saltaram, em São Paulo, do valor de R$ 2899,23 para o patamar de R$ 2846,55/cab, ou seja, uma desvalorização de quase R$ 53,00 por cabeça no acumulado.

Porém, diz a IHS, alguns agentes chegaram a mostrar uma participação aparentemente mais ativa nos negócios no período, sobretudo para categorias mais pesadas. Ressaltamos ainda que as comercializações seguem cadenciadas, já que existe uma clara preocupação com os avanços nos gastos com alimentação animal neste fim da estação das águas.

Custos altos preocupam os compradores

Segundo os analistas, recriadores e invernistas estão preocupados com a valorização do milho e do farelo soja no âmbito interno e externo neste começo de ano.

Em média, diz a IHS, os gastos com ração chegam a variar entre 20% e 25% do custo total no confinamento, mas essa representatividade pode aumentar caso a escalada dos preços dos grãos persista diante de aperto nos estoques e riscos de fornecimento como o visto em 2021.

Na ponta final da cadeia de carne bovina, apesar do firme ritmo das exportações da proteína fomentar a demanda por boiada, a recuperação econômica no País é lenta e isso deve manter o consumo doméstico acanhado, gerando impactos negativos no ritmo do abate nacional, observam os analistas da IHS.

Tais fatores vem mantendo os preços da reposição acomodados e mais baixos.

Descarte de Fêmeas

Se há dois anos os ganhos com a valorização do bezerro estimulavam a retenção de fêmeas, agora o mercado de pecuária de corte está invertendo o jogo. A gradual desvalorização do preço dos garrotes deve levar mais fêmeas para o gancho. Esta é a avaliação da zootecnista Thayná Drugowick, analista de mercado da Scot Consultoria, de Bebedouro (SP).

Segundo Thayná, muitos criadores devem levar mais vacas ao descarte para aproveitar os preços de mercado e tentar trazer mais rentabilidade à atividade de cria, que estava perecendo por conta da alta de custos. Já neste mês de março até abril, o abate de fêmeas pode ser mais intensificado

Giro da reposição pelo Brasil

Entre as praças da região Norte do Brasil, o mercado de reposição se mostrou mais lento em termos de negócios, sobretudo no Tocantins e no Pará. Os preços nessas regiões têm variado de forma mista – o fluxo mais consistente abrange apenas lotes mais pesados com foco no confinamento. Porém, os compradores continuam barganhando prazos mais longos para pagamento.

No Tocantins, há relato de muita oferta de novilha. No Centro-Oeste, a semana também foi de variações majoritariamente baixistas para o mercado de reposição. No Mato Grosso do Sul, relata a IHS, apesar da melhora do clima, a procura de gado magro ainda avança de forma cadenciada.

Nas praças de Mato Grosso e Goías, a tímida procura por animais tem limitado a liquidez e gerado espaço para especulação baixista, sobretudo para categorias mais jovens. Por outro lado, a demanda por novilhas e garrotes mais pesados surpreendeu em algumas regiões e garantiu suporte aos preços da categoria.

No Sudeste, foram registradas quedas nos preços da reposição em Minas Gerais e nas praças de São Paulo, informa a IHS. Nas regiões paulistas, embora haja relatos de oferta enxuta e dificuldade de originação de garrotes e novilhas para engorda, não há pressão de demanda, relata a IHS. Na região Sul, foram registrados ajustes negativos no mercado de reposição do Paraná.

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