Rentabilidade do leite melhorou, mas para quem?

Rentabilidade da pecuária leiteira só melhorou para a alta tecnologia; Para o sistema com baixa tecnologia, 2019 foi o oitavo ano com rentabilidade negativa, segundo estudo da Scot Consultoria.

A Scot Consultoria calcula anualmente as rentabilidades médias das atividades agropecuárias e de outras opções de investimento de capital, referentes ao ano que passou. 

Para este cálculo são utilizados modelos econômicos que levam em consideração fatores estimados para cada negócio agropecuário (ínices técnicos, localização e estrutura produtiva), conforme o nível tecnológico. 

De modo geral, a rentabilidade da atividade leiteira deve melhorar este ano.

Neste sentido, ressaltamos que os resultados apresentados podem ter significativa variação, conforme alteração dos índices produtivos. 

Os números mostram que 2019 foi um ano melhor que 2018, no entanto, ainda difícil para a atividade leiteira. 

No caso da pecuária leiteira de alta tecnologia (25 mil litros/hectare/ano) houve uma pequena melhora frente ao ano anterior, passando de 0,15% em 2018 para 0,91% em 2019. 

Para os sistemas com produtividade média de 4,5 mil litros por hectare por ano (baixa tecnologia) a rentabilidade foi negativa em 7,9%. 

Veja na tabela 1 as rentabilidades agropecuárias nos dois últimos anos. 

Tabela 1. Rentabilidades agropecuárias em 2018 e 2019.

Mesmo com a melhora da cotação do leite pago ao produtor em 2019 frente a 2108, principalmente na primeira metade do ano, os custos de produção também aumentaram, sobretudo os relacionados a alimentação, como milho e farelo de soja.

Para comparação, em valores reais, corrigidos pelo IGP-DI, o preço do leite ao produtor teve alta de 0,3% em 2019 frente a 2018, enquanto os custos subiram 3,6% na mesma comparação.

Com isso, a margem do produtor de leite foi se estreitando ao longo do ano, principalmente no segundo semestre, em função dos custos maiores e da maior pressão de baixa sobre os preços do leite pago ao produtor.

Alta tecnologia versus baixa tecnologia

Para a pecuária leiteira de baixa tecnologia, 2019 foi o oitavo ano consecutivo de rentabilidade negativa, sendo o pior resultado dentre as atividades analisadas na tabela 1.

A diferença entre os resultados para as atividades de baixa e alta tecnologias reforça a necessidade de melhorias dos indicadores zootécnicos através do uso de tecnologia, planejamento e estratégias de compra de insumos.

Figura 1. Evolução das rentabilidades médias da atividade leiteria de alta e baixa tecnologia, em porcentagem.

Fonte: ANBIMA / BC / B3 / FGV / Scot Consultoria – www.scotconsultoria.com.br

Expectativas para 2020

Para este ano, as expectativas são positivas com relação a melhoria da demanda interna, com a retomada, ainda que ligeira, da economia nacional, que deverá favorecer principalmente a procura por produtos lácteos de maior valor agregado.

São esperadas valorizações no preço do leite ao produtor no primeiro semestre de 2020 (entressafra), em relação ao mesmo período do ano passado, em função do mercado mais ajustado em termos de oferta e demanda, que inclusive deu sustentação ao mercado no final de 2019 e início deste ano, meses normalmente de queda nas cotações do leite ao produtor e derivados lácteos.

No mercado externo, o cenário também é animador do lado das exportações. A abertura dos mercados chinês e egípcio e o acordo comercial com a União Europeia representam possibilidade de escoamento da produção de lácteos, mas dependerá da competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional e andamento das negociações.

A atenção fica por conta dos custos de produção, que deverão ser maiores em 2020, em relação a 2019, o que deverá pesar sobre as margens do produtor.

De modo geral, a rentabilidade da atividade leiteira deve melhorar este ano.

Fonte: Scot Consultoria

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