Após a aquisição da Insolo por R$ 1,8 bilhão, o empresário Ricardo Faria, Rei do Ovo e proprietário da Granja Faria, tornou-se o quinto maior produtor de grãos do Brasil em termos de área cultivada
O empresário Ricardo Faria, consolidou seu posto de Rei do Ovo ao ter seu nome associado a um dos maiores negócios avícolas do País. Proprietário da Granja Faria, ele é líder no setor com 10% do mercado e, agora, passa a integrar a lista dos maiores produtores de grão. Após a aquisição da Insolo por R$ 1,8 bilhão, tornou-se o quinto maior produtor de grãos do Brasil em termos de área cultivada.
Uma empresa do futuro! Essa é a frase que define o que é uma das maiores produtoras de ovos do Brasil. Para se ter apenas uma ideia do tamanho da Granja Faria, com título de Rei do Ovo, são cerca de 11 unidades de produção de ovos comerciais – além de outras 11 de ovos férteis –, e após a incorporação da BL Ovos e da Katayama, passou a produzir cerca de 16 milhões de unidades por dia, se tornando a maior produtora de ovos do mundo.
Segundo o fundador, em um segmento onde o crescimento orgânico é mais desafiador e os investimentos demandam um período extenso para amadurecer, a abordagem de fusões e aquisições (M&As) provavelmente persistirá, embora em uma velocidade mais moderada. “Não há outra Katayama”, enfatiza o Rei do Ovo, ressaltando sua crença na possibilidade de uma empresa conquistar pelo menos 25% do mercado em um prazo médio.
Os dados apresentados apontam uma projeção de faturamento bruto dobrando em relação ao ano anterior, chegando a R$ 3 bilhões em 2023, e uma margem EBITDA na casa dos 20%. Mas, apesar de ter se tornado o Rei do Ovos, com uma das maiores empresas globais no seguimento, o empresário mostra que não se pode colocar todos os ovos em uma única cesta.
O catarinense Ricardo Faria, que no início de 2019 criou a companhia de grãos Terrus com a compra de cerca de 40 mil hectares de terras na região em Tocantins e no Piauí, já no ano seguinte realizou a compra da Insolo, que pertencia ao tradicional endowment de Harvard, por R$ 1,8 bilhão.
Dessa forma, adicionando 70 mil hectares à área de cultivo da empresa, ele se estabeleceu como o principal produtor na região do Matopiba, um território reconhecido pelos novos magnatas da soja. Esta área agrícola, situada no Cerrado, abrange partes de Mato Grosso e Bahia, e fez dele o maior proprietário de terras individuais do Brasil.
Segundo a empresa, além da área plantada, a base técnica para produção levada para a região é muito diferenciada. Conhecida pelo seu potencial, é uma região que demanda muito investimento na preparação da área e a tendência é aumentar a presença dos grandes grupos. “Vamos continuar crescendo em área enquanto nossa capacidade de execução e produtividade”, afirma.
O rápido crescimento da companhia, que já a posiciona entre as maiores em área cultivada no país, é notável: os 230 mil hectares anunciados por Faria são um marco impressionante, alcançado em pouco tempo. Desde que começou a investir no setor agrícola em 2019, através da Terrus, parte do Grupo Granja Faria, a expansão foi significativa.
Comparando apenas com a safra 2022/2023, onde foram cultivados 140 mil hectares, o aumento foi de mais de 60%. “Partimos de 40 mil hectares em 2020 para os atuais 230 mil”, comentou Faria em um evento com jornalistas.
Ele ressaltou a importância das aquisições para esse crescimento, especialmente a compra da Insolo, que foi um ponto de virada. A Insolo, anteriormente controlada pela IPA Investimentos e Participações Agrícolas, foi adquirida em novembro de 2020 por R$ 1,8 bilhão.
“230 mil maracanãs ou quase quatro vezes a área do município de São Paulo”, afirmou o Rei do Ovo em apresentação dos dados da empresa em dezembro.
Os 230 mil hectares cultivados nesta temporada consistem em 150 mil hectares de soja, 50 mil hectares de milho e 30 mil hectares de sorgo, abrangendo tanto a safra de verão quanto a segunda safra. Semelhante a várias outras empresas do setor agrícola, o atraso no plantio da soja, cuja área cresceu mais de 60%, influenciou significativamente a decisão de diminuir a área destinada ao milho.
Nas duas terras, o plantio que tradicionalmente começa em 20 de outubro, começou em 1º de novembro. “O Brasil deve perder 20 milhões de toneladas de milho frente ao ano passado”, previu. “O mercado interno terá que pagar preços maiores pra competir com exportações”.
Verticalização da produção do Rei do Ovo
O grupo está considerando investir não apenas na expansão de cultivos, mas também em verticalização para aumentar a eficiência logística de suas operações. “Estamos avaliando a possibilidade de ter nosso próprio terminal portuário, cais e equipamento de carregamento de navios, um projeto exclusivo nosso, sem parceiros”, declarou Faria.
Ele mencionou que o financiamento poderia ser obtido por meio de clientes interessados na iniciativa. A preferência seria pelo porto de Itaqui, no Maranhão, devido à sua proximidade com as áreas de produção da Insolo em Tocantins e no Piauí.
“Em dez anos, acredito que esse porto será o principal centro de exportação de grãos do Brasil”, projetou o Rei do Ovo. O grupo também está explorando investimentos em transição energética, incluindo a produção de etanol, biodiesel e biodiesel de segunda geração. “Por que depender de petróleo se temos uma ‘Arábia Saudita’ em termos de recursos agrícolas aqui?”, questionou Faria.
Segundo ele, a empresa está em busca de um sócio para essa área e já iniciou conversas preliminares. “Controlamos a região e a produção, mas não o mercado consumidor e a distribuição. Um sócio traria uma vantagem estratégica nesse aspecto. O objetivo não é apenas investimento financeiro, mas a construção efetiva de uma usina”.
Faria vê essa estratégia como uma visão de longo prazo para a Insolo. Ele relembrou que, há 15 anos, quando os Estados Unidos começaram a usar milho para produção de etanol, havia ceticismo sobre a competitividade em relação à cana. No entanto, hoje se sabe que o etanol de milho é mais competitivo, principalmente porque gera subprodutos utilizados na alimentação bovina, fechando o ciclo produtivo. “Se a frota aérea americana adotar 70% de SAFs (combustível sustentável de aviação), precisaremos de uma safra inteira do Brasil para atender à demanda”.
Granja Faria, a maior produtora de ovos do mundo
- Receita líquida (previsão para 2023): R$ 3 bilhões
- Ebitda (2022): R$ 470 milhões, alta de 167,4% em relação ao ano anterior
- Funcionários: 2.500
- Unidades produtivas: 11 de ovos férteis e 11 de ovos comerciais
- Plantel: 20 milhões de galinhas
- Produção de ovos: 16 milhões por dia
“As companhias planejam capturar sinergias significativas nas áreas de produção, logística e administrativa, unindo o modelo de gestão e eficiência” informa a dupla responsável pela “maior empresa de ovos do mundo”. “Além de otimizar o fluxo logístico tanto no abastecimento de insumos-chave, como soja , milho e embalagens, quanto na distribuição de ovos e derivados nos mercados regionais do Estado de São Paulo.”
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