Pecuaristas do Mato Grosso do Sul consideram imprudente a possibilidade do Brasil remover a vacinação contra a febre aftosa; entenda os motivos
A Febre aftosa é uma doença infecciosa aguda que causa febre, seguida pelo aparecimento de vesículas (aftas) – principalmente na boca e nos pés de animais de casco fendido. O último caso registrado no Brasil foi em 2006, e sabe-se que o vírus circula entre animais silvestres, inclusive no javali / javaporco, praga invasora que sempre estamos noticiando aqui no site.
O Brasil perde ou ganha retirando a vacinação contra aftosa? – Nesta semana levantamos a discussão em nossas redes sociais e tivemos ótimos retornos, positivos e negativos, na pesquisa no Instagram 1 em cada 3 produtores não consideram uma boa idéia remover a vacina no país. Para deixar o questionamento ainda maior, convidamos dois médicos veterinários do Mato Grosso do Sul, estado que tem mais de 21 milhões de cabeça de gado e faz fronteira com o país vizinho Paraguai. Entenda os impactos negativos, segundo os médicos veterinários, que podem ocorrer caso o Brasil remova a vacinação.
Confira as considerações do Prof. e Médico Veterinário, Arley Coelho da Silveira, do Nelore Cabeceira sobre o assunto:
“A respeito da retirada da vacina contra febre aftosa gostaria de manifestar minha preocupação e angústia ao saber da tomada dessa medida pelo MAPA. Não só eu, mas uma expressiva quantidade de médicos veterinários e pecuaristas de todo o Mato Grosso do Sul e outros estados estamos apreensivos com esta medida temerária que coloca em risco o nosso banco genético, o rebanho comercial e a própria economia.
Há consequências incalculáveis para o agronegócio assim como para o próprio governo, que desta forma está expondo o país a um problema da mesma envergadura que a COVID-19. Na minha opinião deveriam revogar esta medida, pois não temos condições de fazer frente à entrada de um foco pelas nossas fronteiras.
Pode ainda existir um propósito comercial com interesses espúrios internacionais sobre o mercado da carne, onde somos o MAIOR EXPORTADOR determinando reações de importadores e concorrentes. De imediato precisamos de audiências públicas para discutir este assunto envolvendo os Sindicatos Rurais, CRMV, ABCZ, MAPA, e demais instituições de DEFESA SANITÁRIA. Fica aqui meu protesto contra esta medida”.
Nós também fomos buscar a opinião de outro pecuarista, o médico veterinário Renê Miranda Alves, formado pela UFMS em 1987.
“Valendo-se da preservação que o país faz de sua flora e fauna o país tem uma infinidade de animais silvestres, os animais biungulados, ou seja, que tem os cascos partidos, animais esses que são suscetíveis ao vírus da febre aftosa e estão constantemente circulando no meio dos nossos rebanhos correndo risco de contaminar uma parte desse rebanho, esse é um dos pontos que nos preocupa muito.
Segundo ponto, territorialmente somos gigantes, do tamanho de um continente e temos dividas com vários países do quais alguns têm uma extensa divisa seca com o Brasil, com cronograma sanitário diferente do nosso, o quê no determinado momento pode nos expor ao risco de uma movimentação indevida na faixa de fronteira e isso contaminar o nosso rebanho, como já aconteceu em outras épocas.
Naqueles surtos de aftosa no ano de 2005, nós profissionais de campo, tínhamos uma comissão de médicos veterinários e zootecnistas, alertamos as autoridades do risco que existia de um novo foco de aftosa diante de evidências de movimentações estranhas na faixa de fronteira. Naquele ano, o foco de febre aftosa em outubro de 2005 detonou toda a evolução da pecuária brasileira, comprometendo temporariamente todo nosso sistema de produção, levando vários produtores ao fracasso e alguns à falência resultado na saída da atividade rural.
A suspensão da vacina de aftosa expõe o nosso rebanho a riscos que a gente não precisa correr, a concorrência mundial pelo mercado de carne é extremamente voraz. Existem várias guerras sendo travadas no mundo atual – comercial, armamentista, química e biológica. Não podemos deixar
Um rebanho sem imunidade – não vacinado – estando exposto ao risco, pode ser usado de forma estratégica, em um determinado momento pode ser inoculado e injetado aqui no nosso rebanho o vírus da febre aftosa. Não podemos ser ingênuos de achar que isso não possa acontecer, os trinta e três anos de veterinária me credenciam a gerar uma suspeita em relação a essa possibilidade.
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Sou totalmente contra a retirada da vacinação, é necessário traçar um cronograma com uma única vacinação anual. Para os estados do Centro-Oeste no mês de maio porque é um mês de pouca chuva e a maioria dos bezerros nascidos já estão quase próximos da desmama e teria uma facilidade muito grande de manejar todo rebanho sem comprometer o desempenho dos animais.
Hoje a carne brasileira está entre os produtos de maior expressão no Brasil, exportamos milhares de toneladas todo mês. Se pararmos de vacinar, é impossível garantir que não teremos novos casos, e caso ocorra, perderemos todo o trabalho feito de abertura de mercados nos últimos anos e conquistas do pecuarista brasileiro. Na minha opinião o assunto não foi amplamente debatido, inclusive falou consultar quem está na linha de frente da pecuária, os profissionais de campo que estão no dia a dia nos currais trabalhando com o gado.
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É muito importante que exijamos também uma vacina de qualidade, que proteja os animais dando-os uma longa imunidade e que não cause os abcessos que são normalmente causados pela vacina. Reforço que as perdas que podemos ter, caso tenhamos um novo caso de febre aftosa no Brasil, são imensas”.
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Selecionamos alguns comentários das redes sociais também:
“Perde, ficando vulnerável nessa guerra comercial sendo um dos maiores exportadores de carne do mundo. O que o pecuarista ganha sem vacinar perto da segurança que a vacina nos proporciona” – @helamaleal.
Não é uma boa ideia. Ideia boa é fazer 1 vez ao ano, mas tem que ser feita para não haver reincidência e risco para os produtores…????✨” – @rafaelcrlemos.
“É uma boa alternativa como está em muitos estados. Animais até 24 meses vacina duas vezes ao ano. Acima de 24 meses vacina uma vez ao ano” – @fernandotannus
E você, o que acha?